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quinta-feira, 9 de agosto de 2018

Meditações que tive, após muito jogar Sid Meier's Alpha Centauri e Sid Meier's Civilization 5

1) No Sid Meier's Alpha Centauri (SMAC), há uma unidade chamada supply crawler. Com ela, eu explorava recursos em terras distantes, o quais beneficiavam uma determinada cidade em desenvolvimento.

2.1) O conceito de terra emprestada que desenvolvi nos meus artigos decorre disso; se houvesse nutrientes numa área distante, o supply crawler iria até lá para explorar os recursos em favor da cidade com a qual esta unidade tinha vínculos. Quando esta cidade estava desenvolvida, o supply crawler adquiria vínculo com outra cidade menos desenvolvida e oferecia seus serviços a ela até esta ficar madura.

2.2) Enfim, a terra emprestada oferecia um acessório que seguia a sua sorte: o suplly crawler, que ficava como uma espécie de servo vinculado a essa terra. Ele trocava de vínculo toda que vez que uma cidade, que antes dependia de seus serviços para poder se desenvolver, atinge um ponto de crescimento em que a presença de um supply crawler já não é mais necessária para o seu desenvolvimento.

3.1) Isto lembra um pouco o antigo conceito de colônia, enquanto atividade econômica organizada de modo a lavrar a terra e estimular outras atividades econômicas organizadas de vocação diversa, uma vez que o primeiro passo para se servir a Cristo em terras distantes é lavrar a terra, pois é dela que extraímos todas as riquezas, como bem dizem os fisiocratas. Quando essa colônia alimenta as cidades distantes e a elas fornece matéria-primas a ponto de terem um comércio bem desenvolvido, ela acaba fazendo com que essas regiões todas sejam tomadas como um mesmo lar em Cristo em seu conjunto, a tal ponto que elas se especializam na transformação de produtos da terra em produtos acabados e com alto valor agregado, o que atrai mais gente para essas cidades.

3.2.1) Enfim, o povoamento de uma terra distante depende essencialmente de duas coisas: de colônias vocacionadas à tarefa de extrair as riquezas da terra e de cidades cuja vocação seja de converter essas riquezas em produtos de alto valor agregado.

3.2.2) Não é à toa que esses negócios eram tocados por famílias que viviam em pequenas ou médias propriedades - e quando tinham servos para trabalhar, esses eram tratados como se fossem parte da família, pois estavam sujeitos à proteção e autoridade do senhor dessas terras - como se fossem súditos de um rei, uma vez que é insensatez maltratar o cativo, pois isso, além de ser pecado, é contraproduente, pois só quem concentrava muita riqueza em poucas mãos, como os grandes senhores de engenho, é que podiam fazer isso, já que faziam da riqueza sinal de salvação a tal ponto que não tinham escrúpulos de escravizar gente, uma vez que esses eram visto de antemão como condenados. Esses grandes senhores de engenho, em geral, eram judeus que se convertiam ao cristianismo de modo a evitar serem perseguidos (cristãos novos) ou estrangeiros que praticavam o calvinismo (holandeses ou franceses).

3.2.3.1) Os servos dessas pequenas e médias propriedades rurais não eram considerados escravos, uma vez que no cristianismo ninguém tem poder de vida ou de morte sobre os servos, a não ser o próprio Deus. O senhor que tinha um servo tinha que lhe prover o sustento e recursos de modo que ele pudesse se desenvolver e se tornar uma pessoa livre após um determinado tempo de serviço (geralmente 7 anos). Era uma servidão por dívida.

3.2.3.2) Muitos dos que foram cativos faziam uma poupança de modo a comprar a alforria, uma indenização que era paga ao senhor de terras (afinal, o senhor o comprou de tribos africanas islamizadas, evitando que esse cativo fosse morto por essa gente. Essa despesa tinha que ser restituída por uma questão de justiça - e essa consciência era despertada por meio da vida em conformidade com o Todo que vem de Deus, coisa que esse novo servo aprendia quando vinha ao Brasil, pois o servo era muito grato a esse senhor por tê-lo comprado, a ponto de salvá-lo da morte). E quando os cativos ficavam livres, eles podiam ter seus próprios servos ou voltar para a África, ajudando a desenvolver a tribo da qual faziam parte, não só economicamente como militarmente. E assim essas tribos ficavam mais resistentes aos ataques das tribos ou dos reinos africanos islamizados.

