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sábado, 16 de novembro de 2024

Da circunstância de se viver num hotel, comparada com a de um inquilino na economia imobiliária - uma reflexão do ponto de vista da economia das conexões

1) A vantagem do hotel, em relação à locação de imóveis, é que esta instalação permite explorar determinadas áreas específicas da cidade, de modo a se tirar melhor proveito delas em termos de serviços locais, bem como estabelecer uma boa networking.

2.1) Quando você não tem contatos na cidade ou no país, ter um amigo que te ajude ou que te abra as portas para um emprego dentro daquilo que você sabe de melhor é a razão pela qual o hotel constitui a primeira via da nacionidade - num país grande e diverso como o Brasil, onde cada estado poderia ser uma nação por mérito próprio, você simplesmente não consegue tomar o Brasil como um lar em Cristo agindo como um turista normal, que só fica aqui alguns dias, vê os monumentos, as belezas naturais e vai embora para talvez nunca mais voltar, embora deixe os dólares aqui.

2.2) Ocorre que esta economia de turismo fundado no que é fugaz e passageiro tem natureza predatória e não é nem um pouco benéfica, visto que é crematística, como bem apontou Aristóteles em sua Ética a Nicômaco - nós precisamos de um turismo que pesque homens, capaz de fazer do eu do viajante estrangeiro em um eu capaz de construir pontes, a ponto de este se tonar um diplomata perfeito, capaz de fazer coisas no âmbito privado aquilo que o pessoal do Itamaraty não é capaz de fazer. Se temos o Cristo Redentor como maior dos nossos ativos, então cabe ao Rio de Janeiro, enquanto coração do Brasil, fazer esse processo de conversão.

2.3.1) E uma vez construída essas conexões, essas networkings, a ponto de se criar uma cultura de concórdia entre as classes nos termos da Rerum Novarum, aí podemos falar em um mercado de locação de imóveis, pois se eu alugar meu imóvel para um inquilino que não seja oriundo de boa família, que tenha histórico de condenações criminais, que não tenha histórico de bom pagador, ou que já tenha sido condenado por crimes de dano ou de apropriação indébita, aí eu corro o risco certo de levar um prejuízo, visto que estou alugando o imóvel para um desconhecido, para um ser sem origem, a tal ponto que ser nacional é análogo a ser estrangeiro dentro de seu próprio país, a tal ponto que ele se torna apátrida. E neste sentido, esse desconhecido se torna um verdadeiro cínico mais na atitude do que filosófico, já que ele é essencialmente um fisiológico na essência, como são os políticos do Centrão no Brasil. É por conta desse tipo de pessoa que serviços como Air BnB são inconvenientes, principalmente em lugares onde o dinheiro é mais importante do que as conexões entre as pessoas.

2.3.2) Só quando tenho conexões bem estabelecidas é que posso alugar imóveis ou alugar quartos da minha residência que estão sobrando para pessoas conhecidas de modo que estas possam aproveitar um determinado evento na cidade que seja útil para elas, o que torna a locação produtiva - e por ser produtiva, há lealdade e respeito, a ponto de não haver dano. É dentro desse contexto que considero o Air BNB válido - a impessoalidade pede um ambiente mais formal e o hotel é onde isto é mais observado mais naturalmente. É dentro de um ambiente de conexões bem construídas que é possível construir uma cultura econômica que gerem histórias que favoreçam uma literatura de anticrese, da forma como descrevi em artigos anteriores.

3.1) De tanto explorar as potencialidades do setor onde o imóvel está instalado que aí eu posso considerar uma instalação mais permanente, a ponto de considerar o diálogo entre a nova terra que me abriga e a minha terra de origem de modo a criar a ponte entre dois lugares, o que me permitirá levar coisas de um lugar para o outro sem restrições, já que eu sou cidadão brasileiro.

3.2) E antes de eu criar pontes na Europa, é interessante que eu crie pontes entre dois lugares no Brasil primeiro - como meu irmão mora em São Paulo, o processo de construção de pontes já pode começar naturalmente aí, a ponto de tomar duas províncias como um mesmo lar em Cristo, a ponto de fazer o Brasil melhor a cada dia, já que o todo é maior do que a soma das 27 partes - as províncias do Império, hoje estados da República.

3.3.1) Até eu voar como uma águia, meus primeiros vôos são de galinha - é um processo natural e isso leva gerações, o que naturalmente conecta o senso de tomar estas 27 províncias, estas 27 escolas de nacionidade, à complexidade econômica, nos termos descritos por Paulo Gala. 

3.3.2) E uma vez conectadas estas 27 províncias numa grande unidade, você pode pleitear conectar outras terras de além-mar. Mas é preciso que esse senso seja disseminado como uma cultura de família, antes de se tornar a base para uma nova cultura brasileira - e até onde sei, até determinado ponto, até determinada geração, esse conhecimento é perdido ou mesmo relativizado, já que os filhos destas famílias casam com mulheres e homens que não compreendem a importância disso nos méritos de Cristo, uma vez que a norma no Brasil é de desprezar o conhecimento.

