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quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Notas sobre o cristianismo e o conservantismo pragmático inglês

1) O "conservadorismo", ou a "mentalidade conservadora" mais divulgada, é apenas o (limitado) ponto de vista anglo-saxão sobre a realidade, e não “o” ponto de vista do Cristianismo (ao menos o católico). Os anglo-saxões são os campeões da imaginação, da lógica e da força de vontade ("empreendedorismo"), mas estas qualidades, sem a apreensão da realidade, não podem perfazer uma perspectiva exatamente cristã.

2) Quando a Inglaterra, com Henrique VIII, rompeu com a fé católica, os ingleses mergulharam no abismo metafísico (ao qual já caminhavam desde Ockham, e cuja expressão mais significativa é a desinteligência humeneana); seu "conservadorismo" é um conservadorismo "pragmático", que conserva "o que funciona enquanto funciona”, e não porque corresponda à verdade moral (dos mandamentos e da Lei Natural) conhecida como tal; ou também, nas palavras de Roger Scruton, um “conservadorismo empírico”, e não um “conservadorismo metafísico” (jusnaturalista, que procura fundamentar racionalmente a moral).

3) Scruton é bastante honesto quando diz que esse conservadorismo não se identifica com uma “visão cristã”, simplesmente. Conservadores como ele se atêm aos “valores cristãos” enquanto herança cultural, mas não enquanto valores eternos, indissociáveis da religião, da graça. Conservadores assim terminam reduzindo a fé a uma expressão cultural, “exotérica”. Este conservadorismo situa-se no plano da “imanência”: o presente deve conservar o passado para preservar o futuro. Evidentemente isso tem seu valor na atividade política, mas o que quero deixar claro é que esse tipo de “luta” não se identifica exatamente nem deve ser tomada como “a” batalha do cristão.

4) O “conservadorismo metafísico” tem em vista o “eterno” (ou o “clássico”, o supratemporal); neste sentido, não se opõe, por exemplo, a um são “progresso” ou, melhor, "desenvolvimento", na área das políticas sociais, sempre que o exija a realidade social, à luz do princípio da subsidiariedade da Doutrina Social da Igreja (a defesa da mulher e da criança é um “progresso” cristão em relação ao paganismo, e o abortismo “atual” é retrógrado). Desta forma, “conservar” ou “desenvolver” têm valor em relação ao bom ou ao melhor. Isto explica a grandeza de um Cardeal Newman, de um Chesterton, de um Tolkien, e dos chamados “anglo-católicos” (como C.S. Lewis): eles souberam conciliar as virtudes britânicas com a fé cristã.

Joathas Bello

Facebook, 20 de setembro de 2018.

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Postagem relacionada:

http://blogdejoseoctaviodettmann.blogspot.com/2018/09/notas-sobre-relacao-entre-utilitarismo.html

Comentários:

José Octavio Dettmann: 

1) Eu chamaria esse "conservadorismo" de conservantismo pragmático inglês.  

2) Conservam o que funciona, com base no princípio do enquanto bem servir, tendo por fundamento critérios humanos ricos no amor de si até o desprezo de Deus. Se o que bem servir é dissociado da verdade, então ele acaba gerando liberdade com fins vazios, relativizando o que há de mais sagrado.

3) Isso vai fazendo o que é sólido desmanchar no ar, através de uma dissolução lenta, gradual e segura em que o sólido vai para o líqüido e daí para o gasoso, para a anarquia. Vai edificando má consciência nas pessoas sistematicamente, sem que estas percebam.

O evangelho português fundado em Ourique é a liturgia adequada para o Brasil ser tomado como um lar em Cristo

1.1) Se para a liberdade política é preciso uma liturgia adequada, então a vida fundada na conformidade com o Todo que vem de Deus necessita que as pessoas sejam livres em Cristo, por Cristo e para Cristo, uma vez que Ele é a verdade em pessoa.

1.2) Como Ele deu a vida para nos salvar, então Ele instituiu um memorial, a eucaristia. É por meio dela que aprendemos a conservar a dor em Cristo a ponto conservar o que é conveniente e sensato de modo que isso nos aperfeiçoe no senso de amar e rejeitar as coisas tendo por Ele fundamento.

1.3) Esta é, portanto, a liturgia adequada de modo que os países sejam tomados como um lar em Cristo e não como se fossem religião, em que tudo está no Estado e nada pode estar fora dele ou contra ele.

2.1) Quando veio a Revolução Francesa e com ela o pensamento liberal e maçônico, a lei escrita pretendeu substituir a lei que se dá na carne de cada um de nós pela lei positiva.

2.2.1) As sucessivas eras de nacionalismo e de salvacionismo denunciam que esta não é a liturgia adequada para os nossos tempos, uma vez que o verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, Nosso Senhor Jesus Cristo, é a medida de todas as coisas. Toda pretensão de substitui-Lo será infrutífera.

