Pesquisar este blog

sábado, 9 de fevereiro de 2019

Do papel dos arquitetos dentro daquilo que foi edificado em Ourique

1) O professor Olavo de Carvalho havia dito que na Romênia os arquitetos percorriam o país inteiro desenhando desde um humilde casebre a construções históricas do país, de modo a reproduzir o que já era conhecido, preservando assim o senso de belo, coisa que é essencial para se tomar o país como um lar em Cristo.

2) No Brasil, por conta do assassinato sistemático de monumentos, você precisaria visitar arquivos públicos de modo a copiar as plantas dos edifícios já demolidos a partir do original depositado, uma vez que eles não estão mais presentes entre nós, a não ser de maneira indireta. E é preciso fazer isso logo, pois até mesmo os arquivos públicos correm o risco de pegar fogo, tal como aconteceu com o Museu Nacional.

3.1) Além disso, como recebemos também a missão de servir a Cristo em terras distantes, penso ser sensato copiar as estruturas mais belas dos países que desejamos tomar como um lar em Cristo junto com o Brasil, de modo que o senso do belo seja distribuído a nós também - era assim que eu faria, se fosse arquiteto. Se combinasse o que coleto de fora com a memória arquitetônica existente nas plantas, então um doce estilo novo poderia ser criado, a ponto de influir na arquitetura pública, se fosse prefeito de minha cidade, o Rio de Janeiro, a ponto de trocar toda essa horrorosa arquitetura modernista e comunista por arquitetura bela e que aponta para a conformidade com o Todo que vem de Deus, uma vez que isso é parte da alta cultura.

3.2.1) Não faria isso só para prédio público, mas também faria com que essa fosse a marca das edificações que mandaria construir para o bem de minha família. Por isso, se pudesse, mandaria um dos meus filhos estudar arquitetura, caso ele tenha dom para isso. Não posso semear consciência em arquitetos já formados, mas posso semear consciência nos meus filhos de modo que busquem essa missão, casando as circunstâncias e os interesses decorrentes de suas respectivas vocações à causa universal, fundada na conformidade com o Todo que vem de Deus, de tal maneira que isso santifique o trabalho de cada um deles.

3.2.2) Se tivesse uma empresa de construção, faria casa para pessoas de baixa renda simples e belas, de modo que possam tomar o lugar onde moram como um lar em Cristo. Um humilde pai de família é um rei e ele tem direito natural ao seu castelo, nem que seja a base de pau-a-pique. Por isso, ele terá o melhor dentro das forças daquilo que puder pagar, nem que isso leve duas ou três gerações pagando o imóvel em suaves prestações.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 9 de fevereiro de 2019.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Notas sobre Estado-mercado

1) Ao longo das minhas andanças, eu vi muitas postagens sobre Estado-mercado. Esse termo e o termo estadística me levaram a comprar o livro de Philip Bobbitt, intitulado A Guerra e A Paz no Estado Moderno. Cheguei a escrever alguns artigos a respeito do Estado-mercado dentro do contexto de servir a Cristo em distantes por força de Ourique, por força dessa missionação.

2) Depois de muito refletir sobre o tema, chego a conclusão de que o verdadeiro Estado-mercado se apóia sobre uma trindade, uma vez que o Estado, submetido aos ensinamentos da Igreja, acaba aperfeiçoando a liberdade de tal maneira que o mercado seja um lugar de encontro onde a santificação através do trabalho seja promovida como sendo a verdadeira liberdade, a razão de ser que faz as pessoas tomarem o país como um lar em Cristo, posto que as pessoas são livres em Cristo, por Cristo e para Cristo, já que Ele é a verdade em pessoa - e como vemos Cristo constantemente nas pessoas, aí surge o senso de confiança e o dever de agir com lealdade para com o verbo que fez carne, a ponto de este fazer santa habitação em nós através da Santa Eucaristia.