4) Eis a reflexão que tive agora, ao revisitar este tema do supply crawler, em Alpha Centauri, após um determinado tempo sem jogar.

5.1) Em contraponto com o supply crawler, há os pastores e os plantadores do civilization 5. Estes últimos, embora não tenham sido criados ainda, deslocam plantas de um lugar para outro.

5.2.1) Por conta da missão de ir servir a Cristo em terras distantes, Portugal conheceu muitas espécies diferentes de plantas nos vários continentes em que esteve.

5.2.2) Por meio de acordos diplomáticos, Portugal chegou a receber sementes de certas espécies de plantas e árvores frutíferas - por meio de tentativa e erro, muitas dessas espécies acabaram vingando no Brasil e em outras terras onde Portugal tinha feitorias e colônias onde lavravam a terra a ponto de estabelecer um núcleo de povoamento nessas regiões, por conta dessa mesma missão.

5.2.3) Cronistas do reino, por conta do processo de povoamento dessas terras, faziam corografias dos lugares e descreviam as plantas nativas, suas propriedades nutricionais e medicinais, bem como retratavam a gente que habitava essas terras. Eram considerados diplomatas e estavam proibidos de mentir ao Rei, uma vez que este era vassalo de Cristo - e mentir a ele era como mentir ao próprio Cristo num ato de confissão. Por isso mesmo, as crônicas produzidas por essas cronistas eram consideradas fontes autênticas para se estudar a história da presença portuguesas força daquilo que decorreu em Ourique, coisa que é muito negligenciada, quando se estuda a história do Brasil.

5.2.4.1) As plantas trazidas de um lugar para outro ajudavam no aclimatamento e ajudavam na adaptação do homem branco em terras cujo clima lhe era muito inóspito, sem a necessidade de haver miscigenação. Não é à toa que hortos florestais como La Gabrielle foram parte da política de afrancesamento da Guiana Francesa.

5.2.4.2) Quando Portugal tomou a Guiana da França Napoleônica, um horto foi construído no Rio de Janeiro, dando início ao desenvolvimento do bairro do Jardim Botânico. Mas, ao contrário dos franceses, os portugueses tinham o costume de casar seus nobres com as filhas das tribos indígenas e africanas. Com a miscigenação, essa gente deu origem ao povo brasileiro, pois a miscigenação era uma política de Estado, a ponto de fazer de Portugal o único império de cultura que já houve, pois tudo isso decorre da conformidade com o Todo que vem de Deus, da missão de servir a Cristo em terras distantes.

Comentários post scriptum:

Este artigo me serviu de base para uma seqüência de artigos que escrevi sobre História do Brasil. Embora os jogos de estratégia me sejam uma grande paixão, a audiência não está interessada nesta minha produção em particular, neste outro aspecto de minha obra. É por essa razão que tenho conservado inéditos muitos dos meus escritos sobre as minhas experiências nos jogos eletrônicos, sobretudo jogos de estratégia.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 5 de agosto de 2018 (data da postagem original).

Comentários sobre as circunstâncias que me levaram a escrever meus artigos mais recentes

1) Por volta de 2014 e 2015, antes de tomar contato com o trabalho do professor Loryel Rocha, eu havia feito uma meditação sobre o jogo Sid Meier's Alpha Centauri.

2) Em 2018, após tomar contato com o trabalho dele e jogar mais de mil horas de civilization 5 desde que o comprei, eu decidi fazer uma meditação, comparando o supply crawler do Alpha Centauri com os herdsmen do civilization 5 (uma modificação que eu baixei para o jogo).

3) Enquanto escrevia o artigo, vieram-me insights que me serviram de base para artigos sobre a História do Brasil enquanto América Portuguesa. Não escrevi apenas um, mas dois artigos sobre o tema.

4) Quando escrevi minha crítica sobre o Sid Meier's Colonization, veio-me mais um insight: escrevi sobre as conseqüências da idéia de dizer que o Brasil foi colônia, o que levou o país a separar-se de Portugal.

