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quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Distributivismo não é fascismo e nem corporativismo

Um bovino declarou isto:

"Por que sou um fervoroso inimigo do chamado "distributivismo"? Porque ele tem um viés corporativista e fascista. O seu corporativismo já existe em nossa sociedade: as associações sindicais, as corporações de ofício e demais entidades de trabalho, que simplesmente excluem uma boa parte da população de excelência em cargos e profissões que poderiam ser exercidas livremente, sem intermediários. Exemplo disso são as OABs da vida e os conselhos de classe, que são verdadeiras guildas, no pior sentido do termo. Eu mesmo não leciono história, porque não tenho diploma de história. Todas essas obstruções mesquinhas, longe de protegerem o trabalho, na prática, são um monopólio perverso e descarado dos ofícios para uma quadrilha de apaniguados diplomados. O bacharelismo na cabecinha de cu de certos católicos é vergonhoso, permissivo, grosseiro, coisa de economia mercantilista do Antigo Regime. Por outro lado, a idolatria do Estado. Agora o Estado serve pra resolver problemas totais, que vão da economia à vida privada das pessoas. Eu penso que esse tipinho católico de facebook é tão imbecil, que a única resposta merecível é: vá tomar no seu cu!

01) O bovino declarou o seguinte: "Por que eu sou um fervoroso inimigo do chamado 'distributivismo'? Porque ele tem um viés corporativista e fascista (sic)".

02) Fascismo decorre de uma economia com controle social promovido pelo Estado. O Estado, através da coerção, cria o monopólio, através da lei - e transforma a liberdade numa concessão governamental (liberdade pública).

03) Como são poucos os beneficiários, os privilegiados pelos monopólios criam oligarquias. E essas oligarquias se associam umas às outras para manter o poder econômico e o poder político - em outras palavras, são conservantistas. Isso é fascismo e corporativismo, um passo transitório para o socialismo.

04) Quem chama distributivismo de "facismo e corporativismo" ignora que o ensinamento da Igreja não se dá através da força, mas do amor e da caridade, coisas que têm fundamento em Cristo. E o amor e a caridade promovem uma ordem na distribuição livre, natural e magnânima dos bens a quem nós confiamos e respeitamos. É pela liberalidade, pelo servir ao outro como um espelho do seu próprio eu, que a economia local se desenvolve e é com base nisso que este lugar é tomado como um lar. E integrando-se de maneira sistemática esses locais de modo a que eles tenham um patrimônio comum é que se promove nacionidade. E essa nacionidade está fundada em algo universal: o fato de que a verdade não precisa ser minha ou sua para que seja nossa.

05) Quem funda uma economia própria com base no amor de si, dissociado de Deus, certamente vai buscar o monopólio, de modo a eliminar a concorrência - e nisso apoiará políticos que defenderão estado forte e intervencionista. E haverá uma natural associação entre os grandes empresários e o governo. E a tendência é se unirem em blocos internacionais e daí para a cosmópolis. E o totalitarismo é o caminho natural para o governo mundial (cosmópolis). É o processo de piramidização do poder.

06) Está acertada a colocação de Chesterton de que "capitalismo demais gera capitalismo de menos". Quem tem a sua verdade quer poder absoluto, pois quer ter tudo para si - e tudo isso se funda no amor de si, dissociado de Deus. É dessa forma que ele vai eliminando o outro do cenário, por ser seu inimigo. E os amigos dele durarão enquanto comungarem dessa fé nefasta do homem tornado Deus, enquanto merecerem ser abençoados.

07) Além disso, quem critica o distributivismo assim, certamente está chamando o Papa Leão XIII, o autor da Encílica Rerum Novarum de fascista, bem como a Chesterton e Belloc dessa forma. Que tipo de católico essa pessoa é que faz acusações desse modo?

08) Quem critica o ensinamento ex-cathedra de um Papa necessariamente ataca a autoridade central da Igreja. Isso é causa de excomunhão.

09) Se você não aceita um ensinamento ex-cathedra, você necessariamente aceita as coisas porque estas lhe são convenientes - e o que é bom hoje passa a ser a ruim amanhã num passe de mágica - basta você querer. Tudo isso se funda no auto-interesse. Você acha isso bom? Quem interpreta a bíblia para fins particulares certamente buscará também ficar rico e poderoso a qualquer custo. A ordem protestante por iso é ruim. E não é à toa que identifiquei o conservantismo como um mal decorrente da Reforma Protestante.

10) O que os bovinos  falam não passa de uma confissão grosseira de ignorância.

11) Para mais sobre distributivismo, convido a ver estes dois vídeos:

Introdução ao distributivismo: http://adf.ly/ati62

Chesterton e o distributivismo: http://adf.ly/atiuz

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