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domingo, 8 de abril de 2012

Comentários a uma Charge da Mafalda



1) Se isso acontecer, a cultura será confundida com doutrinação e será mera futilidade, tal como vemos nos espetáculos subsidiados pela Lei Rouanet.

2) A cultura só é útil se ela proporcionar mais sabedoria e mais conhecimento, de modo a que bem o utilizemos, para que a sociedade progrida tanto moralmente, quanto materialmente – pois cultivar os homens é uma maneira de empreender na vida, já que se trata de um processo de capitalização moral. Se a cultura se associar àquilo que se funda no amor ao dinheiro, ela acaba se tornando uma coisa supérflua e a arte acaba se desumanizando - e acaba ficando uma coisa sem sentido, já que o fundamento da cultura é converter, até onde sei, algo bom e necessário em algo livre, verdadeiro conforme o Todo que vem de Deus – e isso é a base da virtude.

3) Assim como há a perda da utilidade e do sentido do trabalho – se a pessoa não se sentir bem, enquanto exerce uma atividade laborativa –, há também a perda da utilidade e do sentido da cultura – e uma das causas disso ocorre quando os intelectuais assumem uma mentalidade contrária a esse processo que estimula o progresso moral e material das pessoas, tal como foi apontado por Robert Nozick neste link: https://blogdejoseoctaviodettmann.blogspot.com.br/2011/07/textos-relacionados-minha-autoria.html

3) Os bancos devem ser vistos da mesma forma que os estoques de sementes, para a agricultura – o capital, que é fruto decorrente do trabalho acumulado, é a semente, a causa de empreendimentos futuros. Uma sociedade progride se ela tiver capital disponível para poder aplicar em empreendimentos que, a longo prazo, podem fazer a sociedade prosperar; no entanto, empreendimento é um ato de risco, e por isso requer sabedoria e planejamento para o futuro, que é uma coisa incerta. Sendo um banco uma espécie de celeiro, você acaba antecipando o tempo necessário para você juntar todo o capital necessário para você poder aplicar no seu projeto (o que te poupa anos de trabalho). E por conta desse trabalho, deixando você livre para poder fazer outras coisas que tornem o empreendimento melhor, ele te serviu como um atalho de modo a você ter um negócio próprio - justamente por ter caráter produtivo é lícito, por força de lei natural, você remunerar esse serviço, levando-se em conta o tempo e o trabalho que o banco teve para juntar esse capital junto à população, o custo desse serviço para você, além do custo de oportunidade, já que esse capital que te foi emprestado poderia ser emprestado para outra pessoa, uma vez que ficará um tempo à sua disposição, isso sem contar o compromisso moral que você terá ao financiar o aprimoramento e expansão da atividade bancária, de modo a que ela preste serviços de melhor qualidade para você ou para o seu semelhante - enfim, todos esses fatores compõem a taxa dos juros, que é o preço do serviço levando-se em conta o tempo e as oportunidades que mencionei).

4) Quanto mais baixa for a taxa de juros, mais viável é pra você começar a empreender, pois a sociedade inteira está poupando - e indiretamente financiando a sua atividade, através do intermédio do banco. E graças ao fundamento da integração entre as pessoas, que é um dos efeitos do direito de propriedade, o banco intermedeia o financiamento, tornando um corpo intermediário entre você e a sociedade. Por isso os bancos, por serem celeiros, eles pré-existem a toda e qualquer atividade futura – sem bons bancos, não haveria a multiplicação de bibliotecas e de escolas nas cidades, já que a atividade cultural precisa ser financiada e organizada, de modo a que a sociedade possa se usufruir desse serviço, já que isso fortalece a virtude das pessoas – e isso é causa de nacionidade, pois leva as pessoas a tomarem o seu país como se fosse um lar, se isso for constantemente praticado.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 8 de abril de 2012 (data da postagem original).

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Sobre a importância dos bancos caseiros:
https://blogdejoseoctaviodettmann.blogspot.com.br/2014/02/sobre-importancia-dos-bancos-caseiros.html

A concentração bancária nasce da perversão da confiança:
https://blogdejoseoctaviodettmann.blogspot.com.br/2014/10/a-concentracao-bancaria-nasce-da.html

Relato de uma crise:
https://blogdejoseoctaviodettmann.blogspot.com.br/2014/10/relato-de-uma-crise.html

A Igreja é o fundamento da atividade bancária, por conta de sua natureza salvífica:
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Como se deu o processo de descristianização das instituições bancárias?
https://blogdejoseoctaviodettmann.blogspot.com.br/2015/10/como-se-deu-o-processo-de.html

Notas sobre a economia bancária, no âmbito da economia personalista:
https://blogdejoseoctaviodettmann.blogspot.com.br/2015/10/notas-sobre-o-servico-bancario-no.html

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