1.1) Se no capitalismo a riqueza é vista como um sinal de salvação, então a aplicação extremada desse conceito leva ao monopólio, à concentração dos poderes de usar, gozar e dispor em poucas mãos.
1.2.1) Como a forma originária de aquisição da propriedade se dá pela ocupação dos bens de modo a se produzir algo organizado para atender aos que amam e rejeitam as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento, os que amam mais o dinheiro do que a Deus estão querendo acabar com a instituição familiar, de modo a concentrar mais bens ainda em cada vez menos mãos.
1.2.2) É da família que vem a sucessão - assim, bens adquiridos por força do exercício de uma atividade econômica organizada podem ser legados aos descendentes e a atividade benevolente de servir ao próximo de modo a se ter o pão de cada acaba se perpetuando no tempo e no espaço, de modo a se criar uma tradição, assim como uma estirpe, uma personalidade constante entre diferentes gerações de uma mesma família de modo a se amar e rejeitar as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento e não aceitar nenhum domínio tirânico fundado no amor de si, na exploração do homem pelo homem. E é dentro da estirpe bem formada que vem os homens com alma livre, por terem personalidades bem formadas desde o berço.
2.1) Como já existe entre nós uma cultura de que a riqueza é vista como um sinal de salvação, então os metacapitalistas precisarão de um Estado tomado como se fosse religião de modo que toda e qualquer contestação a este tipo de domínio seja fortemente reprimida. E a nacionalidade implica ter relações jurídicas com esse Estado de tal modo que a pessoa seja vista como propriedade desse governo totalitário, como se fosse seu escravo, uma vez que tudo está no Estado e nada pode estar fora dele ou contra ele.
2.2.1) Uma vez que a noção de verdade vai sendo dissolvida no relativismo cultural e religioso, a noção de família sendo progressivamente abolida junto.
2.2.2) Com a abolição da família, também são abolidos os marcos que estabelecem as fronteiras que separam a propriedade pública e e a privada privada, cirando uma verdadeira confusão no microdireito. Ao mesmo tempo, isso também cria uma verdadeira confusão no Direito Internacional Público, o macrodireito, de modo que Estados são fundidos e soberanias terminam extintas para darem a uma Nova Ordem Mundial, comandada por um governo central, a Organização das Nações Unidas.
2.2.3) Eis aí o fenômeno da metanacionalidade, em que vários povos, das mais diferentes origens, são regidos por um direito supranacional, decorrente de um órgão, como vemos na União Européia, de tenta dominar vários povos e interferir nas mais variadas legislações nacionais desde Bruxelas.
2.2.4) Na metanacionalidade, a Europa é tomada como se fosse religião de tal maneira que já não existe mais português, polonês ou espanhol - todos são reduzidos a europeus, uma vez que a dissolução da família leva a dissolução do senso de se tomar um país como um lar, o que leva à dissolução da identidade nacional, do jeito de ser que diferencia um povo e outro. No lugar das diferenças culturais, surge toda uma cultura de massa que padroniza comportamentos, emburrecendo em massa as pessoas.
3.1) Enfim, onde se ama mais o dinheiro do que a Deus, é inevitável uma centralização política, sob o respaldo do poder econômico.
3.2) As monarquias absolutistas, que fundaram Igrejas Nacionais, nasceram da parceira dos reis com os mercadores que desejavam um padrão de pesos e medidas de modo que o comércio fosse facilitado.
3.3.1) Com o tempo, com o amor ao dinheiro se intensificando, as diferenças entre as línguas e culturas tornaram-se um entrave para esses seres gananciosos - e a Nova Ordem Mundial é a radicalização desse processo que começou como uma reação ao feudalismo, coisa que se iniciou desde o advento do renascimento comercial, da passagem da Idade Média para a Renascença.
3.3.2) Neste ponto o pensador Bertrand de Juvenel está correto: quanto maior a concentração do poder, maior o arbítrio. E isso se dá por meio da concentração dos poderes de usar, gozar e dispor em poucas de tal modo que a fronteira entre a propriedade pública e a propriedade privadas sejam dissolvidas, por conta de se promover uma cultura em que a riqueza é um sinal de salvação e que o Estado é tomado como se fosse religião, de modo a matar a fé verdadeira, fundada na conformidade com o Todo que vem de Deus, o que edifica liberdade com fins vazios.
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 28 de outubro de 2017 (data da postagem original).