3) Isso só confirma o argumento de que a trindade é a base da política organizada, enquanto força promotora da caridade.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 8 de fevereiro de 2019 (data da postagem original). 

A verdadeira nacionidade está na missionação estabelecida em Ourique

Nationness - nacionidade, segundo John Borneman.

Nationmass - missionação, fundada na missão de servir a Cristo em terras distantes. Como a missa foi o primeiro ato público feito no Brasil, então tomaremos o país como um lar se celebrarmos o sacrifício de Jesus de maneira permanente, todos os dias, até o momento em que Ele volte outra vez.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 8 de fevereiro de 2019.

Por que sistematizar um trabalho como o meu é tão difícil?

1) Quando digo que a parte mais difícil do meu trabalho é a sistematização, eu não estou brincando.

2.1) É como um quebra-cabeça cuja montagem leva a múltiplos caminhos possíveis.

2.2) Por isso, os livros que vou publicar são as possíveis montagens desse quebra-cabeça cujas peças o Espírito Santo me deu pra montar - como Ele é Deus e sopra onde quer, então o critério cronológico não é o melhor critério para se organizar o trabalho. A conformidade com o Todo que vem de Deus pede o senso da eternidade e é por meio dele que preciso ordenar as coisas com paciência, sem pressa e sem nenhum tipo de vaidade, fundada no fato de se conservar o que é o conveniente e dissociado da verdade.

2.3.1) Não se assustem com o fato de eu repetir artigos numa composição A e numa composição B.

2.3.2) Dependendo do arranjo, eles dão um determinado sentido, visto que um livro é um sistema e pede uma determinada forma de leitura, coisa que pode levar a múltiplos caminhos, caminhos esses que decorrem do verbo que se fez carne e que nos mandou servir a Ele em terras distantes, tal como se deu em Ourique.

3.1) O tema do nacionismo é um verdadeiro vespeiro - poucos têm coragem de estudá-lo, mas sempre haverá alguém que o faça.

3.2.1) Você precisaria estudar muito o trabalho do Borneman, o trabalho do Kujawski e estudar muito a história de Portugal junto com a do Brasil de modo a descobrir a razão pela qual você deve tomar o país como um lar em Cristo, pois a historiografia nacional falseou e muito as coisas a ponto de fomentar má consciência em muitos - às vezes, você precisará tomar dois ou mais países como um mesmo lar em Cristo de modo a completar os seus sentidos, tal como fiz com a Polônia e com os EUA.

3.2.2) Se eu nasci aqui, então deve haver alguma boa razão para que Deus tenha me enviado a esta terra - e você precisa fazer isto que eu venho tentando fazer: encontrar essa conexão de sentido da melhor forma possível de modo a me comprometer com esta terra e servir a ela de tal maneira que os agraciados pelos meus serviços me retribuam o favor prestado, uma vez que a gratidão estabelece o senso de integração entre as pessoas e promove o senso de responsabilidade nelas, a ponto de que devemos amar e rejeitar a mesmas tendo por Cristo fundamento, antes que essa terra seja definitivamente tomada pelos islâmicos, nossos eternos inimigos.

3.2.3) E isso vai bem naquilo que Santo Tomás de Aquino disse: sirva ordem que a ordem bem te servirá, pois o fundamento é o idem velle, idem nolle.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 8 de fevereiro de 2019.

Notas sobre quatro definições de nacional

A) Definição clássica ou sociológica: nacional é aquele que nasce na terra de seus pais, onde ele, espera-se, vai desenvolver sua experiência de vida. Isso seria indigenismo ou nativismo. A nacionalidade pode ser vista como um estamento ou casta, a tal ponto que o indivíduo pode ser visto como escravo do Estado.

