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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Notas sobre a navegação da Arca de Pedro em águas traiçoeiras

1) O fato de a Igreja estar usando terminologia marxista não está no fato de que ela, a Igreja, se tornou marxista. Ela está tomando como se fosse coisa o fato de que as pessoas só se expressam dessa forma, uma vez que estão todas contaminadas pelo marxismo cultural que polui a nossa realidade. Ressalvado o risco de que essa terminologia, se tomada como se fosse coisa, relativiza a fé verdadeira, então é o risco que se corre quando se promove a verdade.

2) Ainda que haja padres e bispos sacanas atentando contra as tradições da Igreja, é verdade sabida que o mal não prevalecerá na Embaixada do Céu na Terra.

3) O marxismo cultural usa muitos elementos da lógica formal, pois está tratando como se fosse ciência exata algo que é profundamente inexato. E a melhor forma de se estudar a realidade é lidando com as contradições que há entre o que é a coisa e o que se diz sobre a coisa - e isso pede que se analise as coisas dentro de uma lógica paraconsistente, que admite as contradições, coisa que a lógica formal não tolera.

4) Se a encíclica é uma descrição da realidade divina, um discurso sobre o que se vê, então essa descrição deve ser a mais reta possível. Num mundo onde o marxismo é uma cultura, você deve falar as coisas de um jeito que a maioria das pessoas entenda e isso é um caminho tortuoso - afinal, a maioria dessas pessoas são vítimas das estratégias dos comunistas e se perceberem que foram enganadas, elas se voltarão contra a fé, pois não foram educadas no estudo da lógica paraconsistente.

5) Como diz a Bíblia, num mundo de desonestos, ser honesto é até um atentado contra si próprio. E a Igreja, ao escrever dessa maneira, está sendo conforme o Todo desse ensinamento que está contido na Bíblia, pois o marxismo é desonesto e se tornou cultura. O que ela fez foi navegar neste mar de lama - como a arca não vai afundar, então ela assumiu esse risco, mesmo pagando caro pelo martírio da incompreensão.

Capitalismo não é economia de mercado

1) Há quem diga que a Igreja não é contra o capitalismo. Dizem que, na verdade, a Igreja é contra os abusos, decorrentes do capitalismo.

2) As pessoas não percebem que o termo "capitalismo" foi inventado por Karl Marx e que estão tomando como se fosse coisa termos marxistas para explicarem a realidade das coisas, como se isso fosse a própria expressão da verdade. Se Marx era desonesto, então não faz sentido chamar capitalismo como sinônimo de economia de livre mercado, pois elas não estão percebendo que há uma tremenda diferença entre economia de mercado e capitalismo.

3) A economia de mercado pede pessoalidade, pois ela pede que os serem humanos, enquanto criaturas amadas por Deus, sejam todas levadas em conta. Os consumidores devem ser tratados como pessoas importantes - e que seus pedidos levam em conta suas necessidades pessoais, marcadas por suas circunstâncias únicas. O fato de a vida humana ser marcada por circunstâncias únicas não admite necessariamente padronização da cultura, base para a cultura de massa, assim como da economia de massa. 

4) Quando se ama mais o dinheiro do que as pessoas, então tudo é feito de modo a se retirar Deus do centro das coisas - e no lugar de Deus, fica o homem e toda a sua sabedoria humana dissociada da divina como senhores do universo, o que é um tremendo de um absurdo.

5) Uma economia de mercado sem Deus certamente terá a marca da impessoalidade. E como o dinheiro é visto como sinal de salvação, de predestinação, então a melhor forma para se chamar mais dinheiro para o patrimônio da empresa está no fato de atender necessidades de massa. E isso leva a concentração do poder econômico em poucas mãos - e isso os leva a ter poderes quase que divinos.

6) Como toda inovação tende a ser um desafio a toda essa ordem artificial, fundada em sabedoria humana dissociada da divina, então esses senhores da economia de massa se associam ao governo e acabam criando uma ordem totalitária, onde tudo está no Estado e nada pode estar fora dele. E não é à toa que o capitalismo leva ao comunismo, como Chesterton bem apontou.

O Espírito Santo conhece todas as lógicas

1) Quando pedimos a intercessão do Espírito Santo, nós não estamos pedindo necessariamente que examinemos as coisas com base na lógica formal, mas que examinemos retamente todas as coisas, segundo esse mesmo Espírito. E a melhor forma de se examinar retamente todas as coisas, onde até mesmo as encíclicas possuem terminologias marxistas, é readequando a encíclica ao Espírito da verdade Cristã. É com isso que se abraça a verdade, apesar das contradições aparentes.

2) Se eu tivesse de fazer uma leitura formal dos textos da encíclicas dos papas pós-conciliares, por conta da presença de termos como "capitalismo "ou "justiça social", eu terminaria como o Peinado ou mesmo o Lustosa: um sedevacantista.

3) Antes de você entrar nesses assuntos da Igreja, você deve dominar a linguagem, estudar lógica e estudar a mentalidade revolucionária durante um bom tempo. E isso não se dá da noite para o dia.