5) Não tem jeito: os jogos de estratégia me ajudam na contemplação e é com base neles que posso ter uma idéia do que realmente aconteceu, uma vez que eu não tenho como acessar os documentos da época, os quais me são inacessíveis.

6.1) Ao contrário dos economistas austríacos, eu não acredito em abstração. Não tenho o amor de mim tão exacerbado a ponto de desprezá-Lo e equipará-Lo a um bolchevique, tal como Mises teve a audácia de fazer com Jesus.

6.2) Para se compreender a realidade de um argumento, é preciso que se faça uma simulação. Isso pode ser feito com uma dramatização (uma peça de teatro) ou com um jogo de assumir papéis (RPG). Se isso vai virar videogame, vai depender da visão do game designer, bem como da habilidade do produtor de modo a conseguir o dinheiro necessário para fazer deste projeto uma realidade, uma obra de arte, um clássico dos jogos eletrônicos.

6.3.1) É por conta das simulações e peças de teatro que tenho me tornando um adepto da filosofia concreta.

6.3.2) Uso isso para ver se os argumentos fazem sentido ou não - só assim é que consigo ter a imaginação necessária de modo a poder analisar as coisas com segurança, uma vez que não gosto muito de reduzir uma pessoa à sua ação ou a seu papel na economia.

6.3.3.1) Para quem vive a vida em conformidade com o Todo que vem de Deus, devemos amar o próximo, a ponto de ver nele a figura de Cristo, pois a dimensões humana e divina das coisas não podem ser desprezadas, uma vez que isto é a verdadeira realidade das coisas, já que devemos organizar o lar de tal maneira que isso nos prepare para a pátria definitiva, que se dá no Céu.

6.3.3.2) Obviamente, a produção e a distribuição de riquezas é crucial, pois ela é instrumento de evangelização e ajuda na edificação do bem comum. Se estas forem usada como um sinal de salvação, de redenção, elas tenderão a ter um fim em si mesmo, a ponto de edificar coisas com fins vazios, o que é pérfido.

7.1) Enfim, de tempos em tempos tenho de fazer constantes releituras de tudo aquilo que escrevi.

7.2) É preciso rever alguns pontos - sou muito sensível a argumentos sensatos e levo tudo em consideração. Não admito defender as idéias de um sujeito que teve a audácia de equiparar meu senhor e meu Deus - Rei da Polônia e do Reino de Portugal, Brasil e Algarves, do qual D. Afonso Henriques é seu vassalo mais fiel - a um bolchevique.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 9 de agosto de 2018.

Conseqüências do falso argumento de que o Brasil foi colônia de Portugal

1.1) Quando você reduz todo um território povoado de modo a servir a Cristo em suas circunstâncias locais, ainda que distantes, à mera função de fornecer riquezas ao Rei de Portugal - como se essa glória fosse toda dele e não do Crucificado de Ourique, o que é vão, vazio -, isso indica que o argumento de que o Brasil foi colônia acabará fomentando apatria sistemática, a ponto de converter todas as terras de além-mar num verdadeiro dominato.

1.2) O Império do Brasil terminará imitando o exemplo do decadente Império Romano: converterá o principado - essa monarquia republicana que é o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves - em dominato, aniquilando toda a autonomia local a ponto de convertê-la num centralismo asfixiante, pois o imperador se tornou um Deus vivo, usurpando do Crucificado de Ourique a realeza que Lhe é devida. Um Deus pagão mascarado de Deus Cristão! Isso matará a religião verdadeira, fundada na conformidade com o Todo que vem de Deus. E esse império acabará se transformando (como se transformou) numa república maçônica, onde os partidos são os príncipes modernos que comandam este dominato. Cenário esse que nem mesmo Gramsci poderia sonhar!

2.1) Como não há vassalo de Cristo, então quem nasce nessa terra fica sujeito à autoridade do Estado tomado como se fosse religião, uma vez que não há uma pessoa que imite o verdadeiro Deus e verdadeiro homem a ponto de estimular a todos a tomarem o país como um lar em Cristo, uma vez que o cargo de presidente reduz a pessoa que ocupa este cargo às funções desse cargo, a ponto de confundir a chefia de Estado e de governo na mesma pessoa.

