1) No Estado tomado como religião, o homem, alçado à condição de Deus, se torna a medida de todas as coisas, a ponto de concentrar os poderes temporal e espiritual da nação.
2) Por conta disso, o Estado totalitário - nascido da separação da Igreja e do Estado, como se cada tivesse a sua própria verdade - é um estado teocrático, pois todo o poder está num falso Deus, que pode ser qualquer homem com direito de ter a verdade que quiser. E esse falso homem não ama e não rejeita as mesmas coisas que Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem.
3.1) O Estado teocrático moderno faz da constituição uma bíblia, uma crença de livro pronto. Ele tende a ter seu fim nele mesmo, o que acaba gerando liberdade com fins vazios.
3.2) Se tudo está na Constituição, então tudo é politizado. Como isso gera conflito sistemático de interesses qualificado por uma pretensão resistida, então tudo é judicializado - e no final, você não tem mais a quem recorrer, depois que o STF decidir.
4.1) Estados que se tornam vassalos da Igreja de Cristo não são estados teocráticos - na verdade, são estados teocêntricos. Na verdade, os estados são cristocêntricos, pois Cristo foi verdadeiro Deus e verdadeiro homem e é o centro de todas as coisas na terra a ser tomada como um lar em Cristo. O Vaticano é o único Estado Cristocrático, pois é o vigário de Cristo quem governa. Mas o papa faz isso imitando a Cristo como Rei dos Reis e Sumo Sacerdote, como se Jesus Cristo estivesse entre nós - ele diz o direito das fundadas na conformidade com o Todo que vem de Deus in persona christi.
4.2) Nesses Estados, Deus está acima de tudo. Se o rei não for um bom governante, ele pode ser excomungado pelo papa, a ponto de o melhor de dentre os príncipes da nação ser escolhido para governar o reino, servindo a Cristo dentro das circunstâncias do lugar, de modo que o país seja tomado como um lar em Cristo, por Cristo e para Cristo, para o bem de toda a Cristandade.
4.3) Nos Estados Cristocêntricos, os melhores enxergam os membros do povo como um reflexo de seu próprio eu, pois os melhores são tirados do meio do povo para servir a Deus, seja como sacerdotes, seja prestando serviços relevantes à Igreja, na qualidade de cavaleiros de Cristo. Enquanto os nobres trabalham defendendo o país e cuidando da justiça, os cidadãos comuns cuidam de tocar a terra e prestar serviços de modo a suprir a nação naquilo de que ela necessita de modo a poder gerar uma civilização próspera e duradoura.
4.4) Como os sacerdotes não podem se dedicar à política, então os nobres se dedicam a ela. Como os nobres são os melhores dentre o laicato, então eles organizam o Estado de tal modo a promover a integração entre os cristãos e os que não são cristãos de modo que os não cristãos se convertam, uma vez que o mercado é lugar de encontro, de descoberta do outro - e por isso mesmo, lugar de conversão. Não é como no totalitarismo, onde o forte - o eleito de antemão - não pode fundir-se com o fraco - o condenado de antemão.
5) Essas reflexões decorrem do fato de eu ter visto uma fala do Luiz Camargo em seu vlog, em que ele fez uma verdadeira salada russa, quando estava comentando o fato de o Bolsonaro ter rezado logo que se tornou presidente - o que se tornou um escândalo para os defensores do estado laico, que, na verdade é um eufemismo para estado ateu.
Rio de Janeiro, 1º de novembro de 2018 (data da postagem original).