1) A primeira definição de nacional está relacionada à noção de cidade-Estado. Todo aquele que é cidadão da cidade, filho de pai e mãe nascidos cidadãos livres desse mesmo lugar, é chamado para a vida política e para a guerra, de modo a defender sua polis. Como nasceu livre, dado que não havia escravidão na vida pregressa, então ele pode tomar esta terra como um lar, no sentido materialista do termo. A cidade-estado é o microcosmo de uma nação - se os cidadãos dessa cidade colonizarem outras terras e formarem ligas econômicas ou de defesa com outras cidades, uma confederação poderá ser formada, a ponto de evoluir para uma República.

2.1) O maior exemplo disso são as cidades de Esparta e Atenas. Esparta era uma cidade onde os cidadãos eram voltados para a guerra, enquanto Atenas era uma cidade voltada para o comércio. A guerra se fundava na honra e na glória, encargo esse que nenhum cidadão podia recusar, enquanto o comércio visava a gerar bem-estar e hedonismo na cidade.

2.2) Atenas adotava um regime democrático. Combinando demagogia, populismo e hedonismo, o regime democrático ateniense decaiu porque a cidade foi tomada como se fosse religião, em que tudo estava na polis e nada poderia estar fora da polis. O homem foi reduzido a escravo do Estado e seu vínculo com a cidade por conta do nascimento passou a formar uma casta. Os nascidos na cidade, ainda que não tivessem virtudes, comporiam a principal classe dirigente, o patriciado, enquanto os mercadores, oriundos de outras cidades, a classe plebéia e os escravos não tinham direito algum, por estarem na qualidade de apátridas, mortos em vida.

2.3) Esparta, por conta de sua economia voltada para a guerra, para a honra e glória, influenciou a República Romana, e a república romana foi fundada sob o ideal de que nenhum homem seria escravo de outro homem, uma vez que a monarquia romana era uma tirania. Como foi dito por Sua Alteza Real, o príncipe D. Luiz Philippe de Orléans e Bragança , muitas cidades uniram-se à Roma voluntariamente, uma vez que Roma protegeria seus clientes da tirania e dos inimigos comuns. Além disso, muitos reis de cidades vizinhas fizeram dos romanos seus herdeiros e eles puderam se expandir de forma pacífica por meio de sucessão hereditária, o que é uma forma de tomar o país como um lar por força de haver liberdade, ou seja, que nenhum homem seria escravo de outro homem.

B) Definição econômico-tributária: nacional é aquele que paga para manter a administração pública funcionando. Esta, com os serviços públicos, maximiza de maneira utilitária o desenvolvimento econômico do lugar onde este cidadão se encontra domiciliado, beneficiando não só esse contribuinte, mas toda sociedade, por efeito difuso. O contribuinte nacional pode ser nativo do país ou não - a única condição é que ele esteja domiciliado no país para o qual esteja pagando impostos, para que um dia possa consumi-los de modo legítimo. Essa é a definição estatutária da nacio-nalidade, uma vez que isso pode se dar por força da Constituição - quando resolve discriminar os impostos, tal como vemos na Carta Constitucional de 1998 – ou por meio de um Código Tributário. Por qualquer que seja o critério, ela tem a pretensão de criar os fundamentos da liberdade, por meio da chamada "liberdade pública", reproduzindo a fórmula da Revolução Francesa, o que faz o país ser tomado como se fosse religião, levando ao totalitarismo.

1) Esta definição econômico-tributária da nacionalidade está relacionada à ordem econômica da democracia ateniense. A economia deve ser livre de toda regulação moralizante, de modo que as pessoas buscassem a felicidade atendendo aos seus interesses egoístas, já que o egoísmo começou a ser vendido como se fosse uma virtude, quando, na verdade, é um vício. Sem nenhum entrave moral ou legal por conta do fato de se concentrar os poderes de usar, gozar e dispor em poucas mãos, em pouco tempo houve a proletarização geral da sociedade - e os cidadãos livres passaram a ser escravos, dado que não podiam ter propriedade porque seu salário era voltado para a subsistência.

2) Essa ordem liberal acabou servindo liberdade voltada para o nada, a tal ponto que preparou o caminho para uma ordem onde tudo está no Estado e nada pode estar fora dele ou contra ele.

