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segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Douglas Bonafé, sobre a questão de o Papa Francisco ser herege ou não

1) Há uma coisa a se pensar realmente sobre toda essa questão do Santo Padre. E convido os amigos Gustavo Abadie, Fagner Luiz, José Octavio Dettmann, Verônica van Wijk, Mirian Lopes, Samuel Lima, William Bottazzini Rezende, D Lourenço Osb, Wagner Bonafé a refletirem comigo a respeito disso e me corrigirem caso se faça necessário. Agradeço ao Padre Cléber Eduardo Dos Santos Dias pelo esclarecimento.

2.1) Boulenger nos explica, na Apologética, a diferença entre certeza, noção, espécie e critério.

2.2) Na questão do Santo Padre, temos "certeza metafísica" de que Deus o assiste. Assim como o todo é maior do que a parte, podemos ter certeza a respeito da infalibilidade papal e da assistência tanto ordinária quanto extraordinária do Espírito Santo ao Papa.

3) A respeito da heresia na Amoris Laetitia temos "certeza moral", aquela que se funda no testemunho dos homens, quando esta se apresenta com todas as garantias de verdade - e nada é mais certo moralmente do que a Tradição Moral da Igreja. É nisso que se baseiam os Exmos. e Rvmos Cardeais, ao lançarem o Dúbia.

4) A respeito de Sua Santidade ser um herege, não temos certeza moral. Logo, Olavo de Carvalho errou neste ponto - e com ele, todos os que, alguma vez, já disseram que "Francisco é um herege", dentre eles eu mesmo.

5.1) Francisco escreveu uma heresia e já disse frases heréticas, mas não é - ao menos não podemos dizer que seja - um herege. Isso porque não temos certeza moral a respeito, dado que falta o juízo de consciência no juízo moral. A condenação por heresia EXIGE o juízo moral de consciência e, neste caso, podemos ter o que A. Boulenger chama de "evidência".

5.2) Até o momento, quando a carta de Dúbia não foi ainda oficialmente apresentada, possuímos apenas "evidência intrínseca", aquela que direta ou indiretamente é aprendida do objeto. Porém, como Boulenger (e também Olavo de Carvalho) ensina: evidência não é certeza, não é conhecimento. Tão logo seja apresentada a carta da Dúbia, teremos também "evidência extrínseca", pois além da própria Amoris Letitia, teremos a autoridade oficial dos Cardeais dizendo ao Romano Pontífice algo como: "Papa, temos tuas palavras e o Magistério da Igreja. Explica-nos: a quem devemos seguir?", o que colocará o Santo Padre no muro. Se, ao ser pressionado, o Romano Pontífice responder algo como: "Creio que, em alguns casos, podemos dar comunhão aos adúlteros" e não PROVAR (no sentido strictus do termo) que isso não contradiz a Tradição Moral da Igreja, aí, sim, - e somente aí - que poderemos definí-lo e tratá-lo como herege - e os próprios cardeais cuidarão disso. Até lá, ele pode inclusive estar louco - embora a heresia seja uma loucura, nem todo louco é herege, mesmo os loucos que dizem heresias.

6.1) Todavia, acusar desde agora que Francisco é herege, mau, usurpador, que faz propositadamente esses erros, ou qualquer coisa do tipo - uma vez que isso necessita de juízo moral de modo a se fazer ser reto juízo - é uma falsa solução para o problema da certeza, ao qual Olavo de Carvalho sempre parece usar: o intuicionismo. Essa postura tende à gnose.

6.2) O intuicionismo leva-nos a crer - tal qual Kant -, quer pela inteligência ou pela intuição - tal qual Bergson -, que podemos chegar à certeza. Isso é um erro. Olavo parece condenar a certeza apenas pela inteligência (e o faz corretamente), mas dizer que pela intuição podemos certas vezes chegar à verdade, à justaposição da teoria com a realidade objetiva (e aí vejo erro).

6.3) Para Olavo - até onde li de sua obra - podemos chegar à realidade pela intuição, tal qual Bergson. E é nesta parte que Bergson julga ultrapassar Kant, pois caso a razão não consiga chegar a um conhecimento objetivo das coisas, ao menos existe, contudo, um meio de se atingir a realidade, a verdade das coisas - e este meio é a intuição, que conhece a realidade viva e móvel por meio da visão direta e imediata do objeto. Portanto, só o conhecimento intuitivo é verdadeiramente objetivo.

6.4) Foi neste ponto que eu errei. Pois isso é mentira - sutil mentira, mas mentira. Por mais que tudo nos leve a crer que Francisco seja de fato herege, por mais que o objeto da Amoris Laetitia nos salte aos olhos como um exemplo - assim como outras homilias e declarações descabidas -, não há certeza moral, pois diversos fatores deixam nebulosíssima tanto a intenção quanto os motivos do Santo Padre - e neste ponto, quem age assim age contra a caridade, contra a bondade de Deus, pois quem assim age está disposto a fazer juízo temerário, dado que o faz sobre coisas que desconhece, e de maneira grave, a respeito do Santo Padre, do Vigário de Cristo - e este tipo de coisa é pecado contra o Espírito Santo, pecado esse que Deus não perdoa.

