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quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Exame de uma premissa


Examinemos esta afirmação:

"A possibilidade de se fazer o mal é que torna o bem possível"

01) Há que se lembrar que o mal é a negação do bem - o mal semeado sistematicamente, sem a devida resposta à altura, é a destruição de toda a obra salvífica de Jesus. Isso implica a destruição de toda a civilização Ocidental.

02) Um dos lados mais perversos do liberalismo é a pregação de que cada um tem a sua própria verdade. O exemplo mais notório é o fato de uma pessoa ter um caráter marcadamente forte: o fato de a pessoa ter uma personalidade forte não quer dizer que tudo o que ela diz seja conforme a verdade, conforme os planos do Criador. O fato de a pessoa ter um caráter forte não significa necessariamente dizer que tudo o que ela diz seja necessariamente santo. Isso é um non sequitur. De um fato não se deduz um valor.

03) Pra uma pessoa ser comunista, que toma por premissa verdadeira essa heresia do liberal, ela precisa jogar fora tudo aquilo que a diferencia em relação às outras pessoas: sua individualidade, seu caráter, tudo aquilo que liga a pessoa à origem de tudo, que é Deus. Ela só se torna um número, um boi a ser numerado - nada mais. Além de ter sido pescado, o fato de eu ter uma personalidade marcadamente forte, acentuadamente forte, a ponto de essa diferença ser evidente para todos os que estão ao meu redor e me respeitarem por isso, por ser única, é que me salvou cabalmente do marxismo. Quando li que Marx queria acabar com a família, com a instituição familiar, eu passei a repudiá-lo automaticamente. Jamais me servirei de instrumento para tão nefasto propósito - se eu tiver de ser instrumento para algo, que seja para o bem e não para o mal.

04) Quando me tornei católico, eu não precisei negar a mim mesmo, mas confirmar aquilo que eu já era, desde sempre: uma pessoa cujo caráter era bom na essência, agora aperfeiçoado no conhecimento e na verdade ensinada por Jesus, e semeada sistematicamente através da tradição apostólica. Quando neguei a mim próprio, eu neguei os vícios da teimosia, da soberba, de modo a reforçar a bondade, a caridade e honestidade, que já eram fortes em mim, desde o nascimento. Eu não nasci uma folha de papel em branco, minha mãe já falava isso. A vida, o estudo e o cristianismo me aperfeiçoaram, a custo de muito trabalho e sacrifício. Sem perseverança, não há crescimento espiritual.

05) O fato de o mal em si corroer todo o bem, já é uma situação preocupante. O mal sistemático põe em risco todo o bem edificado. É por essa razão que o caráter missionário de salvar os homens se dá de forma permanente. Justamente por conta do entendimento dos homens ser imperfeito, por conta do pecado original - e essa é a causa do falso entendimento de que cada tem a sua verdade. Nada mais revolucionário do que promover o vício como se fosse a própria virtude.

06) O homem, criado à imagem e semelhança de Deus, foi criado para ser um gerente de Deus - foi feito para o bem. Por conta do pecado original, ele, por ignorância, passou a praticar o mal pensando ser o bem - a maioria dos que praticam o mal são idiotas úteis que não sabem o que estão a fazer - por isso que Deus quer que sejamos pescadores de almas, de modo a que estas não se percam. Isso fica mais evidente na parábola da ovelha perdida: o céu entra em êxtase quando uma só alma é salva. Isso já elimina por si só o argumento de que a graça da salvação é de mérito individual, por parte dos protestantes. Se você não age como um missionário, você não faz boa obra para Deus, já que sua é vã, vazia.

07) Estou a negar o livre-arbítrio? Não! O homem, mesmo criado em seio cristão, tem entendimento imperfeito das coisas. Qualquer coisa diferente ele está tentado a experimentar: se isso for errado, ele vai perceber, se tiver boa consciência sobre o seu erro. O grande problema é o mal sistemático que o liberal promove ao afirmar que cada um tem a sua verdade: ele estimula a formação de uma má consciência sobre o que é certo e errado, a ponto de ver na lei posta pelos homens a afirmação cabal de tudo aquilo que é certo e justo, bom e necessário. É justamente por não ter ligação com o passado, com o transcendente, que todas as coisas se pervertem - justamente porque o homem é marcado pelo pecado original, de tomar por bem aquilo que, na verdade, é mal, por conta da ignorância, de seu entendimento imperfeito.

É por essas e outras que todas as vezes que há o risco de o mal ser praticado há uma força, boa por si mesma, que nos impele para que lutemos contra isso até este cessar. O bem se reafirma e se fortalece quando responde o mal à altura. Esta é a conclusão a que chego.

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