1) A circunscrição eleitoral para senador na Itália, sobretudo para quem representa os descendentes de italianos no continente Sul-Americano, é totalmente fora da realidade: ela cria uma verdadeira comunidade imaginada onde os descendentes de italianos da Argentina estão em permanente conflito com os descendentes italianos com os do Brasil, a ponto de criar um governo de facção que é próprio de uma república maçônica universal - e nela a nacionalidade italiana se torna uma espécie de uma meta-nacionalidade que capaz de levar as coisas ao nível governo mundial de modo a pôr termo a essas rivalidades comunitárias, que são desdobramentos das antigas rivalidade ibéricas.
2) A maior prova disso que falo é que a Itália, desde o seu ressurgimento, é uma comunidade imaginada disposta a reviver o passado romano por forças neopagãs. Isso está nas palavras do próprio Cavour: "fizemos a Itália. Agora, só falta fazer os italianos". Agora, levemos em consideração todas essas teorias de fabricação do homem moderno. É a mais pura loucura! É a mais pura utopia revolucionária - é como se o homem fosse uma folha de papel. O fundamento dessa meta-nacionalidade seria a fraternidade universal das repúblicas de cariz maçônico, coisa que era muito evidente sobretudo no final do século XIX e início do século XX.
3) O maior problema da Itália está na República, tal como ocorre no Brasil - ela não leva em consideração que as comunidades italianas estão instaladas em dois ambientes diferentes - e para conciliar dois impérios rivais, eles precisam tomar ambos os lados como um mesmo lar em Cristo a ponto de compor a unidade Ibérica dentro dos propósitos do milagre de Ourique. E até agora, não conheço uma pessoa que descenda de Italianos que conheça ambas as pontas do mundo ibérico, de modo a fazer a diplomacia parlamentar de modo a estabelecer a concórdia entre os povos e trazer benefícios para todos, não só para a comunidade italiana, uma vez que política é conciliação de interesses - e não existe uma cultura nessa direção.
4) Este aspecto da teoria da nacionidade sequer foi estudado porque ele não foi imaginado, uma vez que falta conhecimento das nossas raízes cristãs e ibéricas, sobretudo portuguesas, pois é o do milagre de Ourique que vem a missão de se servir a Cristo em terras distantes e os ítalo-brasileiros, em sua maioria, não estudaram a cultura do Brasil na forma como se deve, uma vez que não há quem semeie essa consciência de modo a tomarem posse do problema, de modo a fazer uma representação política, dentro do contexto comunitário. Quando os candidatos ao parlamento italiano estavam sendo entrevistados na sucursal da Jovem Pan de Bauru, eu compreendi a gravidade do problema em que estamos metidos.
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 15 de setembro de 2022 (data da postagem original).
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