2.2.2) A maior prova disso é que o Pai da Imperatriz Leopoldina disse a D. Pedro I para não se preocupar em fazer uma nova constituição para o país, uma vez que o senso de servir a Cristo em terras distantes, tal como foi estabelecido em Ourique é a razão de ser todas as coisas que fazem o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves como um lar em Cristo - e isso já basta.

2.2.3) Mas não é isso o que ocorreu - D. Pedro e José Bonifácio separaram o Brasil de Portugal, inventando a falsa alegação de que o Brasil foi uma colônia. Já estamos entrando na oitava constituição - e o que podemos perceber é que esta liturgia decorrente da secessão é inadequada.

3) Acho que seria melhor voltarmos a ser parte do Reino Unido e honrar as nossas origens, nosso mitologema, nossa razão de ser.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 20 de setembro de 2018.

Postagens relacionadas:

http://blogdejoseoctaviodettmann.blogspot.com/2018/09/toda-libertacao-politica-necessita-de.html

Paulo Manuel Sendim Aires Pereira:  O pior não é isso! Eles recusaram as decisões de uma constituinte eleita democraticamente por todo o império.

O problema seria que os portugueses estavam dominando e subjugando o Brasil. Tudo bem! Mas depois de fazer uma constituinte só com brasileiros também a recusaram e impuseram uma constituinte eles próprios. Trata-se daquele princípio: "Sou democrata desde que o povo pense como eu!"

Toda libertação política necessita de um culto litúrgico adequado

1) Uma libertação política pressupõe um culto litúrgico adequado. Quando vai dirigir-se ao Faraó comunicando a mensagem de Deus, Moisés diz a rei do Egito que liberte os israelitas para que possam prestar culto ao Senhor no deserto.

2) Posteriormente, vemos que uma vez libertos da escravidão no Egito, antes de adentrarem a Terra Prometida, Israel recebe ordens minuciosas para o culto divino. Apenas após a perfeita instituição e realização adequada da liturgia própria do Antigo Testamento é que o povo eleito se coloca em marcha, rumo à conquista da Terra Prometida.

3) O análogo com o nosso tempo é inevitável: não haverá nenhuma libertação política satisfatória antes de uma correta e piedosa purificação da liturgia.

Edmundo Noir

Facebook, 20 de setembro de 2018.

Postagem original:

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Comentários adicionais

Joathas Bello:  

1) Para quem crê, a adoração a Deus é o centro da existência. Para o católico, essa verdade revela a centralidade da Liturgia em sua vida. Esta deve ser escola de adoração, que nos ajude a viver o Mistério de Deus celebrado em seus ritos, vivendo a partir deste Mistério em nosso cotidiano.

2) Alguns sacerdotes, sob o pretexto de romper uma possível antinomia entre a Fé e a vida, procuram que a Liturgia, tida como incompreensível, seja mais "simples", mais "popular". A única coisa que conseguem é empobrecê-la, torná-la vulgar, banal. Assim, a vida (dessacralizada) transforma-se na regra da Fé, ao invés da Fé tornar-se a regra da vida! O resultado é um culto equívoco, muitas vezes dirigido à própria emoção, à mera fraternidade, às músicas e aos sacerdotes "animados"... – o que leva à desorientação espiritual.
 
3) Os momentos críticos da história de Israel, no exílio, nasceram durante as crises de adoração, durante períodos de idolatria. A questão litúrgica é de uma importância vital: vivendo equivocadamente a Liturgia, vivemos "desterrados", longe da Pátria Celeste! E nem mesmo encontramos o sentido de nossa tarefa no mundo... 

(transcrito deste blog: https://ictys.blogspot.com/2005/)

Notas sobre a relação entre nacionidade e economia

Aqui na cidade há quase um luto geral. O motivo: a falência de um tradicional supermercado local. O pessoal criou um sentimento pelo estabelecimento como se fosse um membro da família, uma vez que o viram nascer pequeno, crescer aos poucos e se consolidar como um grande supermercado - e agora tem gente que até chora, ao constatar sua decadência e morte (falência).

É algo muito bonito,  pois mostra uma visão econômica para além da contabilidade barata, uma vez que o mercado será vendido a uma grande rede. Em termos financeiros, a perda para economia local será mínima, mas  haverá uma perda do senso de se tomar o local como um lar, uma vez que é uma tradição de excelência e orgulho local que vai se perdendo.

Enfim, é uma bonita expressão do ethos nacional que ainda sobrevive ao avanço da modernidade.

Edmundo Noir

Facebook, 20 de setembro de 2018.

Link da postagem original:

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O texto foi adaptado por mim, José Octavio Dettmann 

quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Da honra como o único bem que nenhum comunista é capaz de tirar de um indivíduo

1) Se propriedade é a acumulação das coisas ao longo do tempo, por conta da constante ocupação das coisas de modo a estabelecer uma atividade econômica organizada que perpassa as gerações, então os títulos de nobreza que uma família acumula, por conta dos relevantes serviços à nação, são também parte do conceito de propriedade - trata-se de bem imaterial, cujo acessório segue a sorte do principal, que é a honra de uma família.