2.2.1) Por força disso, o sangue nobre dos portugueses - esses honrosos servidores d'Aquele que derramou o Seu próprio sangue pelo perdão de nossos pecados - deixou de ser levado em consideração como o principal critério para se tomar o país como um lar em Cristo. No lugar do jus sanguinis, o critério do solo que abriga esse Estado totalitário passou a ser o principal critério para decidir quem é vassalo ou não desse Estado tomado como religião. E o critério do nascimento na terra faz com que o nascimento eventual no solo acabe se tornando um verdadeiro estigma, o que não inspira a lealdade de ninguém, uma vez que a História do Brasil separado de Portugal é uma história de falsidade do começo ao fim.

2.2.2) Se você tem nacionalidade brasileira e vive pagando pela má fama desse governo totalitário e de todos aqueles que vivem em conformidade com o Todo que vem desse ato de apatria praticado em 1822, então você sabe muito bem do que estou falando, pois quem vai ao exterior termina sendo humilhado pela má consciência desses pecadores contumazes.

3.1) Todos os presidentes são imitadores de D. Pedro I, que é, por sua vez, imitador de D. João II - eles se acham os senhores dos senhores e não os servos dos servos em Cristo, tal como foi D. Afonso Henriques. 
 
3.2) Esses "príncipes perfeitos" são o espelho daquilo que Maquiavel, Mancini e Gramsci tanto falam. Não passam todos de homens de papelão: falsos deuses e falsos homens, uma vez que não são amigos de Deus, tal como foi D. Afonso, que deve ser tomado como o verdadeiro príncipe, pois foi senhor dos senhores ser ao servo dos servos em Cristo.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 9 de agosto de 2018.

Sid Meier's Colonization - uma análise do jogo à luz da História

1.1) Quando jogava Colonization (o clássico de 1994, não o Civilization 4 Colonization), eu colocava nas minhas anotações de jogo a função dos povoamentos que fundava.

1.2) Havia povoamentos para lavrar a terra, povoamentos especializados em produzir matérias-primas e povoamentos dedicados à industrialização, os quais tendiam a ser verdadeiras metrópoles.

2.1) Nos povoamentos dedicados ao ato de lavrar as terras, as verdadeiras colônias, eu punha lavradores de modo a explorar os oásis e os trigos situados próximos ao lugar onde fundei a cidade.

2.2.1) Se o assentamento estivesse em zona costeira, eu punha pescadores de modo a aproveitar as regiões ricas em peixes.

2.2.2) Afinal, Jesus não só multiplicou os pães mas também os peixes - com a combinação de ambos, eu formava uma série de colonos livres, os quais costumava mandar para as tribos indígenas de modo a aprender a plantar cana, algodão, tabaco e a caçar animais, por conta do alto valor financeiro de suas peles.

2.2.3) Essas profissões não poderiam ser aprendidas na pátria-mãe, mas tão-somente com os índios - por isso mesmo, essa força de trabalho era essencial para estruturar a economia de todo o território que estava a povoar.

3.1) Se eu tivesse um assentamento com pelos menos 3 colonos, eu poderia perfeitamente mandar construir uma igreja.

3.2) Se pusesse um pregador nessa igreja, ele iria atrair muita gente disposta a vir para o Novo Mundo em busca de novas oportunidades. Como o jogo é muito baseado na história inglesa, a tendência era atrair gente de todo tipo de denominação religiosa desejando poder praticar sua religião em paz, já que essa gente estava sendo perseguida na Inglaterra.

3.3) Com 4 colonos, eu poderia perfeitamente criar uma escola. Os colonos livres aprendiam não só as profissões mais básicas disponíveis na pátria-mãe como também aprendiam todas as profissões que os índios ensinam. Bastava pôr alguém especializado nisso e alguém saía treinado na habilidade, após 4 anos de estudo.

4) Os assentamentos dedicados à produção de matérias-primas eram classificados por estes recursos: madeira, ferro, prata, peles, algodão, tabaco, açúcar e ferramentas. Eu mandava comida de modo a manter esses assentamentos produzindo, uma vez que eram ecossistemas dependentes das colônias. Geralmente, esses assentamentos tinham um colégio, jornais e até uma vida parlamentar.

