Liberal boboca falando:
Isso que você fala, Dettmann, é quase que a realização do sonho do MST, alegando motivos completamente diferentes.
1) Se o empregado se tornar sócio por seu trabalho, o que acontecerá quando ele deixar de trabalhar, ele também deixará de ser sócio? MUITAS sociedades acabam justamente por isso.
2) O segundo problema é transformar isso em direito. A propriedade de uma empresa não será mais de seu dono, mas de qualquer um que venha a trabalhar nela. Além disso um igual não pode obrigar outro igual, se todos os trabalhadores são sócios como poderão receber ordens de alguém?
Minha resposta:
1) A Empresa, quando trata bem seus empregados, ela é tomada como se dos empregados fosse - logo, a empresa se torna uma extensão da casa do empregado.
2) Se você dá ao empregado a responsabilidade de cuidar bem da empresa como se fosse sua, você democratiza um dos poderes da propriedade, que é o dever de bem cuidar de seu bem, pois é da empresa que os empregados retiram o seu sustento. Isso gera uma relação, fundada na pessoalidade e na confiança - logo, a probabilidade de haver mais equilíbrio de poder e justiça no âmbito da empresa é maior. O sentido da cooperação entre os homens se dá justamente nisso.
3) Se houver autoridade, por parte do empresário, que seja fundada no respeito, na liderança. O líder ensina seus empregados a trabalhar e a assumir suas responsabilidades. Bons empresários não são tiranos. Empresário justo trata seus empregados como seus assistentes, como seus companheiros de trabalho. Ele precisa assumir um perfeito imitador de Cristo, no âmbito da empresa.
4) O capitalismo não é liberdade. É quase uma escravidão, fundada na avareza. Com base nisso, a economia vira uma guerra de morte - e toda competição, neste caso, vira uma ameaça ao poder da empresa, fundado no monopólio.
5) Isso só confirma o argumento de Chesterton de que o capitalismo só é bom quando os bens estão concentrados em poucas mãos - e em poucas mãos há a tendência de se inviabilizar a concorrência, através do truste ou do cartel.
5) Isso só confirma o argumento de Chesterton de que o capitalismo só é bom quando os bens estão concentrados em poucas mãos - e em poucas mãos há a tendência de se inviabilizar a concorrência, através do truste ou do cartel.
6) A relação entre empregador e empregado deve ser de dono e colaborador, tendendo a uma sociedade. Quanto mais confiança, mais horizontalidade. Se houver verticalidade e impessoalidade, é só um eufemismo para escravidão. É justo o empresário ter poder de vida e de morte sobre os empregados, se os trata como se fosse coisa, abaixo da dignidade humana que merecem? Maus empresários, que primam o lucro sobre o trabalho, são por essência avarentos. Eles tomam a economia como uma guerra a qual conduzem até a morte, a falência do oponente.
7) Estão vendo por que esse argumento é furado? Da forma como isso é exposto, defende-se uma ditadura fundada na democratização da coação, do mando, da fraude e da violência - e não uma ordem civilizada nos modos, da cortesia e da educação, coisas instituídas através do Cristianismo. Na ordem privada, o comando não é a base, mas a autoridade, fundada no respeito e na sabedoria, na cortesia.
8) Os argumentos são dignos de quem defende uma ordem social predatória, igual a do socialismo, só que ao em vez da exploração do Homem pelo Estado, no Homem pelo Homem. Defender este tipo de ordem não é digno de quem professa a fé cristã.
9) A razão de toda e qualquer parceria é em razão do trabalho e do serviço. Todo interesse comum, fundado na cooperação, se funda no amor, já que o trabalho é causa de santidade.
10) Ninguém é obrigado a trabalhar - trabalhar é bom porque dá sentido à vida e isso é nobre. Se alguém não me quiser como sócio por alguma razão, que se desfaça a sociedade. Se sou admitido como sócio, tenho deveres para com os meus semelhantes e com a sociedade que constituí com ele. Não é justo ser sócio e nada eu produzir. Isso é abuso de direito.
11) O fundamento de uma sociedade em prol do trabalho é a amizade entre os sócios, a afinidade. Uma sociedade fundada no capital é indiferente quanto à natureza da pessoa do sócio.
12) Uma sociedade jamais será feliz enquanto a sociedade anônima for referência ou base para todas as relações sociais. Exemplo disso é que o modelo da impessoalidade já se estendeu ao casamento com a chamada expressão "a fila anda". Em vez de uma ordem monogâmica, temos uma poligamia contínua decorre da substituição do marido ou da mulher como peça intercambiável.
13) Numa sociedade livre, humana é importante conhecer as pessoas com as quais você lida. Pode ser ou não conveniente associar-se a alguém. A minha liberdade, fundada em Cristo, deve ser para eu bem servir aos meus irmãos, nunca para prejudicar os meus semelhantes. Uma empresa é um projeto de vida de uma pessoa e ela é feita para bem servir à sociedade. Pois trabalhar dá sentido à vida; ficar rico é conseqüência.
Liberal: É mentira que os salários são sempre pequenos...
Dettmann: Examine a realidade, cara. Não fique na abstração do liberalismo. E não me faça perder o meu precioso tempo com esse papo furado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário