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domingo, 8 de julho de 2018

Sobre os poderes de usar, gozar e dispor na constância do casamento

1) O verdadeiro amor leva ao casamento, em que o homem e a mulher se aliam diante de Deus de modo a constituírem uma família e assim atenderem às finalidades da criação.

2.1) Quando se ama de verdade, é possível um deleitar-se no corpo do outro: eis a fruição. Isso é possível porque há virtude, fundada na mútua assistência e mútua santificação.

2.2) Um se vale do que há de melhor no outro de modo a se aperfeiçoar (uso) e assim servir aos outros da melhor maneira possível (disposição). Eis porque o casamento leva ao distributivismo - ele pressupõe que a família seja a base natural de toda a sociedade.

3.1) No falso amor, fundado no sexo como a medida de todas as coisas, o uso leva ao abuso, fundado no amor de si até o desprezo de Deus, e ao conseqüente descarte (divórcio).

3.2) Como essa união não foi consagrada nos altares, então os fundamentos da Santa Aliança foram servidos com fins vazios, a ponto de ofender a Deus, já que se conservou o que é conveniente e dissociado da verdade.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 8 de julho de 2018.

A verdade sobre o sufrágio universal

1) Oscar Wilde dizia que o catolicismo é para os santos e pecadores, enquanto o anglicanismo é para os "respeitáveis".

2.1) Como a divisão do mundo entre eleitos e condenados é obra de um demiurgo, então os "respeitáveis" são os que se acham salvos de antemão, pouco importando se fizeram boas obras ou não.

2.2) São esses mesmos "respeitáveis" que dirão que o sufrágio universal é o sufrágio dos "capazes", dos que se julgam eleitos de antemão, justificados no amor de si até o desprezo de Deus, a ponto de conservarem o que é conveniente e dissociado da verdade.

3.1) Esses com certeza preferirão Barrabás a Jesus, uma vez que tudo o que decorre de um demiurgo não passa de um nada.

3.2) Eis no que dá a cosmovisão protestante - ela leva a uma fé falsa, o que fomenta o ateísmo.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 8 de julho de 2018.

O que acontece quando a arte busca a si mesma, imitando a política, neste ponto?

1) Houve quem dissesse que a arte, quando busca seu fim nela mesma, tende a ser vazia, pois não aponta para o essencial: para o belo, para a verdade, para aquilo que decorre da conformidade com o Todo que vem de Deus.

2) Eis no que dá a politização da arte: a arte se torna engajada, passando a servir de justificativa de modo a se tomar o poder. Se o homem é a medida de todas as coisas, então o que é feio e disforme assume o lugar do belo, já que o artista está conservando o que é conveniente e dissociado da verdade.

3) O homem tem sua razão de ser em Deus; se o homem tem sua razão de ser em si mesmo, então ele deixa de ser a primazia da criação e se torna o pior dos animais.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 8 de julho de 2018.

Comentários sobre uma aula de filosofia que tive, na época de faculdade

1.1) Quando estava na faculdade, numa aula de filosofia - não se foi com base em Platão ou Aristóteles - foi estabelecida a diferença entre política e arte.

1.2) Enquanto a política tem um fim bom nela mesma, a arte é voltada para uma determinada finalidade, cuja criação se funda num motivo determinante estabelecido pelo artista.

2) Como a arte se funda no belo, então o belo tem a sua razão de ser na verdade - como isso acaba inspirando toda a polis, o lugar onde se vive o homem virtuoso, então a discussão dos problemas da polis perpassa sempre a questão do belo, da verdade. E, nesse ponto, a política tende a ser uma arte, pois todas as decisões tomadas visando à promoção e à preservação do bem comum possuem um motivo determinante.

3.1) O problema está na concepção de que o homem é a medida de todas as coisas.

3.2.1) Se ele é a medida de todas a coisas, então ele busca arrogar um lugar que não lhe pertence, que é o de Deus. E neste ponto, o Estado será tomado como se fosse religião em que tudo está no Estado e nada pode estar contra ele ou fora dele.

