1.1) A abertura de uma embaixada numa civilização estrangeira é sempre uma oportunidade para se reunir informações acerca desse país com o qual você, enquanto governante, tem seu primeiro contato. Esses eventos podem ser de natureza comercial, o que é ideal para a instalação de companhias de comércio.
1.2) É do conhecimento de eventos contados pelos habitantes locais ou por meio de viajantes estrangeiros que se conhece a eventual oferta ou demanda de uma determinada região, favorecendo assim a integração desses povos, a ponto de converter um inimigo em potencial num amigo ou mesmo aliado. Muitos mercadores ao longo da História atuaram como embaixadores, a ponto de conhecerem as intrigas palacianas da corte onde atuavam como agentes acreditados.
1.3) É dessas intrigas políticas que surgiam a oportunidade de organizarem caravanas ou frotas mercantis de modo a atender as necessidades políticas ou econômicas da corte estrangeira. Atendidas tais necessidades, esses diplomatas obtinham os favores do soberano estrangeiro, a ponto de conseguirem uma eventual aliança diplomática ou algum acordo de cooperação de modo a favorecer o desenvolvimento tecnológico de ambas as partes. Dessa forma, esses mercadores conseguiam muito prestígio, a ponto de a imunidade diplomática ter uma razão produtiva, a ponto de fomentar uma relação estreita entre os interesses do comércio e os interesse de Estado.
2.1) Era comum haver reunião nas guildas de mercadores de modo a trocarem informações entre si visando a uma mútua cooperação e mútua proteção, uma vez que da reunião de vários mercadores acreditados em múltiplas cortes havia um microcosmos da ONU dentro do reino onde serviam, a ponto de haver uma reunião de Estado-maior. Ali era uma forma de obter informações privilegiadas e uma forma de produzir informações estratégicas, a ponto de se tornarem um tremendo de um think-tank.
2.2.1) Era dessa forma que eles construíam as pontes que favoreciam as relações exteriores que visavam integrar dois reinos como um mesmo lar:o reino onde nasceram e o reino onde serviram como diplomatas acreditados
2.2.2) Quando obtinham muito prestígio junto à corte estrangeira, eles passavam a administrar em nome desse rei estrangeiro entrepostos comerciais, a ponto de transformá-los em alfândegas, por conta do constante fluxo de caravanas ou frotas mercantis que passavam pela rota comercial que ligavam esse reino a um outro, seja ele amigo ou aliado. Como separavam uma parte do que recolhiam do imposto para si, na forma de salário, eles passavam a ter economia própria a ponto de organizar uma companhia de comércio, de modo a obter o monopólio dos produtos dessa região, uma vez que detinham a permissão exclusiva de explorar esses recursos da terra de modo a estreitar os laços entre o país onde nasciam e o país onde atuavam como agentes acreditados, enquanto diplomatas. Essas companhias de comércio eram regidas por homens ilustres, geralmente descendentes de pessoas igualmente ilustres cujo passado ajudou a construir um passado glorioso para a nação onde o mercador serve com muito orgulho, imitando o exemplo de seu ancestral.
3.1) As companhias de comércio constituem uma forma de imperialismo e uma forma de expansão da esfera de influência de uma civilização junto a uma potência estrangeira. Seu fundamento se respalda no conhecimento acumulado de dados da inteligência de modo que uma nação se proteja da agressão externa de outras - ela não é só uma forma de ataque, mas uma forma de defesa, já que ela é a base da sobrevivência de nações talassocráticas, a ponto de fazer disso uma obsessão, uma paranóia.
3.2) Dois eram os fundamentos da talassocracia: quem tem o controle dos mares tem o controle de tudo e o fato de que é dos inimigos, e não dos amigos, que grandes nações constroem muralhas para se defenderem - eis a razão pela qual nações talassocráticas são essencialmente protecionistas. Isso tende a ser ainda mais pesado se uma nação como Portugal carrega sobre si a responsabilidade de servir a Cristo em terras distantes, uma vez que o sigilo, a discrição, promove mais o verdadeiro de Deus do que a liberdade dos mares, já que isso diz muito sobre o amor de si dos homens até o desprezo de Deus, a ponto de fazer da riqueza sinal de salvação.
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 25 de agosto de 2019.