2) E ao contrário dos imóveis, que podem ser tomados, os títulos de nobreza jamais são tirados, uma vez que isso decorre do caráter da família, que permaneceu constante ao longo das gerações. E o que foi acumulado por força da honra jamais será tirado por governo algum.

3) Os comunistas odeiam a nobreza porque o que foi acumulado em honras jamais será tirado por governo totalitário. E se um membro da nobreza é morto pelos comunistas, então seu martírio acabará servindo de semente para novos cristãos, que imitarão o exemplo desses mártires a ponto de se santificarem através do trabalho e darem a vida por Cristo por força disso.

4) Como as honras são estendidas a família, então os comunistas querem abolir a família justamente por isso: para que não haja nobreza no mundo. O próprio fato de haver uma sociedade proletarizada, onde a individualidade de alguém é dissolvida no coletivo, é a constatação de que a ordem social foi criada de tal modo a negar Cristo bem como a nobreza.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 19 de setembro de 2018.

Por que devemos preferir os livros aos filmes de Hollywood?

1) Há quem me diga que os filmes de Hollywood desconstroem o que digo nos artigos anteriores, a respeito da nobreza.

2.1) Ora, Hollywood não é parâmetro.

2.2) Desde os anos 1920, a indústria cinematográfica está intimamente ligada às idéias comunistas. Por isso, os filmes que retratam a nobreza não passam de peças de desinformação, de peças de subversão, a ponto de conservar por mais algumas gerações, de maneira conveniente e dissociada da verdade, a idéia de que a nobreza é algo nefasto.

3.1) Por isso que nunca fui cinéfilo na minha vida. Sempre preferi livros aos filmes.

3.2) Livros pedem o melhor esforço da parte de quem escreve. Como todo livro tem seu leitor, então somente os melhores livros são lidos pelos melhores leitores, que são poucos. Não é à toa que eles são caros. Com livro edifica alta cultura, então eles te levam ao compromisso com a excelência, condição essencial para a vida nobre, onde você vive na conformidade com o Todo que vem de Deus.

3.3) Filmes, por sua vez, estão intimamente ligados ao entretenimento de massa. Por isso mesmo, servem mais à baixa cultura, pois fazem despertar os nossos instintos mais primitivos. E os filmes de Hollywood, enquanto peça de desinformação, servem mais a esse propósito.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 19 de setembro de 2018.

A educação domiciliar leva ao restabelecimento da nobreza

1) Se os melhores na sociedade nascem de famílias bem estruturadas, com pai e mãe conhecidos e com altíssima escolaridade, então é natural dizer que o ensino domiciliar leva ao renascimento da nobreza, pois o compromisso com a excelência - com a conformidade com o Todo que vem de Deus - vem de berço, a ponto de ficar tão impresso no caráter. É por conta de estar impresso no caráter que esta lição de Platão jamais será esquecida: verdade conhecida é verdade obedecida.

2.1) É do renascimento da nobreza que surge uma elite preparada desde o berço disposta a governar o país, uma vez que toma o país como um lar em Cristo e o povo que nele vive como parte de sua família, o que nos prepara para a pátria definitiva, a qual se dá no Céu.

2.2) A monarquia ressurgirá a partir do momento em que o melhor dentre os melhores passa a imitar o exemplo de D. Afonso Henriques, a ponto de servir a Cristo de modo que o povo desta terra volte a servir a Cristo em terras distantes, tal como se deu em Ourique. E neste ponto, o melhor dentre os melhores se torna o primeiro entre seus pares da nobreza - por isso mesmo, o príncipe do Brasil.

3.1)O simples fato de haver nobreza fere de morte a sociedade igualitarista da maçonaria, uma vez que a igualdade é algo muito artificial, criado por meio de lei positiva, algo que é próprio de Estado tomado como se fosse religião, onde tudo está nele e nada pode estar fora dele ou contra ele.

3.2.1) Os indivíduos nascem desiguais - a única igualdade que há é que somos filhos e filhas de Deus, uma vez que Ele mandou Seu Filho muito amado, de modo a nos salvar do pecado.

3.2.2) Esta igualdade se dá na lei que se dá na carne, pois é mandamento de Deus nos amarmos uns aos outro tal como Jesus nos amou. E neste ponto usamos nossas desigualdades de modo a servirmos um em função de modo a edificar um bem comum, fazendo o país ser tomado como um lar em Cristo, causa de nacionidade.

3.2.3) Logo, podemos dizer que desigualdade é vida e igualdade, liberdade e fraternidade - coisas que levam a país sem Deus - levam à morte, à apatria eterna.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 19 de setembro de 2018.