7.1) Em se tratando do Papa Francisco, por mais que seja difícil não fazer isso, este tipo de postura de criticar o papa, tal qual o Olavo faz, não ajuda em nada. Precisamos agir com prudência e agir com caridade. Isto exige de nós algo muito árduo, neste momento: esperar e confiar em Deus, de maneira calada.

7.2) Devemos, sim, rejeitar as doutrinas estranhas, assim como uma pretensa visão moderna e inovadora do Evangelho - coisas que já foram condenadas pelo Sagrado Magistério, dado que a Verdade é sempre perene e imutável. Todavia, a não ser que alguém tenha visto Francisco manifestando-se decididamente contra a Moral da Igreja - tendo sido ele confrontado com a verdade e optado pela mentira -, ninguém pode afirmar que ele é herege.

7.3) Podemos, sim, dizer que escreveu heresia, pois foi o que de fato fez. Mas o fato de ter dito ou escrito heresias não o torna (ao menos, por enquanto) um herege de fato.

8) Por isso, peço perdão a todos, pois eu os levei ao erro - e por mais que possamos, sim, lançar dúvida sobre a Amoris Laetitia, por caridade temos a obrigação de dar ao Romano Pontífice - assim como a qualquer outro - o benefício da dúvida. Assim fazem os senhores cardeais, ao lançarem mão do Dúbia. 

9) Oremus pro Pontifice nostro Francesco. Que Deus o leve à humildade e o faça guiar seu povo rumo à verdade. Superemos, pois, o intuicionismo com o dogmatismo, assim como o evidencionismo com a certeza religiosa.

Douglas Bonafé (https://www.facebook.com/dsbonafe/posts/1224654827569532)

Cremos e por isso podemos dizer: "As forças do inferno não prevalecerão!"

+Pax.

Manual de Apologética, Boulenger, A. de. 1950. Disponível para download em: http://alexandriacatolica.blogspot.com.br/2010/11/manual-de-apologetica.html

O país da terra vermelha tornou-se um país inflamado de ódio pelo socialismo, após 13 anos de canalhice vermelha

czerwony - vermelho, em polonês (também é empregado no sentido de que algo está inflamado)

ziemia - terra, em polonês

1) Aqui no Brasil, em alguns lugares a terra é vermelha (czerwona ziemia, como diria o meu padrinho). Ao longo da minha vida, eu já vi isso em alguns lugares - e se há um lugar em que isso me foi mais marcante foi quando eu fui a Foz do Iguaçu, no Paraná, quando tinha 13 anos. A terra lá era vermelha até onde minha vista pudesse alcançar.

2) Em 13 anos de domínio petista, a terra vermelha tomou outra conotação: tornou-se uma terra inflamada de tanto ódio, após anos e anos de canalhice sistemática por parte dos vermelhos do PT, que começaram a destruir tudo o que é de mais sagrado.

3) O governo vermelho do PT foi a gota d'água após 127 anos de domínio revolucionário no Brasil. A República é uma longa estrada para o abismo em que os petistas querem nos jogar lá embaixo. O PT foi, sem sombra de dúvida, o ponto culminante da República enquanto governo fundado na mentalidade revolucionária, fora da conformidade com o Todo que vem de Deus.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 26 de dezembro de 2016.

Quando você toma o seu país como um lar em Cristo, seus conterrâneos são seus irmãos gêmeos, pois nasceram na mesma terra que você, apesar de serem diferentes de você

gêmea - alguém do sexo feminino que nasceu junto com você, no mesmo dia e no mesmo ventre em que você foi gerado.

ziemia - terra, em polonês (tem a mesma pronúncia que gêmea, em português)

1) É muito raro você vir ao mundo com um irmão gêmeo ou uma irmã gêmea.No entanto, é muito comum tomar os que habitam na mesma terra como se fossem seus irmãos.

2) Quando você toma o país como um lar em Cristo, de certa forma eles se tornam seus irmãos gêmeos, pois vocês são iguais uns aos outros - já que são criaturas amadas por Deus - e ao mesmo tempo diferentes uns dos outros, tanto em matéria de personalidade quanto em matéria de dons e circunstâncias de vidas. E essas desigualdades existem de modo que haja uma interdependência, de modo que uns trabalhem em função dos outros, base de toda solidariedade, sem a qual a vida gregária seria impossível.

3) Não é à toa que o igualitarismo, no sentido absoluto do termo, é essencialmente anti-social. E o que é o socialismo senão uma cultura sistematicamente anti-social, a ponto de relativizar tudo o que é mais sagrado, fundado na conformidade com o Todo que vem de Deus?

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 26 de dezembro de 2016.

domingo, 25 de dezembro de 2016

Notas sobre um comentário de Ésquilo a respeito das estátuas de bronze


1) Ésquilo disse que uma estátua de bronze é o espelho da forma de quem viveu e o vinho da mente de quem almeja seguir seu exemplo.

2) Espelho da forma: a santidade, a vida fundada na conformidade com o Todo que vem de Deus.