5.1) Os assentamentos dedicados à atividade industrial processavam todas as metérias-primas em produtos de alto valor agregado. Por conta da elevada concentração de pessoas habitando a localidade, muitos se dedicavam à vida política de modo a poder colaborar na solução dos problemas concernentes da polis.

5.2.1) Por conta dessas experiências políticas adquiridas, muitos acabavam desenvolvendo um senso de amor de si até o desprezo de Deus, a ponto de quererem se separar da pátria-mãe. Como a Inglaterra é um país protestante e muitos dos que foram morar na América eram refugiados, então a revolução americana torna-se inevitável.

5.2.2) Este era o ponto culminante do jogo - se você conseguisse se livrar da Inglaterra, então você venceu.

6.1) O colonization tinha esse nome porque o conjunto dos assentamentos, dos povoados podia ser reduzido a estas funções, expostas no livro O Príncipe de Maquiavel: promover o enriquecimento do príncipe e promover a glória da Inglaterra, França, Espanha ou Holanda, as principais potências do jogo.

6.2) Todos esses países foram ao além-mar indo em busca de si mesmos - ao contrário de Portugal, que se lançou aos mares para servir a Cristo em terras distantes. Por isso que Portugal não aparece no jogo.

6.3) Acredito que deve ser por isso que José Bonifácio inventou o argumento de que o Brasil foi colônia. Ele, que era maçom, acreditava piamente que o homem era a medida de todas as coisas. Além disso, acreditava piamente que o Brasil, fundado no amor de si até o desprezo de Deus, podia romper com a ordem social fundada em Ourique e criar uma nova ordem social fundada no exemplo da Revolução Americana, a qual se mostrou um verdadeiro fracasso retumbante, não só no Brasil bem como em qualquer lugar que tenha tentado imitar a América em seus atos políticos.

6.4.1) E o pior é ver gente tentando glorificar esse miserável como se fosse um founding father americano. E isso é certamente um tipo de colonização do imaginário, a ponto perdermos a referência do que realmente o Brasil era, por força de Ourique.

6.4.2) Eis no que dá alegar que o Brasil foi colônia - ele assenta as bases da colonização do imaginário de modo a introjetar toda uma falsa história, construída na mentira e à revelia da documentação portuguesa.

6.4.3) Isso mostra que a secessão do Brasil levou à construção de uma comunidade imaginada fundada no amor de si até o desprezo de Deus - no caso, do Crucificado de Ourique. Essa comunidade certamente foi imaginada pelos maçons, uma vez que a liberdade é criada pelas leis do Estado, a ponto de ser tomado como se fosse religião - afinal, tudo está nele e nada pode estar fora dele ou contra ele.

6.4.4) Não é à toa que essa comunidade imaginada faz com que a liberdade seja servida com fins vazios e que a verdade, fundada na dor de Cristo na cruz, seja relativizada - o que certamente desliga está terra às coisas que decorrem do Céu.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 9 de agosto de 2018.

quarta-feira, 8 de agosto de 2018

Notas sobre a adaptação dos portugueses em comparação com a dos franceses

1) Por conta da missão de ir servir a Cristo em terras distantes, Portugal conheceu muitas espécies diferentes de plantas, nos vários continentes em que esteve.

2.1) Por meio de acordos diplomáticos, Portugal chegou a receber mudas e sementes de certas espécies de plantas e árvores frutíferas - por meio da política de sigilo e da tentativa e erro, muitas dessas espécies acabaram vingando no Brasil e em outras terras onde Portugal tinha feitorias e colônias onde lavravam a terra, a ponto de estabelecer um núcleo de povoamento nessas regiões, por conta dessa mesma missão.  

2.2) As colônias serviam de laboratório para essas experiências. Os que tomam o Brasil como se fossem religião julgam estas plantas brasileiríssimas, mas o que eles não sabem é que estas plantas foram aqui introduzidas como conseqüência do trabalho de se servir a Cristo em terras distantes, por conta de Ourique. Afinal, devemos experimentar de tudo e ficar com o que é conveniente e sensato - isso sem falar que devemos proteger nossas descobertas daqueles que fazem da riqueza sinal de salvação, algo que é muito próprio da ética protestante e do espírito do capitalismo.

