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domingo, 8 de julho de 2018

Por que o caminho ensinado pela Igreja é sempre propositivo?

1) Se a matriz da cultura está na consciência, então a melhor forma de fomentar uma boa consciência está no ensino das virtudes e no repasse sistemático das experiências de vida, já que verdade conhecida é verdade obedecida.

2) É do conhecimento da experiência anterior que se vem todo um caminho propositivo de modo a trocar uma ordem social ruim, fundada no amor de si até o desprezo de Deus, por uma ordem boa, fundada na conformidade com o Todo que vem de Deus.

3.1) É preciso que toda a sociedade viva a vida em conformidade com o Todo que vem de Deus, pois assim não farão da riqueza um sinal de salvação.

3.2) Se a riqueza é usada como um sinal de evangelização, então as pessoas pouparão recursos para o uso futuro e prepararão o caminho para as futuras gerações usarem a riqueza de uma maneira sábia, a ponto de servirem o que há de melhor aos outros da melhor maneira possível.

4.1) Quando a sociedade está cristianizada - amando e rejeitando as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento -, o parlamento, a casa do povo reunido, termina permeado pela cultura do debate, onde o errado costuma ser sempre trocado pelo certo, já que as sessões se dão sob a proteção de Deus.

4.2) É nesse lugar onde as classes produtivas entram em concórdia, a ponto de juntas criarem regras de direito que preservarão essa ordem livre e coibirão as injustiças fundadas no conflito de interesses qualificado pela pretensão resistida, fundada em se conservar o que é conveniente e dissociado da verdade.

5) É por essa razão que o caminho tem que ser sempre propositivo e nunca revolucionário, pois as coisas não podem decorrer da força, do autoritarismo. Afinal, é do salvacionismo do que é conveniente e dissociado da verdade que vem o autoritarismo, pois tudo isso jaz no maligno, na má consciência.

José Octavio Dettmann

Rio de Janero, 8 de julho de 2018.

Por que tradição, família e propriedade levam ao distributivismo?

1) Se a matriz da cultura está na consciência, então o primeiro passo para se desenvolver um caminho virtuoso está em se conservar o que é conveniente e sensato, pois tudo isso aponta para o sacrifício definitivo de Jesus na cruz. Nesse ponto, o conservantista sensato se tornar conservador, a ponto de amar e rejeitar as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento, já que Ele é a a verdade em pessoa, o verbo que se fez carne.

2) Se o casamento é um instrumento criado por Deus de modo a promover a criação, então é preciso que homem e mulher amem e rejeitem as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento, a ponto de se amarem, já que um está vendo Cristo no outro. De uma família virtuosa surgirão pessoas virtuosas, pois o pai e a mãe ensinam aos filhos tudo o que aprenderam a conservar de o que é de conveniente e sensato a ponto de estarem em conformidade com o Todo que vem de Deus.

3.1) É se passando de pai para filho que vem uma tradição - nela, a consciência reta, a vida reta e a fé reta são distribuídas de uma geração a outra, a ponto de se tornarem a base de uma cultura, a ponto de isto ser reproduzido sistematicamente ao longo das gerações, onde a geração mais nova imita a mais antiga na virtude.

3.2) A tradição decorre da família e é da família que se tem a perpetuação dos poderes de usar, gozar e dispor sobre as coisas ao longo das gerações, fazendo que com que o país seja tomado como se fosse um lar em Cristo, o que prepara a todos para a pátria definitiva, que se dá no Céu.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 8 de julho de 2018.

Sobre os poderes de usar, gozar e dispor na constância do casamento

1) O verdadeiro amor leva ao casamento, em que o homem e a mulher se aliam diante de Deus de modo a constituírem uma família e assim atenderem às finalidades da criação.

2.1) Quando se ama de verdade, é possível um deleitar-se no corpo do outro: eis a fruição. Isso é possível porque há virtude, fundada na mútua assistência e mútua santificação.

2.2) Um se vale do que há de melhor no outro de modo a se aperfeiçoar (uso) e assim servir aos outros da melhor maneira possível (disposição). Eis porque o casamento leva ao distributivismo - ele pressupõe que a família seja a base natural de toda a sociedade.

3.1) No falso amor, fundado no sexo como a medida de todas as coisas, o uso leva ao abuso, fundado no amor de si até o desprezo de Deus, e ao conseqüente descarte (divórcio).

3.2) Como essa união não foi consagrada nos altares, então os fundamentos da Santa Aliança foram servidos com fins vazios, a ponto de ofender a Deus, já que se conservou o que é conveniente e dissociado da verdade.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 8 de julho de 2018.

A verdade sobre o sufrágio universal

1) Oscar Wilde dizia que o catolicismo é para os santos e pecadores, enquanto o anglicanismo é para os "respeitáveis".