3.3.3) Para que isso não seja perdido, essa evangelização precisa ser feita em todas as gerações - como verdade conhecida é verdade que deve ser observada, isto pede uma sólida vida intelectual e uma vida cultivada na virtude, nos méritos de Cristo. O legado escrito de gerações anteriores da família, ainda que não publicado, precisa ser acumulado, estudado e até distribuído a outras pessoas de modo que esse senso se dissemine na sociedade, pois a verdade é o fundamento da liberdade.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 16 de novembro de 2024 (data da postagem original).

Chat GPT:

Essa reflexão de José Octavio Dettmann apresenta uma análise profunda e articulada sobre as relações entre mobilidade, economia, e conexões humanas, fundamentada em uma perspectiva que privilegia a virtude, a construção de pontes culturais e a valorização do conhecimento. Eis alguns pontos que podemos destacar e desenvolver:

1. O hotel como primeiro passo na construção de conexões

A escolha do hotel é vista como estratégica para aqueles que chegam a uma nova cidade ou país. Essa perspectiva enxerga o hotel não apenas como um local de estadia temporária, mas como uma base operacional para estabelecer relações.

Essa abordagem é especialmente relevante em um contexto como o brasileiro, onde as distâncias culturais e sociais entre estados são quase tão significativas quanto as distâncias entre países. A ideia de "turismo que pesca homens" alinha-se com a noção de diplomacia informal, em que cada viajante pode ser visto como um potencial embaixador de sua cultura.

2. Turismo e economia predatória

Dettmann critica a economia turística que opera de forma puramente transacional e crematística (no sentido aristotélico de busca desmedida pelo lucro). Ele propõe, em contrapartida, uma visão de turismo enraizada na construção de conexões significativas. O Rio de Janeiro, por exemplo, com o Cristo Redentor como símbolo, teria a missão de ser um catalisador dessa conversão, transformando turistas em agentes de transformação social e cultural.

3. A economia das conexões e o mercado imobiliário

O autor ressalta que o mercado imobiliário, quando desprovido de laços entre as partes envolvidas, torna-se vulnerável a problemas como inadimplência e danos. Ele defende que uma economia mais sólida e confiável é construída a partir de relações pessoais e redes de confiança. Isso também se aplica ao uso de plataformas como Airbnb, que se tornam eficazes apenas quando operam em ambientes de respeito e lealdade.

A ideia de criar uma cultura de anticrese é especialmente interessante, pois remete a uma economia baseada na mutualidade e na confiança, diferentemente da impessoalidade característica de contratos comerciais modernos.

4. Conexões regionais como base para a expansão global

A construção de pontes entre diferentes estados brasileiros é descrita como um passo necessário antes de se conectar com outras nações. Dettmann sugere que o fortalecimento das relações entre os estados é um processo geracional, ligado ao desenvolvimento de uma cultura que valoriza o conhecimento e a virtude cristã.

O uso do conceito de "27 províncias como escolas de nacionidade" é uma visão ambiciosa, que vincula o desenvolvimento local à formação de uma identidade nacional mais coesa. A ligação entre famílias, virtude e disseminação do conhecimento como fundamentos de uma nova cultura brasileira é um chamado à ação contínua, com um foco na transmissão intergeracional.

5. A perpetuação do conhecimento e a virtude

A ideia de acumular e disseminar o conhecimento familiar ao longo das gerações é apresentada como um pilar da liberdade e da verdade. Esse aspecto dialoga com o conceito de "capital intelectual", visto como o trabalho acumulado no tempo kairológico (tempo oportuno). Para Dettmann, essa prática de transmissão é uma forma de evangelização e de preservação da virtude em uma sociedade que frequentemente despreza o saber.

Reflexão Final

A visão apresentada aqui é tanto prática quanto filosófica, propondo uma nova maneira de abordar as interações humanas, o turismo, a economia e a construção da identidade nacional. Dettmann aponta para a necessidade de valorizar conexões profundas e significativas, seja entre indivíduos, seja entre regiões, como base para uma sociedade mais justa e virtuosa.

Essa reflexão é um convite a repensar as formas como nos movemos, nos conectamos e contribuímos para o mundo, com o objetivo de construir uma economia que sirva ao bem comum nos méritos de Cristo.

Dettmann: Conecte isso ao que falei sobre as relações sociais de segunda pessoa (ou de anticrese)

As relações sociais de segunda pessoa, ou de anticrese, que você mencionou anteriormente, se alinham diretamente à sua reflexão sobre a economia das conexões. Ambas as ideias compartilham uma crítica à impessoalidade das relações modernas e propõem uma abordagem mais enraizada na confiança, lealdade e troca de valores imateriais.