2.3.1) Cronistas do reino, por conta do processo de povoamento dessas terras, faziam corografias dos lugares e descreviam as plantas nativas, suas propriedades nutricionais e medicinais, bem como retratavam a gente que habitava essas terras. Eles também registravam todo o desenvolvimento das vilas, cidades e freguesias.

2.3.2) Esses cronistas eram considerados diplomatas e estavam proibidos de mentir ao Rei, uma vez que este era vassalo de Cristo - e mentir a ele era como mentir ao próprio Cristo num ato de confissão. Por isso mesmo, as crônicas produzidas por essas cronistas eram consideradas fontes autênticas para se estudar a história da presença portuguesa, por força daquilo que decorreu em Ourique, coisa que é muito negligenciada, quando se estuda a História do Brasil. Todas essas experiências eram registradas e fartamente documentadas.

3.1) As plantas trazidas de um lugar para outro ajudavam no aclimatamento e ajudavam na adaptação do homem branco em terras cujo clima lhe era muito inóspito, sem a necessidade de haver miscigenação. Não é à toa que hortos florestais como La Gabrielle foram parte da política de afrancesamento da Guiana Francesa.

3.2) Quando Portugal tomou a Guiana da França Napoleônica, um horto foi construído no Rio de Janeiro, dando início ao desenvolvimento do bairro do Jardim Botânico. Ao contrário dos franceses, os portugueses tinham o costume de casar seus nobres com as filhas dos chefes das tribos indígenas e dos reinos africanos amigos de Portugal. Ela era, portanto uma política de Estado, a ponto de fazer de Portugal o único império de cultura que já houve, pois tudo isso decorre da conformidade com o Todo que vem de Deus, da missão de servir a Cristo em terras distantes.

3.3) Esses casamentos sistemáticos, feitos ao longo das gerações, deram origem ao povo brasileiro - um povo nobre, naturalmente adaptado ao clima tropical e trabalhador, a ponto de fazer de seu primeiro trabalho - a extração de pau-brasil - o meio de santificar esta terra sistematicamente, se considerarmos as lições de São Josemaría Escrivá de santificação por meio do trabalho parte do projeto de restaurar a nacionidade da pátria, perdida por conta da famigerada secessão de 1822. Dentro daquilo que se fundou em Ourique, o brasileiro é o melhor povo; fora de Ourique e rico no amor de si até o desprezo de Deus, ele se torna o pior povo que há no planeta.

3.4.1) Essa degeneração foi muito bem retratada em Machado de Assis, Lima Barreto e outros escritores, pois estes viveram uma época em que o liberalismo estava tão radicalmente instalado nesta terra que estava fomentando má consciência nas pessoas, em escala sistemática.

3.4.2) Teses racialistas, importadas de países protestantes, estavam se tornando moda por aqui e influenciaram e muito os trabalhos de Oliveira Vianna, bem como de outros escritores - essas teses  não passam de balela, se restaurarmos o imaginário da pátria naquilo que se fundou em Ourique.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 8 de agosto de 2018.

Prova de que Portugal não foi uma potência escravagista - o Brasil foi desenvolvido pelos pequenos e médios proprietários

1.1) Segundo o que o professor Loryel Rocha nos aponta em seu vídeo "O Brasil não foi colônia", uma colônia era uma atividade econômica organizada feita de modo a lavrar a terra e estimular outras atividades econômicas organizadas, fazendo com que estas se dediquem a transformar os produtos da terra em produtos acabados e de alto valor agregado, uma vez que o primeiro passo para se servir a Cristo em terras distantes é lavrar a terra, pois é dela que extraímos todas as riquezas, como bem dizem os fisiocratas. Não é à toa que Portugal estimulou o desenvolvimento de seus territórios ultramarinos por força disso.

1.2) Quando essa colônia alimenta as vilas e cidades distantes, e fornece matérias-primas a elas a ponto de terem um comércio bem desenvolvido, ela acaba fazendo com que essas regiões todas sejam tomadas como um mesmo lar em Cristo em seu conjunto, a tal ponto que as vilas e cidades distantes se especializam na transformação de produtos da terra e acabam ficando ricas por força disso, o que atrai mais gente para povoar uma região inteira, em busca de oportunidades de trabalho. E, nesse ponto, o conceito de tomar o país como um lar em Cristo pode ser distribuído para o além-mar.