3) Vinho da mente: a alegria de saber que Cristo ressuscitou e que venceu a morte. Por isso que comungamos de seu corpo e de seu sangue na forma de pão e vinho.

4) Quem é iconoclasta ignora toda a sabedoria clássica.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 25 de dezembro de 2016.

Dilema que teria, se fosse padre

1) Se fosse padre, eu estaria neste dilema: quando se consagra o corpo e sangue de Cristo na forma do pão e do vinho, eu certamente teria que tomar do vinho, o sangue de Cristo, que tem álcool. E eu, que tomo remédio para depressão, não posso beber álcool, por conta do problema da interação medicamentosa.

2) O que fazer nestas circunstâncias?

Notas sobre o neocolonialismo

1) Quando uma civilização se lança aos mares em busca de si mesma, ela acaba fundando colônias de modo a promover a glória de si mesma, na pretensa esperança de salvar outros povos do atraso, ao impor seu modelo civilizado a outros povos. Não é à toa que países que agem assim no ultramar tendem a ser péssimos colonizadores. Um exemplo disso é a França. A Holanda, que pretendia fundar um império comercial, é outro mau exemplo, assim como a Inglaterra vitoriana, que adotou um modelo inspirado no holandês, de modo a criar mercados para as suas indústrias, criando um novo tipo de mercantilismo.

2) O neocolonialismo, feito no século XIX e XX, é uma marca dessa vaidade. As colônias se tornam exportadoras de matérias-primas e acabam sendo mercados exclusivos de modo a consumir os produtos industrializados da metrópole. Trata-se de um dos fundamentos da economia protecionista.

3) O fundamento desse protecionismo está em Maquiavel - o príncipe deve criar meios de modo a que seus súditos dependam de sua autoridade. Essa dependência acaba pervertendo a legitimidade: em vez de as pessoas apoiarem o príncipe por conta de suas virtudes inerentes, por ser um excelente vassalo de Cristo, tendem a apoiar o príncipe porque ele é um manipulador populista, um pai dos pobres atrasados - o que prepara o caminho para o que vemos nesta República populista, coisa que é fora da conformidade com o Todo que vem de Deus. E por conta dessas políticas clientelistas, o Estado é tomado como se fosse religião, a ponto de ficar fora da conformidade com o Todo que vem de Deus.

4) Maquiavel, em seu livro, também recomendava que o príncipe tivesse colônias no além-mar. Portanto, Maquiavel é o pai do neocolonialismo, coisa que só passou a ter um fundamento mais nefasto com a entrada da ética protestante, que levou a uma ordem econômica fundada no amor ao dinheiro, enquanto salvação espiritual: o capitalismo.

5) Comparado com Portugal e Espanha, ir ao mar em busca de si mesmo e promover a liberdade dos mares de modo a semear má consciência em todos os povos do mundo inteiro é edificar liberdade para o nada.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 25 de dezembro de 2016.

A verdadeira conquista de um povo se dá de maneira espiritual

1) Quando se conquista um povo para Cristo, você deve conquistá-lo espiritualmente de modo a que ele se sinta parte de seu povo, tal como um filho adotivo - e um filho adotivo é um filho legitimado, pois alguém de outro sangue passa a ser de seu próprio sangue por força do amor de Deus, o que leva à distribuição do jus sanguinis a outros lugares de modo a que o país seja tomado como se fosse um lar em Cristo.

2) Duas são as razões para a guerra justa, fundada no fato de se tomar o país como um lar em Cristo e de modo a servir a Ele em terras distantes:

2.1) Em momentos de gravidade, a guerra é feita de modo a afastar flagelos humanos - como os astecas, que faziam sacrifícios humanos em honra a falsos deuses - de modo a libertar outros povos da tirania desses bárbaros, o que levará a Espanha, a nação libertadora, a ser tomada como se fosse um lar em Cristo.

2.2) Ou para prevenir que os valores da mentalidade revolucionária, como os da famigerada Revolução Francesa, sejam semeados na Terra de Santa Cruz. D. João VI tomou a Guyana Francesa e cuidou dela até que a monarquia fosse restaurada na França. Em troca de apoio na questão de Olivença ou da confirmação da ocupação da Cisplatina, os portugueses devolveram a Guyana aos franceses. E o povo de Caiena foi tão bem tratado pelos portugueses e choraram com a partida deles - e isso foi tomar o Crucificado de Ourique como se fosse parte de seu lar, o que significa escrever uma página de civilização nesta terra, tomando-a como se fosse um lar em Cristo.

3) A conquista não se restringe apenas ao campo militar. Quem ensina um outro povo a reflorestar sua terra e a recuperar o solo da degradação tem tanto valor quanto aquele que promove a conquista. Os portugueses, quando vieram aqui, ensinaram os índios a reflorestar. Com isso, o pau-brasil foi preservado, tornando o comércio mais permanente, o que viabilizou que o pais fosse tomado como se fosse um lar em Cristo de maneira mais permanente. É o começo da colonização nesta terra, no sentido de semear a consciência de que esta terra deve ser tomada como fosse um lar em Cristo, com base na pátria do Céu.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 25 de dezembro de 2016.