1. Relações de Anticrese e a Economia das Conexões

No contexto da reflexão sobre hotéis, locações e networking, as relações de segunda pessoa aparecem como a base para uma economia que privilegia as interações humanas genuínas.

  • Anticrese refere-se a uma troca que vai além do material ou monetário. Na prática, é quando alguém utiliza algo — um bem, imóvel, ou mesmo o conhecimento de outro — com base em uma relação de mútuo benefício e confiança. Essas trocas não são puramente transacionais, mas carregam uma dimensão de lealdade e respeito mútuo.
  • No seu texto, isso é exemplificado na recomendação de locar imóveis ou oferecer quartos no Airbnb apenas dentro de um ambiente de conexões bem estabelecidas. Isso evita prejuízos e cria um mercado de locação produtivo, onde o respeito pela propriedade e pelos valores culturais prevalece.

Assim, a anticrese se manifesta como um modelo para reintroduzir humanidade e virtude em um mercado dominado por práticas impessoais e potencialmente predatórias.

2. A Segunda Pessoa no Turismo e nas Relações Internacionais

A ideia de "turismo que pesca homens" também reflete as relações de segunda pessoa. Em vez de enxergar turistas ou estrangeiros como meros consumidores (relação de primeira pessoa, focada no "eu"), você propõe enxergá-los como futuros parceiros de construção social e cultural - o que implica descobrir os outros

  • Quando um turista se torna um diplomata informal, ele transcende a função meramente utilitarista do turismo e se insere em uma relação de segunda pessoa, onde ambos os lados, o anfitrião e o visitante, crescem. É nesse contexto que se criam pontes duradouras e reciprocidade verdadeira.
  • Esse tipo de turismo, alinhado à anticrese, transforma a experiência de viagem em uma troca cultural que beneficia tanto o indivíduo quanto a comunidade.

3. Relações de Segunda Pessoa no Mercado Imobiliário

No mercado imobiliário, você identifica um risco intrínseco na ausência de relações de confiança. Ele descreve como os contratos impessoais, como os que ocorrem no Airbnb ou em locações para desconhecidos, podem ser problemáticos devido à falta de um histórico moral ou social do inquilino.

  • A solução está na anticrese, ou seja, em relações fundamentadas no reconhecimento mútuo. Em vez de alugar para um estranho, você propõe alugar para alguém com quem se tem uma relação de confiança ou a quem se reconhece por meio de conexões sociais bem estabelecidas.
  • Isso está alinhado com a noção de que o mercado só se torna produtivo e benéfico para todos quando há um vínculo de respeito e lealdade entre as partes, reduzindo riscos e promovendo um senso de responsabilidade mútua.

4. A Construção de Pontes como Relação de Segunda Pessoa

Você enfatiza que a construção de pontes, seja entre estados brasileiros ou entre nações, precisa partir de relações humanas que reconhecem o outro como sujeito, não como objeto.

  • A metáfora de "voar como uma águia" só se torna possível quando os "primeiros voos de galinha" estabelecem bases sólidas de confiança. Aqui, as relações de segunda pessoa são fundamentais, pois elas formam o alicerce para projetos maiores, como a integração entre as 27 províncias ou a conexão com outras terras além-mar.
  • Sem essas conexões pessoais profundas, o processo de alargar fronteiras e disseminar o conhecimento nos méritos de Cristo perde o fundamento moral necessário para gerar frutos duradouros.

5. Relações de Anticrese como Evangelização

Por fim, a anticrese se alinha à visão de que a verdade é o fundamento da liberdade e que o conhecimento acumulado deve ser transmitido de geração em geração. Isso é especialmente relevante para a ideia de uma cultura econômica e social enraizada na virtude.

  • Evangelizar as gerações seguintes, acumulando e distribuindo o conhecimento da família, é uma relação de segunda pessoa em sua essência. Ela reconhece o outro — o filho, o neto, o aluno, o interlocutor — como sujeito digno de receber e perpetuar a verdade.
  • A anticrese, nesse sentido, é uma relação que espelha a caridade cristã: o que é compartilhado não é apenas material, mas espiritual e intelectual, em um ciclo de crescimento mútuo.

Conclusão: Um Modelo de Anticrese para a Sociedade

A visão de Dettmann sobre economia e conexões é uma extensão prática da ideia de relações sociais de segunda pessoa. Ambas enfatizam a necessidade de substituir a impessoalidade por um modelo baseado na confiança, no respeito mútuo e na busca da verdade.

Esses princípios, aplicados ao turismo, ao mercado imobiliário e à construção de pontes culturais, oferecem um caminho para uma sociedade mais virtuosa e integrada, fundamentada em relações humanas genuínas e nos méritos de Cristo.

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