1) No ano passado, eu comprei o Oriental Empires - a primeira coisa que eu percebi é que o jogo é um Civilization que abrange um período específico da História da China, que vai do começo da Idade do Bronze e vai até a Idade Imperial, onde os Estados Guerreiros deram lugar a um só China unificada.
2.1) Embora, historicamente falando, o vencedor dessa guerra tenham sido os Qin, que deram origem à China, o jogador é convidado a rever esse período histórico através da simulação, ao estilo 4x. Através dela, o jogador pode mudar um pouco a história do jogo, pois pode fazer com que outra civilização diferente acabe vencendo as guerras de unificação.
2.2.1) A beleza deste gênero é que ela permite ao jogador analisar a história pelas possibilidades que acabaram não se tornando realidade - ainda que elas não tenham conhecido a luz do dia, esses dados têm muito valor, se houver uma cultura de meditação e de especulação racional sobre eles - e a simulação, nesse ponto, é uma leitura, é um caminho, o que permite eu veja o fato duas vezes melhor, pois estou vendo o que não se vê.
2.2.2) Isso não vai alterar o passado tal ele como se deu realmente, mas aproxima o estudo histórico daquilo que fazemos na literatura, o que permite que imaginemos as possibilidades da época tais como um dado da realidade, enquanto delimitadores de circunstância - o que favorece uma melhor reabsorção da realidade, uma vez que a literatura vai acabar se tornando um instrumento de mediação de tal maneira que assumamos, com o nosso eu, a situação do outro que viveu aquela época, de modo a melhor conservar a dor que ele sentiu, nos méritos de Cristo - e isso pode se tornar um jogo, um RPG. Agindo dessa forma, esses dados podem ser mais bem transpostos e melhor comparados com os nossos tempos atuais - o que amplia e muito os nossos horizontes, já que a verdade é o fundamento da liberdade.
2.2.3) Afinal, o propósito de um jogo como este, e o Oriental Empires não é exceção, é meramente educacional, cultivar a alma para as coisas do alto - nem mesmo eu conhecia o passado da Civilização Chinesa, mas o que aprendi com este jogo me permite que eu faça um estudo mais sério de sua história, de sua cultura e sua literatura, já que este é um dos modelos mais antigos e bem-sucedidos de organização social humana que atingiu a alta cultura, a base de um legado civilizacional digno de ser estudado e até emulado num jogo de computador - e isso é maior do que a dominação e o barbarismo praticado pelo Partido Comunista Chinês.
3) O conhecimento da História da China e a experiência pessoal que eu tenho jogando essa simulação me fazem ampliar ainda mais os horizontes a respeito de coisas que poderiam ter acontecido na História da China caso os Qin tivessem perdido a guerra de unificação para uma outra civilização qualquer - o que teria reflexo no curso da História dos outros povos no futuro, o que permite ainda mais avanço no campo da possibilidade e da especulação racional - um verdadeiro exercício filosófico. E neste ponto, eu passo a ter mais dados da realidade de modo a melhor compreender o mundo ao meu redor - e isso é libertador.
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 06 de junho de 2022 (data da postagem original).
Rio de Janeiro, 19 de junho de 2022 (data da postagem atualizada).