1) Na época de Richard Cantillon, a França era uma das filhas favoritas da Igreja Católica. O Rei da França, na qualidade de vassalo de Cristo entre os franceses, patrocinava as artes e os ofícios, o que levava ao desenvolvimento econômico e civilizatório daquela sociedade onde, ao menos, a maioria das pessoas amavam e rejeitavam as mesmas coisas tendo o verdadeiro Deus e verdadeiro Homem por fundamento.
2) Toda a economia era voltada para atender as necessidades do soberano - e as pessoas trabalhavam de modo a atendê-lo como se fossem atender ao próprio Cristo: com excelência. Eis a razão da economia e da manufatura de luxo, pois o dinheiro que se ganhava atendendo às necessidades do Rei e da Nobreza era empregado no desenvolvimento de produtos de modo a atender as necessidades da gente comum da população. Não eram da mesma qualidade que os produtos destinados à nobreza e à realeza, mas eram feitos com excelência e feitos para durar, uma vez que eram destinados ao atendimento das necessidades práticas da população pelo pão de cada dia.
3.1) Se o soberano patrocinava a manufatura de luxo, ele certamente patrocinava o desenvolvimento de uma toda economia de segunda mão que visava ao atendimento da população comum, já que a maioria dos membros do povo eram considerados filhos da Igreja e, portanto, protegidos desse vassalo de Cristo.
3.2) Como a autoridade do soberano aperfeiçoava a liberdade de muitos, isso fazia com que os poderes de se usar, gozar e dispor dos bens da via fossem distribuídos ao maior número de pessoas possível - esse foi o maior legado dos vicentinos na ordem social, o que antecipou as idéias de Chesterton e Belloc em séculos.
4.1) Por que razão digo isso? Porque o vassalo de Cristo é patriarca: além de ser pai de seus filhos, ele é também pai de muitos, como são os padres da Igreja - e este é o poder natural dos reis. E a função natural dos pais, além da segurança, é aperfeiçoar a liberdade de seus filhos de tal modo que o desenvolvimento seja uma expressão da verdade - como Cristo é o caminho, a verdade e a vida, então a liberdade é a expressão maior do verdadeiro Deus e verdadeiro Homem que fez tudo o que Pai Eterno queria por amor, dentro dessa conformidade com o Todo que vem de Deus.
4.2.1) Quando há traição a esse princípio sagrado, onde o homem busca a si mesmo e não deseja mais ser amigo de Deus, então temos a economia da não-sujeição ao verdadeiro Deus e verdadeiro Homem a ponto de se tornar um sério problema espiritual, político e material - um verdadeiro problema civilizatório.
4.2.2) Este é o maior problema que precisa ser resolvido, pois ele é fruto desse mistério, que é a iniqüidade revolucionária.
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 10 de julho de 2022 (data da postagem original).
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