Um leitor me escreve o seguinte:
A questão das cotas, no Brasil, se deve ao fato de que os negros são os mais prejudicados, por viverem em situação de miséria – por isso, elas se justificam porque a grande maioria não tem acesso a estudo de qualidade. Isso não tem nada tem a ver com racismo.
Eu respondo ao argumento da seguinte forma:
Se a questão fosse tão somente ensino público de qualidade, o problema já teria sido resolvido faz tempo, bastando tão somente vontade política. Mas o começo da solução teria que começar a partir das futuras gerações – e não na geração que foi prejudicada. Pois se você deseja corrigir as injustiças na sociedade, você precisa pensar a longo prazo e não de forma a obter resultados imediatos, para colher nas próximas eleições. E esse é o segredo do estadismo, já que a política nesse ponto é promover a virtude cívica – e isso não se confunde com fisiologismo político, tal qual os nossos políticos, em sua maior parte, fazem.
A situação de miserabilidade não é privilégio exclusivo dos negros: há brancos pobres, há indígenas pobres e mulatos pobres. Por que tão somente os negros teriam esse “privilégio”? Só por que eles são maioria? Dá pra perceber que a questão é puramente populista e demagógica, pois elas se pautam no argumento de que o número governa o mundo, criando uma espécie de ditadura da maioria, quando se usa as tais minorias como bucha de canhão nessa história.
Além disso, a situação ruim do ensino público é mantida assim artificialmente em razão do clientelismo político, tal como me referi acima, já que o regime democrático, infelizmente, se pauta nos números – e esse números, que vão compor a quantidade dos votos, é que vão reger a vida política do País, já que essa é forma que rege a democracia no país. Isso é uma forma imoral de se fazer política; se Vox Populi é Vox Dei, basta plantar um boato, que esse fato se espalhará e esse “Deus” falhará.
A verdadeira política que serve ao povo não está nos números, mas nos motivos determinantes que fazem com que você vote no candidato X e não no Y. X construiu estradas – essas estradas facilitaram o escoamento da produção da cidade, logo essas estradas trouxeram riqueza para o país, e a renda per capita da população aumentou, possibilitando que a economia da cidade se diversificasse, facilitando a integração entre as pessoas e criando mais oportunidades para toda a população e para toda a região onde a cidade se localiza. Y baniu a repetência das escolas – o aluno que não aprende a lição vai acumulando déficit de aprendizagem durante a vida escolar; e quando ele chega à universidade, ele não sabe ler nem escrever. Logo, o diploma não vai traduzir as reais qualidades dessa pessoa, já que a universidade acabou virando fábrica de diploma, já que todo mundo tem direito ao ensino universitário, garantido pelo governo, mas nem todo tem condições de estar na vida universitária.
Se acrescentarmos o fato da cota, você está colocando uma pessoa na universidade só por causa da cor da pele e não por causa das qualidades que ele tem como aluno. E quando ele tiver um diploma na universidade, vai com certeza constar que ele entrou pela vida universitária através da cota e não pelo mérito. Isso estimularia uma subavaliação das reais qualidades profissionais desse recém-formado no mercado do trabalho, tomando-se por base a cor da pele e não o que ele faz, e isso cria uma espécie de distorção que favorece os conflitos na sociedade e não a integração entre as pessoas – e isso, sim, é uma forma dissimulada de racismo e de exclusão da pessoa do mercado de trabalho que o governo promove, já que a lógica do petismo é forjar a luta de classes, de modo a desestabilizar a democracia e implantar uma ditadura totalitária no país.
Para você chegar a isso que eu falei, é preciso pensar com lógica, no que vai acontecer a longo prazo, em 15 ou 20 anos. Isso que eu falo é um raciocínio fundado na prognose, nas consequências daquilo que está sendo plantado no país. Se você planta o caos, você vai colher tempestade – nada mais do que isso. Se você serve ordem e justiça no país, a ordem te servirá – e isso que Santo Agostinho dizia, pois a promoção da política, de forma justa e organizada, é a promoção da caridade, uma das formas de capitalização moral que promovem o verdadeiro progresso no país, fundada no sentido de se tomar o país como se fosse o seu lar (a chamada nacionidade).
Eis a resposta!
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