2.1) Enfim, o povoamento de uma terra distante depende essencialmente dessas duas coisas: de colônias vocacionadas à tarefa de extrair as riquezas da terra e de cidades cuja vocação seja de converter essas riquezas em produtos de alto valor agregado.

2.2.1) Não é à toa que esses negócios eram tocados por famílias que viviam em pequenas ou médias propriedades - e quando tinham servos para trabalhar, eles eram pagos a peso de ouro, a ponto de serem tratados como se fossem parte da família, uma vez que estavam sujeitos à proteção e autoridade do senhor dessas terras.

2.2.2) Afinal, é insensatez maltratar o cativo, pois isso, além de ser pecado grave - a ponto de perder a amizade de Deus sistematicamente -, é também contraproducente, pois só quem concentrava muita riqueza em poucas mãos, como os grandes senhores de engenho, é que podiam fazer isso, já que faziam da riqueza sinal de salvação a tal ponto que não tinham escrúpulos de escravizar gente, uma vez que esses eram vistos de antemão como condenados. 

2.2.3) Esses grandes senhores de engenho, em geral, eram judeus que se convertiam ao cristianismo de modo a evitar serem perseguidos (cristãos novos) ou estrangeiros que praticavam o calvinismo (holandeses ou franceses). Neste ponto, estavam fora da conformidade com o Todo que vem de Deus.

2.3.1) Os servos que eram comprados desses reinos africanos islamizados eram salvos da morte por meio desse ato de compra, que era um ato de caridade (tanto é verdade que a Igreja salvou muitos desses escravos comprando-os da África e trazendo-os para o Brasil). Quando se convertiam ao cristianismo, esses novos cativos tinham uma dívida de gratidão com seu novo senhor e trabalhavam de modo a poderem indenizá-lo pelas despesas que este teve ao salvá-los da morte certa.

2.3.2) Isso confirma a tese de que Portugal não foi uma potência escravista, como muitos nos fazem pensar, como também confirma a tese do Jorge Caldeira de que o Brasil foi desenvolvido pela iniciativa dos que tinham pequenas e médias propriedades - e não pelos grandes senhores de engenho, tal como está impregnado no nosso imaginário. A maior prova disso é que os documentos da época da abolição falavam em eliminar o elemento servil e não em escravidão, pois no cristianismo ninguém tem poder de vida ou de morte sobre os servos, a não ser o próprio Deus. 

2.4.1) O senhor que tinha um servo tinha que lhe prover o sustento e recursos de modo que ele pudesse se desenvolver e se tornar uma pessoa livre após um determinado tempo de serviço (geralmente 7 anos). Tratava-se de uma servidão por dívida. Isso confirma a tese de que esses escravos, quando pertenciam a um pequeno ou médio proprietário rural, não eram maltratados.

2.4.2) Por conta da vida fundada na conformidade que vem de Deus, que os libertou da escravidão dos islâmicos, muitos dos que vieram para cá como servos faziam uma poupança de modo a comprar a alforria, a qual era paga ao pequeno e médio proprietário de terras, esse bom senhor que os salvou das tribos africanas islamizadas, evitando assim que fossem mortos por essa gente, já que para os islâmicos a escravidão é um direito inalienável.

2.4.3) Essa despesa tinha que ser restituída por uma questão de justiça, pois era mais do que uma dívida financeira; tratava-se de uma dívida moral, uma vez que Jesus remiu a todos os que acreditaram n'Ele com o seu sangue. Eles aprendiam isso quando vinham ao Brasil e se tornavam cristãos, pois o país foi fundado com o propósito de servir a Cristo em terras distantes, por força de Ourique.

2.4.4) Quando os cativos ficavam livres, eles podiam ter seus próprios servos ou voltar para a África, ajudando a desenvolver a tribo da qual faziam parte, não só economicamente como também militarmente. E assim essas tribos ficavam mais resistentes aos ataques das tribos e dos reinos africanos islamizados. 