2.1) Como a divisão do mundo entre eleitos e condenados é obra de um demiurgo, então os "respeitáveis" são os que se acham salvos de antemão, pouco importando se fizeram boas obras ou não.

2.2) São esses mesmos "respeitáveis" que dirão que o sufrágio universal é o sufrágio dos "capazes", dos que se julgam eleitos de antemão, justificados no amor de si até o desprezo de Deus, a ponto de conservarem o que é conveniente e dissociado da verdade.

3.1) Esses com certeza preferirão Barrabás a Jesus, uma vez que tudo o que decorre de um demiurgo não passa de um nada.

3.2) Eis no que dá a cosmovisão protestante - ela leva a uma fé falsa, o que fomenta o ateísmo.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 8 de julho de 2018.

O que acontece quando a arte busca a si mesma, imitando a política, neste ponto?

1) Houve quem dissesse que a arte, quando busca seu fim nela mesma, tende a ser vazia, pois não aponta para o essencial: para o belo, para a verdade, para aquilo que decorre da conformidade com o Todo que vem de Deus.

2) Eis no que dá a politização da arte: a arte se torna engajada, passando a servir de justificativa de modo a se tomar o poder. Se o homem é a medida de todas as coisas, então o que é feio e disforme assume o lugar do belo, já que o artista está conservando o que é conveniente e dissociado da verdade.

3) O homem tem sua razão de ser em Deus; se o homem tem sua razão de ser em si mesmo, então ele deixa de ser a primazia da criação e se torna o pior dos animais.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 8 de julho de 2018.

Comentários sobre uma aula de filosofia que tive, na época de faculdade

1.1) Quando estava na faculdade, numa aula de filosofia - não se foi com base em Platão ou Aristóteles - foi estabelecida a diferença entre política e arte.

1.2) Enquanto a política tem um fim bom nela mesma, a arte é voltada para uma determinada finalidade, cuja criação se funda num motivo determinante estabelecido pelo artista.

2) Como a arte se funda no belo, então o belo tem a sua razão de ser na verdade - como isso acaba inspirando toda a polis, o lugar onde se vive o homem virtuoso, então a discussão dos problemas da polis perpassa sempre a questão do belo, da verdade. E, nesse ponto, a política tende a ser uma arte, pois todas as decisões tomadas visando à promoção e à preservação do bem comum possuem um motivo determinante.

3.1) O problema está na concepção de que o homem é a medida de todas as coisas.

3.2.1) Se ele é a medida de todas a coisas, então ele busca arrogar um lugar que não lhe pertence, que é o de Deus. E neste ponto, o Estado será tomado como se fosse religião em que tudo está no Estado e nada pode estar contra ele ou fora dele.

3.2.2) Assim, em nome do belo, o feio e o vazio são promovidos, relativizando a verdade. Os libertários-conservantistas dizem que o que se funda na conformidade com o Todo que vem de Deus é a mentira e que conservar o que é conveniente, fundado no amor de si até o desprezo de Deus, é a verdade. E chegam a criar departamentos e ministérios da cultura para esse fim. Eis a apeirokalia (perda do senso do belo) como instrumento de poder. Ela acaba gerando apatria sistemática, desligando a terra ao Céu.

4) É por essa razão, portanto, que Deus deve ser o centro de todas as coisas, não o homem. E não é à toa que a Idade Média é uma evolução do mundo clássico, já que a filosofia grega, o direito romano passaram a servir de instrumento a tudo aquilo que se funda na conformidade com o Todo que vem de Deus.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 8 de julho de 2018.

Ricardo Roveran: o raciocínio proposto neste texto é na verdade o de Protágoras. Eu nunca imaginei que o "humansmo" de Protágoras pudesse conduzir a isto.

Comentários sobre um aspecto da militância política praticada por supostos direitistas na rede social

1) Durante minha experiência, eu cheguei a ver supostos grupos "direitistas" adotando a seguinte tática: se a esquerda mente em nome da verdade, então vamos adotar a mesma tática contra a esquerda.

2) A única forma que conheço para se combater a mentira, que decorre do fato de se estar à esquerda do Pai, é falando a verdade. Cristo está à direita do Pai, fazendo a vontade d'Ele, já que todas as coisas decorrem da conformidade com o Todo que vem de Deus. Quem planta prova falsa contra esquerda está simplesmente limpando a cena do crime praticado pela esquerda - ou seja, está praticando fraude processual, ao alterar a cena do crime, inviabilizando a reconstituição dos fatos de modo a se chegar à verdade. Está agindo como um idiota útil ou um desinformante. Está simplesmente pagando o mal com o mal.

3) Como bem apontou Bossuet, a política tem fundamento na mais reta tradição e nas sagradas escrituras. Não busque ver direita e esquerda tendo por fundamento os ideais de "liberdade, igualdade e fraternidade ou morte" - isso é conservar o que é conveniente e dissociado da verdade.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 8 de julho de 2018.