3.2.2) Assim, em nome do belo, o feio e o vazio são promovidos, relativizando a verdade. Os libertários-conservantistas dizem que o que se funda na conformidade com o Todo que vem de Deus é a mentira e que conservar o que é conveniente, fundado no amor de si até o desprezo de Deus, é a verdade. E chegam a criar departamentos e ministérios da cultura para esse fim. Eis a apeirokalia (perda do senso do belo) como instrumento de poder. Ela acaba gerando apatria sistemática, desligando a terra ao Céu.

4) É por essa razão, portanto, que Deus deve ser o centro de todas as coisas, não o homem. E não é à toa que a Idade Média é uma evolução do mundo clássico, já que a filosofia grega, o direito romano passaram a servir de instrumento a tudo aquilo que se funda na conformidade com o Todo que vem de Deus.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 8 de julho de 2018.

Ricardo Roveran: o raciocínio proposto neste texto é na verdade o de Protágoras. Eu nunca imaginei que o "humansmo" de Protágoras pudesse conduzir a isto.

Comentários sobre um aspecto da militância política praticada por supostos direitistas na rede social

1) Durante minha experiência, eu cheguei a ver supostos grupos "direitistas" adotando a seguinte tática: se a esquerda mente em nome da verdade, então vamos adotar a mesma tática contra a esquerda.

2) A única forma que conheço para se combater a mentira, que decorre do fato de se estar à esquerda do Pai, é falando a verdade. Cristo está à direita do Pai, fazendo a vontade d'Ele, já que todas as coisas decorrem da conformidade com o Todo que vem de Deus. Quem planta prova falsa contra esquerda está simplesmente limpando a cena do crime praticado pela esquerda - ou seja, está praticando fraude processual, ao alterar a cena do crime, inviabilizando a reconstituição dos fatos de modo a se chegar à verdade. Está agindo como um idiota útil ou um desinformante. Está simplesmente pagando o mal com o mal.

3) Como bem apontou Bossuet, a política tem fundamento na mais reta tradição e nas sagradas escrituras. Não busque ver direita e esquerda tendo por fundamento os ideais de "liberdade, igualdade e fraternidade ou morte" - isso é conservar o que é conveniente e dissociado da verdade.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 8 de julho de 2018.

sábado, 7 de julho de 2018

Tomar o país como um lar em Cristo leva em consideração múltiplas causas


1) Para se tomar o país como um lar em Cristo, você precisa levar conta os componentes espirituais, sobrenaturais, salvíficos, políticos, geográficos, econômicos e até mesmo o caráter de um povo que ama e rejeita as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento de modo a encontrar uma boa razão para fazer isso e ir servir a Cristo em terras distantes. Essas explicações possuem múltiplas causas, a ponto de convergirem numa unidade, fundada na verdade, que é Cristo. E essas causas tendem a nunca se esgotar.

2) Em Ourique, nós encontramos os componentes espirituais, sobrenaturais e salvíficos: Cristo fez de D. Afonso Henriques seu vassalo e rei de Portugal, dando a ele a e todo o povo sujeito à sua autoridade e proteção o dever de servir a Cristo em terras distantes. Se Portugal for fiel nessa missão, poderá ser tomado como um lar em Cristo, a ponto de preparar todo um povo para a pátria definitiva, a qual se dá no Céu.

3) Se todo um povo ama e rejeita as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento, o que aponta para a conformidade com o Todo que vem de Deus, então esse ponto apontará, com boa razão, que quem conserva o que é conveniente e dissociado é inimigo de Deus, já que é um bárbaro e apátrida, uma vez que constrói cidades fundadas no amor de si até o desprezo de Deus, sem levar em conta a Jerusalém celeste, o modelo que todas cidades humanas devem imitar. Esse é o fundamento da santa legitimidade.

4.1) Se as cidades se organizam tendo por modelo a Jerusalém celeste, então o modo como buscam imitar esse modelo - observando suas circunstâncias geográficas, históricas e econômicas - deve ser respeitado. E essa experiência poderá ser compartilhada com outras cidades sujeitas à proteção de autoridade do vassalo constituído em Ourique.

