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terça-feira, 14 de novembro de 2017

Por que os conservantistas não compreendem o liberalismo da forma como ele realmente é?

1) O que um conservador nominal de nossos dias não consegue entender de jeito nenhum - talvez por ignorância dos clássicos, talvez por má-fé - é que o liberalismo (aqui em entendido por liberdade em Cristo) NÃO preconizava a extinção do Estado, uma vez que devemos dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus. Livre mercado para essas pessoas significava "mercado livre dos avarentos e monopolistas, que vêem a riqueza como um sinal de salvação, como um fim em si mesmo". E essa gente constituía a classe ociosa, extrativista e exploradora da nação, que deve ser tomada como um lar em Cristo, na conformidade que vem de Deus.

2) Essa é a classe que detém o monopólio das terras, dos recursos naturais e da cunhagem da moeda. Adam Smith os abominava e era enfático ao dizer que o governo, fundado na Aliança do Altar com  o Trono, deveria taxá-los fortemente, reverter esse dinheiro para a infraestrutura e o financiamento da indústria e do comércio, sem cobrar juros, de modo a diminuir - ou mesmo acabar - com o imposto sobre estes ramos da produção de riqueza. E isso é uma forma de distributivismo.

3) Acontece que esses camaradas são a escória do mundo. Eles sempre conseguem convencer o governo a livrá-los dos impostos e fazer com que a mão pesada do governo esmague a indústria, o comércio e o trabalho. Ao longo da história, essa classe maldita sempre conseguiu seduzir a todos, e agora tem também a ajudinha dos que conservam o que é conveniente e dissociado da verdade, a ponto de se autodenominarem conservadores, quando na verdade não passam de conservantistas .

Roberto Santos (https://www.facebook.com/roberto.santos.3114/posts/10214885201387000)

Facebook, 10 de novembro de 2017 (data da postagem original).

Notas sobre o perdão das dívidas - comentários ao Deuteronômio 15

1) Em Deuteronômio 15, lê-se o seguinte:

"No final de cada sete anos, as dívidas deverão ser canceladas.

2) Isso deverá ser feito da seguinte forma: Todo credor cancelará o empréstimo que fez ao seu próximo. Nenhum israelita exigirá pagamento de seu próximo ou de seu parente, porque foi proclamado o tempo do Senhor para o cancelamento das dívidas."

3) Logo depois, vem este versículo surpreendente:

"Assim, não deverá haver pobre algum no meio de vocês, pois a terra que o Senhor, o seu Deus, lhes dá como herança para que dela tomem posse - e por força disso Ele os abençoará ricamente"

4) Mais adiante, Deus faz um alerta:

"Cuidado! Que nenhum de vocês alimente este pensamento ímpio: 'O sétimo ano, o ano do cancelamento das dívidas, está se aproximando, e não quero ver o meu irmão pobre'."

5) Todo esse capítulo trata do mecanismo do perdão da dívida (clean slate). Como se vê, ele foi criado por Deus para que NÃO houvesse pobres. É como se Deus dissesse: " Se vocês seguirem os meus mandamentos, se botarem em prática esse mecanismo do perdão da dívida, NÃO haverá pobres entre vocês.

6) Ao afirmar que não empréstimos próximos à época do sétimo ano da servidão não devem ser feitos, duas coisas estão pressupostas aí.

A) A condenação da avareza e do cálculo financeiro, o que levaria à escravidão por dívida, sem prazo para se esgotar e a possibilidade de se ter poder de vida e morte sobre o cativo.

B) Uma apologia à produção, pois o dinheiro emprestado visava à produção (ou seja, é investimento). Deus é claro: Você perderá agora, mas Deus o abençoará RICAMENTE pelos próximos seis anos, se fizer isso. Trata-se de um poderoso mecanismo de capitalização moral e de integração entre as pessoas.

Roberto Santos (https://www.facebook.com/roberto.santos.3114/posts/10214916550090698)

Facebook, 14 de novembro de 2017.

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Notas sobre a importância da distinção de Borneman e sobre a razão pela qual ela favorece o caminho natural do saber (de partir do que se sabe para o que não se sabe)

1) Se devemos partir do que é mais óbvio para o que não é tão óbvio, então ficaria patente saber que tomar o país como um lar em Cristo não é tomar o país como se fosse religião, em que tudo está no Estado e nada pode estar fora dele ou contra ele.