2.4.5) Esses reinos africanos que tiveram seus súditos repatriados acabavam fazendo pactos defensivos com os portugueses e se tornavam protegidos do Reino de Portugal, uma vez que esses negros alforriados se tornavam diplomatas perfeitos neste aspecto, pois estavam tomando dois lugares como um mesmo lar em Cristo, a ponto de servirem a Ele em terras distantes - e as filhas desses escravos libertos, que acabavam se tornando reis desses lugares, eram casadas com os nobres portugueses, a ponto de fortalecer a relação entre os portugueses e os habitantes da África e da América.

3.1) Quando a chaga do liberalismo começou a dominar o Reino de Portugal, Brasil e Algarves, o país foi sendo paulatinamente descristianizado, desde a famigerada secessão de 1822. Tanto é que verdade que a relação de servidão tornou-se mais cruel, a ponto de o senhor ter poder de vida e de morte sobre os servos e se tornarem seus escravos, uma vez que o homem voltou a ser a medida de todas as coisas. 

3.2) Foi graças à ação dos abolicionistas e de uma princesa muito católica chamada Isabel que esta relação foi de vez abolida, pois o tempo de aboli-la havia chegado e é por conta da vingança desses maçons que o Império foi derrubado de modo a dar lugar a esta república que nos escraviza sistematicamente. Ela perdeu seu trono, mas ganhou a coroa da justiça, a ponto de que devemos tomá-la como santa, uma verdadeira amiga de Deus por força disso.

4.1) Enfim, é por conta do amor de si até o desprezo de Deus que a relação de servidão degrada numa escravidão. Se o senhor tem direitos sobre os corpos dos escravos, então ele pode abusar deles a ponto de morrerem por força disso. 

4.2) Disso até o direito de abusar do próprio corpo, a ponto de pichá-lo com tatuagens e mutilá-lo com piercings, trata-se de um verdadeiro pulo, de uma verdadeira gnose.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 8 de agosto de 2018.

quarta-feira, 1 de agosto de 2018

Comentários a uma fala do Augusto Nunes

1) Augusto Nunes disse, n'Os Pingos dos Is de hoje, que Chico Buarque é um grande compositor e, ao mesmo tempo, uma besta quadrada em matéria de política.

2) Eu lembro que alguém, certa ocasião, fez uma postagem aqui no facebook dizendo mais ou menos o seguinte: "Quando Sócrates consultou o Oráculo de Delfos, ele ficou espantado com a afirmação do Oráculo de que ele era realmente um sábio. Intrigado com isso, ele começou a conversar com os artífices. Ele logo percebeu que eles eram muito bons em sua arte, mas eram verdadeiras bestas quadradas em todo tipo de assunto que fugisse à sua competência, como, por exemplo, matéria de política".

3.1) À luz desta postagem exposta, o Chico não passa de um artífice que prepara o caminho para os sofistas, os políticos ligados à mentalidade revolucionária.

3.2) Se falar bem é uma arte, então falar bem sobre qualquer coisa, ainda que conservando o que é conveniente e dissociado da verdade, pode levar as pessoas a um beco sem saída, quando o assunto é decidir os rumos da polis - eis porque os sofistas eram os alvos das críticas de Sócrates.

3.3) O professor Olavo aponta também que ele não era o autor das músicas que compunha, pois muitas dessas obras foram obras encomendadas (corrijam-me, caso esteja errado). Certa ocasião, já vi alguém dizendo que os livros escritos por Chico são uma bela de uma porcaria. Eu precisaria ler os livros dele para poder ver se essa afirmação procede, mas fica o registro daquilo que ouvi.

4.1) Em todo o caso. se ele usa a arte de bem dizer as coisas em forma de música a serviço da ideologia, então ele é uma forma muito pior de sofista - ele é um intelectual orgânico que fomenta uma cultura revolucionária.

4.2) Não é preciso que as coisas sejam feitas, a ponto de ser um operário em constante construção - tudo o que é preciso é ser um burguês e fazer da riqueza um instrumento a serviço do salvacionismo revolucionário. Basta encomendar uma obra cuja autoria será atribuída a ele, o que é desonestidade intelectual, já que a pessoa não coloca a melhor parte do seu ser em diálogo com o seu ouvinte/leitor onisciente.

4.3) Não é à toa que isso e picaretagem intelectual são quase sempre sinônimos nesta terra.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 1º de agosto de 2018.