4.2) Não é à toa que isso levou à distribuição desse senso de governo a terras distantes, a ponto de fazer do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves um império de cultura, já que diferentes povos e diferentes culturas se associaram a Portugal e passaram a amar e a rejeitar as mesmas coisas tendo por Cristo, a ponto de se tornarem uma só unidade. Assim, essas pessoas acabam tomando essa unidade como um mesmo lar em Cristo, a ponto de todos esses povos juntos irem para a pátria definitiva, que se dá no Céu.

4.3) Os fundamentos da formação de Portugal são democráticos porque se fundam na nobreza e no ditributivismo. Eles não são essencialmente etnárquicos, já que buscam sistematicamente a parceria de outros povos, a ponto de esses povos juntos tomarem o país como um mesmo lar em Cristo. E neste ponto, Jaime Cortesão tem a mais completa razão, pois somos melhores que os antigos gregos. Tomamos o país como um lar porque servimos a Cristo - e isso faz com que a causa nacional se respalde em algo universal, fundado na conformidade com o Todo que vem de Deus, já que Cristo é o verbo que se carne, a verdade em pessoa.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 7 de julho de 2018.

Se o fim da polis está nela mesma, então a justificação da existência dessa entidade só pode ser explicada por uma única causa - e isso é falso

1.1) Se o fim da polis está nela mesma, então a tendência é justificar a existência dessa entidade política por uma única causa, quer sociológica, quer sobrenatural. E essa explicação tende a ser estritamente materialista, fundada no fato de se conservar o que é conveniente e dissociado da verdade.

1.2.1) De qualquer maneira, explicar a existência da polis por uma única e exclusiva causa tende a ser falsa, pois o fundamento que justifica a existência dessa entidade política está no amor de si até o desprezo de Deus, já que tudo está na polis e nada pode estar fora dela ou contra ela - eis a origem do totalitarismo.

1.2.2) A maior prova disso é que os gregos se definiam como civilizados, a ponto de definirem como "bárbaros" todos os que não têm um estilo de vida assemelhado ao grego - e tal definição certamente é arbitrária, guardada conveniente e dissociada da verdade. Tanto é verdade que o inimigo pode ser definido por razões de Estado, que são subjetivas, fundadas no amor de si até o desprezo de Deus

1.2.3) Por conta disso, o Estado tomado como se fosse religião decorre de um conceito de polis mais extrapolado, mais elástico, pois abrange mais cidades e mais territórios, a ponto de se tomar todo o mundo conhecido - ou mesmo desconhecido, como o espaço sideral - como parte de seu domínio.
Eis a tal aldeia global - ela não passa de uma cosmópolis.

2.1) A explicação por uma única e exclusiva causa tende a reduzir a pessoa - quer física, quer jurídica - à sua natureza ou mesmo às suas funções, a ponto de encontrar os motivos determinantes de sua existência nela mesma, a ponto de viver fora da conformidade com o Todo que vem de Deus.

2.2.1) Eis no que dá explicar as coisas a partir do método geométrico, como pretendeu Marx. Por isso mesmo, toda explicação para os males que assolam uma nação tende a ser falsa se ela se reduzir tão-somente ao materialismo ou ao economicismo, pois a riqueza não pode ser reduzida a um sinal de salvação, coisa que vem de um demiurgo, que dividiu o mundo entre eleitos e condenados.

2.2.2) Como demiurgo não existe, já que Deus não pode ser mau, então esta concepção de mundo de reduzir tudo a sua natureza ou função é falsa e acaba servindo liberdade com fins vazios, a ponto de tudo o que é sólido se desmanchar no ar - e o caminho para isso está no mundo líqüido em que nos encontramos. Afinal, como falsos deuses podem criar falsos demônios? Como as coisas podem decorrer do nada, já que um demiurgo não passa de um nada?

José Octavio Dettmann