2) Para que isso se tornasse patente, seria preciso distinguir nacionidade de nacionalidade, coisa que só pôde ser feita por John Borneman, no livro Belonging in the Two Berlins, em debate que este teve com Ernst Gellner, que considerava a história de todo e qualquer povo é marcarda por uma série de nacionalismos e salvacionismos, em que a constituição escrita é reescrita diversas vezes criando uma história da nacionalidade por meio das sucessivas crises constitucionais, posto que a nacionalidade é o sub-produto desse nacionalismo em que o Estado é tomado como se fosse uma segunda religião, feita de modo a revogar por forças humanas a primeira e derradeira, fundada na conformidade com o Todo que vem de Deus.

3.1) A distinção de Borneman permite exatamente fazer essa ponte do óbvio para o que não é tão-óbvio. O termo "nacionidade" é um neologismo decorrente da tradução de nationness (esse foi o termo usado nesse debate, constante na obra Belonging in the two Berlins) e que ainda não está dicionarizado em língua portuguesa. Isso tudo favorece o desenvolvimento de uma especulação filosófica nesta direção.

3.3) A única pessoa que conheço que está fazendo disso uma filosofia por enquanto sou eu (pelo menos, não conheço outra pessoa que faça um trabalho semelhante ao que faço).

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 13 de novembro de 2017.

Por que não monto grupo fechado no facebook?

1) Uma das razões pelas quais eu não monto grupo fechado é que não tenho um grupo tão qualificado e que seja muito amigo meu, capaz de amar a rejeitar as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento.

2) Se esse grupo fosse montado, um estado-maior poderia ser montado. Gente das mais variadas áreas: desde gente ligada ao Poder Judiciário, passando pelos militares, jornalistas, arquitetos, construtores. Os melhores em sua área, discutindo assuntos importantes.

3) Daria um bom senadinho de Cristo. Pelo menos uns doze ou mais, dada a complexidade das situações deste pais, que precisam ser tomadas como um lar n'Ele, por Ele e para Ele, apesar de todas essas desgraças.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 13 de novembro de 2017.

Por que o conservadorismo é uma ciência da natureza humana?

"A tradição não é o culto às cinzas, mas a preservação do fogo".
Gustav Mahler.
1) O método científico, muito antes de Francis Bacon, já existia em todos os momentos e ações humanas que formaram as civilizações. As civilizações foram formadas por suas religiões e moldadas por suas tradições.

2) Tradições que nada mais são do que o acúmulo de experiências ao longo das gerações, mantendo inconscientemente um aperfeiçoamento contínuo da espécie vivente dentro de cada microcosmo. A ciência moderna apresenta ação parecida para alcançar seus descobrimentos, desenvolvimentos e aperfeiçoamentos: testar, experimentar, acertar, errar, retornar e avançar mantendo sempre as ações anteriores como padrão evolutivo.

3) O Marxismo é uma pseudociência, pois é impossível de ser implantada - e toda tentativa de implementar suas teorias resulta sempre num caos generalizado. O Marxismo é a idéia utópica de construir a humanidade ignorando os milhares de anos de experiências que deram molde a ela.

Marcelo Dantas (https://www.facebook.com/marcelo.dantas.961/posts/898008556990950)

Facebook, 13 de novembro de 2017.

Notas sobre a democracia moderna e o fenômeno da concentração de poder em poucas mãos

1.1) A democracia moderna - ensina-nos José Pedro Galvão de Sousa - falhou porque ela é uma herdeira da revolução, pois ela se inspira na idéia rousseauniana de que a 'vontade geral' é soberana.

1.2.1) Essa vontade é abstrata - por essa razão, não tem como ser representada.

1.2.2) Em um Estado liberal-democrata, a vontade abstrata é constituída do consórcio de muitas vontades individuais que teriam de ser representadas, por força de terem vencido a eleição e por serem consideradas as mais relevantes naquele momento em que houve a eleição, de modo a se promover o bem comum. Ela tende a levar em conta um provável "consenso".

1.2.3) Em um Estado social-democrata, a vontade abstrata é constituída do conjunto inteiro da sociedade que teria de ser representada.

2.1.1) Isso, evidentemente, é utópico.

2.1.2) A única forma de haver legítima representatividade - segundo ele - era por meio do municipalismo (princípio de subsidiaridade). Isso ajudaria a descentralizar o que devia ser descentralizado no Estado e a centralizar o que devia ser centralizado.

