1.1) Quando os sujeitos à proteção e autoridade do vassalo de Cristo conseguem ver nele a figura do Crucificado de Ourique, eles tenderão a pagar o tributo espontaneamente, quer na força da moeda, quer na força da prestação de serviço in natura, quer cedendo coisas em benefício da administração da Coroa, para o bem da missão salvífica que nos foi confiada em Ourique.
1.2) Afinal, o tributo se deve ao Rei dos Reis, que escolheu Portugal para que servisse a Ele em terras distantes; Ele escolheu um vassalo dentre os descendentes de D. Afonso Henriques para cuidar desse povo, com o intuito de edificar uma república com este propósito - uma república em que o primeiro cidadão da mesma é o vassalo de Cristo, o rei de Portugal. Por isso, a monarquia portuguesa sempre será uma monarquia republicana.
1.3.1) Como na Roma antiga, Portugal é uma república porque todos os homens não estão sujeitos ao capricho de homem nenhum, tomado como um Deus vivo, tal como o Faraó do Antigo Egito. Esse Faraó foi destronado de modo que o verdadeiro Deus, o que livrou Israel da escravidão, fosse adorado e glorificado.
1.3.2) Esses cidadãos da pátria do Céu estão sujeitos à santa escravidão de Deus. Como o Rei dos Reis instituiu que devemos nos amar uns aos outros, então o povo deve ser tomado como parte da família de batizados de Cristo, o que constitui a Cristandade. Dentre os batizados, os portugueses devem ser tomados como família especial de batizados que foi eleita pelo próprio Cristo para executar um propósito salvífico, a ponto de tomarem o lugar que tradicionalmente ocupam, Portugal, como seu lar n'Ele, por Ele e para Ele. E esse propósito salvífico é o Império que Cristo quis construir para Si.
1.3.3) A passagem da República para a monarquia leva um elemento de transição: o principado. O melhor cidadão da República Cristã de Portugal é escolhido vassalo de Cristo de modo que este sirva a Cristo em terras distantes - e esse principado se torna hereditário, pois o filho aprende o exemplo do pai e o processo se repete ao longo das gerações. Esse vassalo faz um papel sacerdotal, a ponto de ser pai de muitos de seu povo, a ponto de organizar a política e promover a caridade, de modo que uns ajudem aos outros, a ponto de formarem uma nacionalidade, por meios da mais estreita cumplicidade, solidariedade.
1.3.4) Esse vassalo é o senhor dos senhores sendo servo dos servos de Cristo. Ele chefia a nobreza de modo que esta sirva ao povo. Assim, clero, nobreza e povo trabalham em sintonia, de modo que os estados gerais componham um todo orgânico fundado na conformidade com o Todo que vem de Deus. É por essa razão que toda contribuição à causa salvífica em que Portugal está envolvido é um sacrifício digno de louvor, causa de nacionidade.
2.1) Onde o Estado é totalitário, esse sacrifício tende a ser voltado para o nada, uma vez que as leis não observam os mandamentos de Deus, pois o Estado é tomado como se fosse religião, em que tudo está no Estado e nada pode estar fora dele ou contra ele. É o retorno do governo do Faraó, que faz dos sujeitos à autoridade desse tirano escravos de seus caprichos mais mesquinhos.
2.2) É com base nesse despotismo faraônico que muitos acabam se reduzindo a escravos, por conta de uma dívida tributária impagável por força do sucessivo aumento da carga tributária, a tal ponto que a propriedade privada acaba toda passando para as mãos do Estado. E é no Estado que se concentra todo o poder de usar, gozar e dispor, a ponto de criar um verdadeiro inferno na Terra, um verdadeiro absolutismo.
2.3.1) Eis a prova cabal de que o comunismo deriva da pretensa busca por liberdade fora da liberdade em Cristo, que é a verdade em pessoa.
2.3.2) Basta se conservar o que conveniente e dissociado da verdade que o senso de tributo, que deve ser dado a Deus, é voltado para o nada, a ponto de tudo se reduzir a imposto.
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 4 de dezembro de 2017 (data da postagem original).
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