Como a abraçar a verdade em tempos onde a Igreja usa termos correntes do marxismo

1) Não quero ser um radical tradicional, mas o uso de termos marxistas em encíclicas da Igreja acaba gerando o risco de se relativizar a verdade.

2) Para se não se jogar fora a verdade dita pela Igreja, é preciso que se faça a readequação da forma da encíclica sem esses termos marxistas, de modo a que sirvam melhor à verdade. Então, a leitura da encíclica deve ser fundada em lógica paraconsistente, de modo a lidar com as contradições acidentais, aparentes, do texto. O texto não pode ser mais lido de maneira formal, mas dentro do espírito cristão, que se funda na verdade. A própria presença do Papa Francisco mesmo pede que examinemos as coisas na verdade, readequando as contradições acidentais dos textos ou dos ensinamentos que ele passa.

3) Cristianizar usando termos da linguagem marxista, como "justiça social", "capitalismo", tudo isso levará à perda da fé, pois as pessoas foram educadas a tomarem o fato como se fosse coisa. Até mesmo a educação das escolas leva à promoção da lógica formal como sendo a rainha ou mesmo a mestra da verdade.

4) O radicalismo tradicional é fruto da promoção da lógica formal como sendo a ordem do dia. Mas o verdadeiro radicalismo cristão pede necessariamente que se lide com as contradições acidentais com caridade - e isso pede lógica paraconsistente. Enquanto essa readequação não é feita, devemos ler como católicos - e a chave está na lógica paraconsistente, que admite essas contradições, pois sabe que a mente humana, marcada pelo pecado original, é falha.

A incoerência dos libertários é incontornável

1) Não tem jeito: para ser altamente lucrativa, uma economia massificada pede necessariamente planejamento. E para se atender ao conjunto dos empresários que atuam no atendimento da economia de massa, até mesmo o governo deve adotar políticas que imitem o comportamento das fábricas. Logo, terá que adotar planejamento - e isso leva a uma intervenção cada vez mais crescente na economia, a ponto de dizerem que tudo está no Estado e nada pode ficar fora dele.

2) Os libertários são incoerentes. Eles são contra o Estado, mas eles não percebem que ao massificarem os seus serviços, por conta do amor ao dinheiro, eles estão edificando toda uma ordem totalitária fundada no fato de que a fraternidade universal não existe, além do fato de que os ricos vão para o Reino dos Céus, por conta de terem sido escolhidos por Deus para isso - e uma dessas evidências está no fato de que a riqueza é um sinal de predestinação.

Por que a Igreja é contra o capitalismo

1) Quando a Igreja é contra o capitalismo, ela está sendo contra a ordem econômica fundada na impessoalidade e na massificação, pois ela coisifica o homem e retira a noção de que ele é um ser amado por Deus.

2) Além disso, a massificação se funda na abstração, pois o homem quer arrogar o papel de Deus, o que não passa de uma tremenda utopia.

3) A ordem econômica fundada na massificação pede necessariamente uma ordem social fundada na massificação e que atenda aos interesses de uma economia massificada - e isso pede uma burocracia cada vez mais crescente, de modo a dirigir tudo, com base no tempo dos homens e no capricho dos mesmos. E é nesse ponto que libertários preparam o caminho para os totalitários, pois conservam o que é conveniente e dissociado da verdade.

A noção de paridade leva ao casamento

1) A noção de par pede que A e B sejam complementares. Isso pede necessariamente que A faça coisas naturalmente diferentes de B, por ser essencialmente diferente de B.

2) Se A é homem e B é mulher, a noção de par leva ao casamento, pois Deus criou os sexos de maneira diferente e complementar, de modo a que cada um tivesse seu papel no contexto da criação. Da ligação entre esses dois pontos, isso pede necessariamente uma vida reta, uma consciência reta e uma fé reta.

3) A noção de família pede necessariamente que A faça coisas diferentes de B por ser homem, assim B como fazendo coisas diferentes de A por ser mulher. Logo, A e B são insubstituíveis, por serem personalíssimos, tanto por suas qualidades inerentes quanto pelo caráter, coisa que os leva a amar e a rejeitar as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento.

4) A noção de igualitarismo leva à figura da confusão. Se A e B são do mesmo sexo, então haverá confusão de papéis, assim como indiferentismo quanto à importância dos papéis assumidos. Logo, não se sabe quem é pai e quem é mãe. Além disso, haverá uma freqüente disputa de A e B para ser o pai ou a mãe, por conta de conveniências ou vaidades - logo, quem perde são as crianças, pois falta a elas a figura clara de quem desempenha esses papéis. 

5) No igualitarismo sempre haverá a figura do divórcio, pois A e B podem rotacionar seus papéis, podem introduzir pessoas estranhas à relação e podem ser substituídos uns pelos outros. Logo, a impessoalidade, própria da ordem econômica massificada, será a marca das relações familiares - é por conta disso que a instituição familiar termina sendo extinta, seja pela confusão dos papéis, seja pela cultura de indiferença pelo próximo, coisa que é incentivada ao introduzir elementos da cultura de impessoalidade em algo que é por natureza sagrado e divino. Isso gera um caos jurídico daqueles, sem contar o caos humanitário e cultural.