3) Não foi à toa que a Encíclica Rerum Novarum condenou este tipo de ordem.

C) Definição antropológica: Nacional é aquele que, embora não tenha nascido na terra de seus pais, é criado nas tradições do povo com o qual se identifica e se sente bem, ou ao menos - em algum momento da vida - escolhe voluntariamente aquele país com o qual se identifica porque toma como seus os valores éticos e morais daquela sociedade que presta tributos ao governo que lhe serve bem. Se essa pessoa vive em país diverso ao daquele que admira, ele até gostaria que a sociedade onde ele se acha domiciliado adotasse os bons valores daquela sociedade que ele admira. Trata-se de uma concepção liberal e voluntarista da condição de nacional, pois o indivíduo é dono de seu próprio corpo.

1) A definição antropológica baseia-se no relativismo moral e cultural. O país é tomado como se fosse um lar por conta do supermercado cultural que há na cidade, onde culturas superiores na virtudes, que vivem na conformidade com o Todo que vem de Deus. convivem com culturas heréticas, fundadas no fato de se conservar o que é conveniente e dissociado da verdade.

2) Os países que edificaram uma história constitucional de liberdade voltada para o nada são essencialmente relativistas em matéria de cultura, a tal ponto que vão trocando as fundações cristãs da terra pelas fundações da ONU, o que leva à negação da identidade nacional. E isso vai gerando apatria, dado que as pessoas estão trocando o senso de tomar o país como um lar em Cristo por um país tomado como se fosse religião em que tudo está na ONU e nada pode estar fora da ONU. E isso cria uma espécie de governo mundial, uma Cosmópolis, em tudo vai ficar nas mãos da ONU.

3) É por meio da livre imigração que se estabelece o governo mundial. Nela, os invasores não podem ser deportados, nem expulsos. Acabamos de ver o que essa nova lei migração acabou gerando.

D) Definição extraordinária (decorrente do milagre de Ourique): nacional é aquele que serve a Cristo em terras distantes. Portugal, assim como o mundo português como um todo, foi criado para servir a Cristo em terras distantes - e enquanto os portugueses e seus descendentes forem fiéis à missão estabelecida pelo próprio Cristo Crucificado, eles poderão tomar seu país como um lar por força da cláusula constitucional do enquanto bem servir - e este lar é um pagamento por força de bem servirem a Deus neste fundamento. Se eles e seus descendentes derem as costas a esta missão salvífica, eles serão tomados e destruídos pelas mesmas forças islâmicas que foram expulsas da Península Ibérica no passado, tal como estamos a ver hoje em dia.

1) Esta é a verdadeira definição. Cristo é a verdade e a liberdade, pois é o verbo que se fez carne, assim como o cordeiro que tira os pecados do mundo.

2) É em Cristo que a República evolui na forma de Império. É em Cristo que o Imperador é chamado a servir a Ele em terras distantes, a ponto de se tornar um vassalo do Rei dos reis. E aí ele se torna um Rei, cuja missão é organizar o bem comum de modo que os sujeitos à sua autoridade e proteção façam aquilo que o Crucificado de Ourique mandou servir a Ele em terras distantes, já Cristo é construtor e destruidor de impérios, por conta de ter o centro de ferro.

3) Todos os súditos que colaboram com o vassalo do Rei dos Reis de modo a que esse projeto civilizatório se torne uma realidade podem tomar o país como um lar em Cristo. E por estarem sob a proteção desse vassalo gozam de nacionalidade, dado que tem direitos e deveres por conta de uma realidade sobrenatural que é maior do que qualquer lei escrita poderá estabelecer ou criar.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 8 de fevereiro de 2019 (data da postagem original).

Considerações sobre a questão da nacionalidade como um produto do fato de se tomar a nação como se fosse uma religião, em que tudo está no Estado e nada pode estar fora dele ou contra ele


01) Em contraponto com a nacionidade, temos a questão da nacionalidade. Ela decorre deste problema que vou apresentar nestas linhas que se seguem.

