O Papa Pecci escreveu quatro encíclicas contra a Maçonaria. Há uma ligação estreita entre esta condenação e o nascimento da Doutrina Social da Igreja (DSI). E compreende-se que, abandonando a DSI, os erros dos maçons sejam "esquecidos".
Nos últimos dias, todos nós ficámos impressionados com a conferência realizada em Milão entre os principais expoentes da Maçonaria italiana e eclesiásticos de alto nível. Tudo está a mudar na Igreja, infelizmente, e até este "baluarte" está a ser abalado e corre o risco de ser destruído. Todos nós vemos que a onda de confusão parece imparável e incontrolável. Francisco acaba de reiterar a incompatibilidade entre ser maçon e ser católico, e agora o Cardeal Coccopalmerio e o Bispo Staglianò estão a abrir uma mesa de diálogo permanente com a Maçonaria italiana, certamente não sem o seu conhecimento.
Aqueles que se interessam pela Doutrina Social da Igreja não podem deixar de se lembrar de Leão XIII, com quem a Doutrina Social da Igreja nasceu na era moderna, mas contra a modernidade. Leão XIII escreveu quatro encíclicas contra a Maçonaria: Humanum genus de 1884, Dall'alto dell'apostolico seggio de 1890, Inimica vis e Custodi di quella fede, ambas de 8 de Dezembro de 1892.
Podemos dizer que a condenação da Maçonaria se insere plenamente no quadro das exigências e dos conteúdos da Doutrina Social da Igreja. Na construção deste quadro, o Papa Leão tinha considerado urgente e necessário tomar posição também sobre a Maçonaria. Ele próprio afirma na Humanum genus que formulou o seu próprio ensinamento sobre certas doutrinas sociais e políticas precisamente para contestar os erros da Maçonaria, ao ponto de "atingir directamente a própria sociedade maçónica".
Existe, portanto, uma estreita ligação entre o nascimento da Doutrina Social da Igreja no pontificado de Leão XIII e uma avaliação negativa da Maçonaria. Segue-se que se a relação da Igreja com a Maçonaria mudasse - como parece estar a acontecer no nosso tempo - o quadro da Doutrina Social também mudaria.
O objectivo da Maçonaria, escreve ele, é "destruir de alto a baixo toda a ordem religiosa e social tal como foi criada pelo Cristianismo e, tomando fundamentos e normas do 'naturalismo', refazê-la a partir do zero". Segundo Leão XIII, a Maçonaria assume e encarna o princípio do naturalismo, que em duas outras encíclicas, a Immortale Dei e a Sapientiae Christianae, ele tinha definido como "o princípio da independência do homem em relação a Deus" e como o dever de "procurar na natureza o princípio e a norma de toda a verdade".
Daí a lista de erros dos maçons: desautorização dos dogmas, autonomia da consciência, separação da Igreja e do Estado, perseguição das instituições eclesiásticas, luta contra a instituição do papado, promoção do indiferentismo religioso, negação da criação e da providência, desvalorização da ética natural, rejeição da doutrina sobre o pecado original, natureza vista como única norma de justiça, redução do casamento a um contrato civil, promoção do divórcio, laicização do ensino, ateísmo de Estado, soberania popular, exagero da igualdade entre os homens.
Se considerarmos a posição da Igreja hoje sobre todas estas questões, depois da viragem antropológica de Karl Rahner que deu substância sistemática ao naturalismo temido por Leão XIII, percebemos como a Igreja está agora preparada para abrir mesas de trabalho permanentes com as principais lojas maçónicas em Itália. Ao mesmo tempo, compreendemos como apenas chegou a este ponto depois de ter posto de lado a Doutrina Social da Igreja.
Stefano Fontana in lanuovabq.it
Fonte:
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