Gabi Marshall: José, qual é teu campo de estudos?
José Octavio Dettmann:
1) Meu campo de estudos é bem abrangente. Estudo Direito, História, Filosofia, Política, Economia e até Relações Internacionais. Estudo isso para responder a esta questão: de que forma devo tomar meu país como um lar em Cristo, sem incorrer no erro que a maioria comete, ao tomar o país como se fosse religião, em que tudo está no Estado e nada pode estar fora dele ou contra ele?
2.1) Para responder a essa pergunta, eu geralmente dedico boa parte do meu tempo meditando sobre o problema, após leituras dos posts que coleto no face ao longo do caminho. Essas reflexões, essas meditações podem durar uma tarde inteira. Nos domingos, uma hora antes da missa, eu faço uma meditação com base no que li e escrevi. Sempre contemplo a cruz, de modo a encontrar a resposta, uma vez que esta investigação decorre de Cristo, uma vez que tem natureza cristocêntrica.
2.2) Além dos posts e das meditações, eu leio uma ou outra coisa dos livros que tenho na minha biblioteca e aí vou juntando as peças. Mas não me prendo a um livro só. Geralmente coleto pedaços de três ou quatro livros e faço a ponte entre eles, dentro daquilo que consigo compreender, é claro.
3.1) Essa pergunta só me é possível porque conheço a verdade: o Brasil foi povoado dentro da missão que os portugueses receberam de Cristo em Ourique, que é servir a Ele em terras distantes de modo a expandir a fé.
3.2.1) Isso é a prova cabal de que o Brasil não nasceu em 1500, mas em 25 de julho de 1139. Como Brasil é criação portuguesa, então devo estudar Portugal antes. Por essa razão, eu rejeito qualquer história do Brasil fundada na alegação de que o Brasil foi colônia, o que levou à secessão que se deu no dia 7 de setembro de 1822.
3.2.2) Como a secessão se deu numa mentira, então é falsa toda a cultura decorrente disso por ser vazia e nula, pois da mentira só se edifica tirania e relativismo moral, edificando liberdade com fins vazios. E a liberdade com fins vazios faz o país ser tomado como se fosse religião, em que tudo está no Estado e nada pode estar fora dele ou contra ele.
3.3) Desde que percebi a diferença entre nacionidade e nacionalidade, eu tratei de meditar melhor sobre essas coisas.
4.1) Além dessas essas investigações no campo da nacionidade, também dediquei boa parte do meu tempo sobre a diferença entre conservadorismo e conservantismo. Enfim, essas são as minhas áreas de interesse, pois estes são os eixos centrais da minha pesquisa.
4.2) Obviamente, essas investigações são multidisciplinares e transdisciplinares, uma vez que estou transgredindo as fronteiras daquilo que foi conservado conveniente e dissociado da verdade, já que estou aprendendo a outra ponta que nos foi sonegada, que é a História de Portugal. Por isso, estou revendo todo o meu entendimento de História do Brasil, uma vez que as matérias que estudo estão interconectadas. Por isso que tento analisar as formas da forma mais abrangente possível.
5.1) Muito do meu trabalho foi influenciado pelo professor Loryel Rocha e uma outra parte foi influenciada pelo Olavo. E uma outra parte, no tocante à economia, fui influenciado pelo Angueth.
5.2) Como a academia é cheia de comunistas, eu comecei a desenvolver meu pensamento online, acompanhando o pensamento de vocês, na internet. Daí que você acaba vendo eu falar de tanta coisa, de forma tão abrangente.
6.1) Mas o objeto do meu estudo é este mesmo: nacionidade. Recomendo ler o livro Um Mapa da Questão Nacional, sobretudo o artigo "Para onde vão as nações e o nacionalismo?", de Katherine Verdery. Ela faz remissão ao trabalho de John Borneman, constante no livro Belonging in the Two Berlins.
6.2) A distinção entre nacionidade e nacionalidade surgiu num debate que Borneman teve com Gellner, que considerava que a história de um país se dava por eras de nacionalismo. Como o país é tomado como se fosse religião, então a constituição era reescrita de modo a reajustar a visão de que é preciso separar amigo do inimigo, tal como há em Carl Schmitt.
6.3) Como a investigação de Borneman se dá numa Berlim dividida pelo muro de Berlim, então eu percebi uma semelhança com o Brasil atual. Em primeiro lugar, há essa coisa criada pela secessão em 1822 - e há uma outra interna, em que o pessoal do Sul enxerga o pessoal do Nordeste como uma imagem distorcida num mesmo espelho.