02) Servir ordem pela ordem, desvinculada da fé, pressupõe servir ordem pautada no racionalismo, na constante intervenção sobre a economia e no dirigismo estatal em todos os aspectos da vida social, em detrimento da liberdade para se errar e buscar o conhecimento e a verdade por si mesmos. Servir isso é servir uma ordem injusta e má por si mesma, pois ela será instrumentalista e utilitária, já que vai tergiversar a moral, colocando ela em risco.

03) Tal estado de coisas decorre da megalomania e das conveniências morais de toda uma casta de intelectuais e governantes que representam, e ao mesmo tempo promovem, o que há de pior no ser humano – e tal megalomania sujeita os nacionais de um país aos caprichos e às conveniências de momento dos tiranos, que são capazes de inventar toda uma sorte de heróis e tradições, bem como princípios, usos e costumes falaciosos com o intuito de justificarem a sua permanência no poder, manipulando a opinião pública, e o consentimento dos governados, ao seu favor e bel-prazer, na busca de se promover, na Terra, um pretenso paraíso melhor do que o divino.

04) Uma vez que o governo se torna um instrumento voltado para o mal, o mercado passa a servir aos interesses do Estado e da classe dirigente que se apropria do poder tal qual propriedade pessoal, já que este estará livre das lições advindas da Igreja, que naturalmente limitam, no plano moral, as ações do Estado, fundado no princípio da não-traição à verdade revelada, um princípio decorrente do Direito Natural. Ao separar-se a Igreja do Estado, essas lições serão desafiadas e rejeitadas sistematicamente, e passarão a ser tomadas como superstições que restringem e que ameaçam à liberdade deles de desafiar todas as convenções previamente estabelecidas, com o intuito de se criar uma nova sociedade, divorciada daquilo que é historicamente conhecido; essas lições serão tomadas como preconceitos infundados, que devem ser abolidos e destruídos, a todo e qualquer custo, porque se fundam na religião verdade. E graças a essa manipulação, a essa perversão que provocaram no conceito de liberdade, o Estado se torna, por si mesmo, uma espécie de religião e a liberdade se torna uma parteira da tirania – graças a isso, a ação libertária perverte tudo aquilo que nos é conhecido por tradição.

05) Quando a nação se torna uma religião, ela gera uma ordem distorcida, porque se funda na perversão do significado da palavra liberdade – e a sujeição a esse estado de coisas se chama nacionalidade. Tal ordem se funda no nacionalismo, num movimeto de tomada do poder que transforma a idéia de nação como um lar numa espécie de idolatria, conferindo ao Estado os mesmos poderes e as mesmas prerrogativas que o Criador possui – e isso se dá por forças artificiais, fundada na noção de que a razão, por si mesma, se subsiste sem a noção da fé, com a vil pretensão de substituí-la.

06) Esse artificialismo é extremamente arrogante, falacioso e perigoso. A onisciência, a onipotência e a onipresença não são qualidades inatas do ser humano – como o Estado é um instrumento feito por mãos humanas, ele é tão falho quanto o próprio ser humano que o criou.

07) O Estado não pode ser tomado como Deus se fosse porque ele falha – além disso, o fundamento da onipresença, da onipotência e da onisciência está na infinita bondade divina. Como a natureza do Estado é de cunho instrumental, a política dos governos vai depender sempre de julgamentos de oportunidade e de conveniência, próprios do julgamento político, para se poder agir numa ou noutra direção – e nem sempre a política de governo se funda no bem comum - tanto é verdade que é essa a causa da perversão das leis. Daí o brocardo romano de que nem tudo que é legal é necessariamente honesto.