2.2) Com o surgimento da internet, na década de 90, essa falha no sistema democrático moderno, da qual falava Galvão de Sousa, parecia estar sendo solucionada com o surgimento dos blogs, os quais foram celebrados como a voz do indivíduo na sociedade, que finalmente seria ouvida.
No entanto, para Matthew Hindman - em seu livro 'O Mito da Democracia Digital' -, essas vozes eram muitas - e só algumas despontavam para o público com um interesse maior. Quando isso acontecia, logo passavam a ser subsidiados pelos clássicos representantes da elite política, fazendo com que a esfera alternativa dos blogs passasse, mais uma vez, a transmitir conteúdos idênticos aos da Big Mídia ou do Mainstream (tal como estamos a ver no caso dos blogs da esgotosfera).

2.3) Essa foi a primeira onda da internet: a idéia de que a internet ia causar o rompirmento do antigo modelo de Estado e de mídia Mainstream não aconteceu. Muito pelo contrário - o Estado continua o mesmo e a mídia Mainstream está mais viva do que nunca. Se a banda The Buggles entrasse na onda, diria na letra da sua música, mais uma vez, que a "internet killed the power and the big mídia stars", e erraria mais uma vez, como errou com o rádio.

 2.4.1) A segunda onda da internet vem com o surgimento de startups não-lucrativas, que prometiam estreitar as relações sociais na base do compartilhamento comunitário (TaskRabbit, eBay, Postmates, Lyft, Uber etc).

2.4.2) A dona Maria precisa de um saco de açúcar e pede à vizinha - ela não cobra nada pelo açúcar ou então pede à dona Maria que lhe dê apenas o valor que ela pagou por ele.

2.4.3) A dona Josefina precisa fazer uma compra mas não tem como ir ao supermercado. Então ela pede ao vizinho, que estava indo com a sua mulher ao mercado, para que aproveitasse a viage para trazer-lhe uma pequena compra, a qual seria paga assim que o casal vizinho voltasse.

2.4.4) O seu José precisa ir ao centro da cidade, mas não tem carro, então ele pede ao vizinho, que para lá estava indo, uma carona, cuja remuneração de custos o vizinho pode rejeitar ou aceitar.

2.4.5) Esse modelo da segunda onda da internet é chamado de 'economia de compartilhamento' - e isso foi celebrado no início como um novo meio de causar a ruptura com o modelo antigo, desta vez não dos velhos barões da política, mas dos velhos barões das grandes corporações monopolistas.

2.4.6.1) À medida que uma ou outra dessas startups ia crescendo em popularidade nas redes sociais, o Big Business - que nunca foi imbecil - começou a se interessar por elas. De 'não lucrativas' que eram passaram a ter uma tremenda lucratividade, a tal ponto que as relações sociais - em vez de serem aproximadas, solidificadas e aprofundadas - foram todas quantificadas e mercantilizadas depois que essas startups passaram a buscar o monopólio para o capital financeiro que as subsidiava.

2.4.6.2) Se havia uma grande chance de você obter um saco de açúcar com sua vizinha e não pagar nada por isso ou mesmo compensar o que ela pagou por ele, agora isso já não é mais possível. Se havia alguma possibilidade de o seu vizinho lhe dar uma carona sem custo, ou mesmo por um valor irrisório por isso, agora não há mais essa possibilidade.

2.4.6.3)Agora todas as relações sociais estão sendo quantificadas economicamente. A internet não só não entregou nada do que prometeu, tanto na política quanto na economia, como agravou a coisa extraordinariamente, concentrando ainda mais o poder dos velhos barões da política e do grande capital
.
3.1) Não se iludam. Como já disse Bertrand de Jouvenel em seu livro "Du pouvoir : Histoire naturelle de sa croissance": O poder só cresce, seus bobinhos.

Roberto Santos (https://www.facebook.com/roberto.santos.3114/posts/10214827445303134)

Facebook, 3 de novembro de 2017. 

Devemos defender as minorias abraâmicas e não toda e qualquer minoria fundada no homem, pelo homem e para o homem

1) A única minoria que deve ser mesmo defendida é a minoria abraâmica. Mesmo que produza descendentes tão numerosos quanto as estrelas do céu, ela nunca vai ser tirana, pois vive em conformidade com o Todo que vem de Deus, uma vez que Este é bom.

2) A s demais minorias se fundam no homem. Por isso mesmo, defendê-las é filantropia - e é neste ponto que a política deixa de ser caridade e organizada de tal maneira a servir ao bem comum, uma vez que essa defesa se voltou para o nada. E é dessa filantropia que essas minorias se desenvolvem e se tornam tirania - como se fundam no homem, pelo homem e para o homem como a medida de todas as coisas, elas guardam de si a marca do pecado original, a tal ponto que fazem da terra uma sucursal do inferno.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 13 de novembro de 2017.