6.4) Por isso que não tenho pressa em lançar um livro logo. O que quero é compreender algo que me chamou muito a atenção. E isso é a busca de uma vida inteira. Trata-se de um campo que não se esgota. É um assunto tão vasto, tão complexo que tenho dificuldade para falar sobre isso falando. Só consigo fazê-lo por escrito.
6.5) Talvez eu esteja sendo pioneiro nisto. Mas faço o que faço porque isto realmente me interessou.
José Octavio Dettmann: Agora que respondi à sua pergunta, posso saber a razão pela qual você me pergunta isso?
Gabi Marshall: A razão pela qual faço isso é porque acho interessante suas postagens. Gostaria de saber mais sobre a sua linha de raciocínio.
José Octavio Dettmann:
1) Como disse a base de toda a minha linha de raciocínio está naquele livro do Borneman, bem como nos vídeos do Loryel e no que o Olavo fala sobre mentalidade revolucionária, além das leituras que fiz no livro A Pátria Descoberta, de Gilberto de Mello Kujawski.
2.1) Estudo tudo isso para responder a esta pergunta: de que forma devo tomar um país como um lar em Cristo, sem incorrer no erro que muitos cometem, que é tomar o país como se fosse uma segunda religião, em que tudo está no Estado e nada pode estar fora dele ou contra ele?
2.2) Faço esta pergunta porque tomo o Brasil como um lar por força daquilo que houve em Ourique. Por essa razão, rejeito tudo aquilo que decorre do dia 7 de setembro, pois isso nos levou a uma secessão fundada na falsa alegação de que o Brasil foi colônia de Portugal, uma vez que isso edificou uma liberdade com fins vazios, coisa que só colaborou para construir um Estado totalitário. O Loryel tem vídeos sobre isso, que comprovam o que falo.
2.3) Como estou revendo meu pensamento de História do Brasil, então estou ampliando os horizontes, ao rejeitar a história falsa, inventada, feita à revelia da documentação portuguesa. Afinal, não dá pra compreender o que falo, tendo por base aquilo que é tradicionalmente ensinado, pois o que é tradicionalmente ensinado rejeita o Cristo de Ourique.
3) Enfim, essa é a base do meu raciocínio. Ela é pró-Reino Unido e pró-cristianismo. Por isso, eu recomendo que veja os vídeos do Loryel e essa base bibliográfica que te indiquei. Isso te dá uma idéia do que estou fazendo.
4) Comecei a tomar contato com essa idéia ainda na UFF, quando assistia aulas de História como ouvinte, no intervalo das minhas aulas no Direito. Essas aulas a que assisti como ouvinte eram voltadas para o mestrado. Lá tomei contato com o livro Um Mapa da Questão Nacional e foi através deste livro que tomei conhecimento desta palavra: nacionidade. E foi aí que comecei a estudar esse assunto a fundo.
5) Só comecei a escrever pra valer a partir de 2014, depois que terminei os estudos. De lá pra cá, foram mais de 4 mil reflexões em meu blog. Só não publico um livro agora porque o país está num irracionalismo tremendo, pois se ponho algo diferente daquilo que está estabelecido, então sou crucificado.
6.1) Esta é a linha que sigo, já que eu gostaria que o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves voltasse a existir, agora que sei a verdade. Por isso que escrevo. Eu o faço numa linha de proposição, pois estou tentando semear consciência nessa direção. Só não me chame de "colonialista" por causa disso, ok (risos)?
6.2) Afinal, se Portugal foi aos mares por causa de Cristo, então por que Portugal nos trataria de forma inferior, uma vez que os melhores da gente portuguesa foram casados com as filhas dos chefes das tribos indígenas e africanas? Se o povo é tomado como parte da família, então o que temos são iguais, não inferiores.
6.3.1) O regime político colonial só faz sentido numa cosmovisão em que há eleitos e condenados, tal como há no protestantismo, como é o caso das 13 colônias da América do Norte.
6.3.2) Isso é a prova cabal de que a Inglaterra foi aos mares em busca de si mesma, uma vez que fez da riqueza sinal de salvação. E para dar pleno cumprimento a esta política, a este caminho desonroso, ela foi capaz de recorrer até mesmo à pirataria.
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 11 de setembro de 2018.