08) O Estado deve e precisa ser encarado como um mecanismo público e difuso de legítima defesa contra quem pretende fazer algum mal às pessoas que vivem em um determinando país em paz e em segurança. Esse mecanismo de repressão à ambição estúpida funciona tanto no plano interno, através das leis, como no plano externo, através da guerra ou das sanções internacionais – e é promovendo os benefícios da segurança a quem toma determinado país como se fosse um lar que a política externa está a serviço da política interna; e esse é o elemento justificador da soberania de um país.

09) Por essas razões, cultuar o estatismo, como se fosse uma divindade, é o maior ato de arrogância que se pode conceber, no plano da ordem interna e internacional – é a ignorância a serviço da prepotência, daí porque ela é uma ordem má por si mesma, pois ela promove à injusta ingerência.

10) Estas são as ponderações que faço acerca da diferença entre nacionidade e nacionalidade.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 08 de fevereiro de 2019.

Considerações sobre a nacionidade (ou sobre a idéia de se tomar a nação como se fosse um lar em Cristo)

1) Estive refletindo sobre esta frase de Santo Tomás de Aquino: "sirva ordem e a ordem te servirá".

2) Servir ordem pressupõe tanto servir segurança quanto garantir à população que as leis serão cumpridas e observadas. Isso gera paz e bem-estar social – e as pessoas tendem a ficar num lugar onde se sintam bem e seguras. Onde há ordem, lá está a idéia de lar – daí, a noção de nacionidade. Servir ordem, amparado na verdade, tal como a Santa Madre Igreja nos ensina, é o fundamento da nossa liberdade, da nossa civilização – e se a política for promovida de forma séria, organizada e responsável, ela nos leva à caridade, que é uma das causas disso.

3) Dito dessa forma, o cristianismo, que é a fonte dessa noção, é, historicamente, o único estado de coisas que nasceu decorrente de uma proposta de modo de vida, através do exemplo e das lições deixadas por Jesus, e não da assinatura de um contrato social – e isto é uma prova cabal de que a infinita bondade de Deus existe. E se seguirmos uma ordem fundada nisso, haverá mais integração entre as pessoas em sociedade, bem como mais senso de responsabilidade desses indivíduos para com seus semelhantes, e isso favorece o mercado moral, fundado na noção de confiança e reciprocidade.

4) Os ensinamentos de Jesus, confirmados pela Santa Madre Igreja, decorrem da observação profunda da alma humana e da natureza das coisas como elas são – Cristo, por tradição, é tratado como se fosse filósofo, a ponto o direito romano e a filosofia grega casarem-se muito bem com esses princípios. Graças a isso, a civilização foi salva e preservada; e ao voltar-se para Deus, através da Igreja, a civilização se aperfeiçoou, no sentido de manter essa ordem, que é boa por si mesma.

5.1) Por essa razão, a idéia de nacionidade não pode e não deve ser divorciada da ordem proposta pela Igreja, com base naquilo que Cristo nos ensinou e nos legou, quando este esteve de passagem por este mundo, como uma ovelha no meio de lobos, enviada por Deus para nos salvar.

5.2) Quem protesta contra essa ordem e contra a mantenedora dessa ordem, a Santa Madre Igreja, está, na verdade, buscando uma ordem fundada em conveniências morais, onde o errado tenha o mesmo valor axiológico que o certo, moralmente falando; essa busca infrutífera e arriscada - a que alguns, erroneamente, se referem como busca pela felicidade plena - pode nos tirar a liberdade, posto que os significados dessas palavras, na nossa linguagem, podem correr o risco de serem corrompidos, se relativizados, pois ela nos leva a caminhos perigosos e incertos, que nos levarão à morte e à destruição.

5.3) A manutenção desse estado de coisas, artificial por si mesmo, não derivará mais da voluntariedade ou da solidariedade das pessoas, fundada em um ambiente de paz e de confiança recíproca em que as pessoas amam e rejeitam as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento, mas, sim, da coerção estatal – e a ordem fundada nisso, nessa solidariedade mecânica, cai tal qual uma árvore podre.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 8 de fevereiro de 2019 (data da postagem original).