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sábado, 6 de agosto de 2016

Todas as religiões são boas? Notas sobre as implicações disso

1) Há quem diga que todas as religiões são boas. Se todas são boas, então isso pressupõe que todas são verdadeiras.

2) Para a pessoa ter de afirmar isso, ela precisaria estudar seriamente cada um dos aspectos de cada religião, de modo a encontrar algo que tenha um fundo verdadeiro, a partir da comparação de uma coisa com a outra - se a pessoa souber conversar o que é conveniente e sensato, perceberá que há um fundo verdadeiro nas coisas, o que leva a uma unidade transcendental, coisa que conduz ao verdadeiro Deus. Ao longo do caminho, o que ela vai encontrar são evidências e evidências, coisas que demandam mais e mais estudos nas religiões comparadas e um diálogo com todas elas de modo a que todas passem a amar e a rejeitar as mesmas coisas, que decorrem da vida em conformidade com o Todo que vem de Deus. Esse tipo de trabalho demanda gerações de estudiosos e toda uma tradição de muito estudo.

3) E a maior prova dessa conformidade com o Todo que vem de Deus está no fato de que o verbo se fez carne e fez de tudo para nos salvar do pecado. E só Ele disse que é o caminho, a verdade e a vida - e que ninguém vai ao Pai senão pelo Filho. E por extensão, ninguém vai ao Filho senão por sua mãe, a Virgem Maria, mãe de nosso Salvador, Nosso Senhor Jesus Cristo.

4) Em tempos como o nosso, no entanto, ao invés de as pessoas passarem muito tempo estudando esse assunto, elas se contentam com o que está disponível, coisa que é transmitida pela televisão ou outro meio de comunicação em massa qualquer, e falam, em conversas frívolas, que todas as religiões são boas de uma maneira irresponsável, pois a pessoa não estudou antes de falar tais sandices.

5) Se a pessoa não estuda antes de falar, ela vai acabar semeando relativismo moral e semeando uma ilusão de liberdade, edificando uma heresia, pois está escolhendo conservar o que é conveniente e dissociado da verdade. E isso edifica liberdade fora da liberdade de Cristo - o que edifica liberdade para o nada, com fins vazios. E quando vejo pessoas assim, eu lembro do que o Santo Padre Pio de Petrelcina fala: de que devo fugir da preguiça e das conversas inúteis, principalmente daqueles que encontro nas salas de espera de consultório médico ou dentário conversando sobre isso.

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Impressões que me contaram sobre a Polônia

1) Os poloneses, pelo que me contaram, são um povo muito sério - eles não sorriem, são muito estritos no seu senso profissional e tendem a ser grosseiros e mal-educados, tal como encontro nos que fazem carreirismo no funcionalismo público.

2) Não sei se a dureza no coração deles se deve ao fato de que tiveram de lidar com séculos de opressão dos russos ou dos alemães, ou por conta dos anos que sofreram por conta do comunismo - o que sei é que eles têm alma endurecida, tal qual aquela que há nos personagens dos grandes contos da literatura brasileira - um exemplo disso, é o que encontramos no livro Grande Sertão: veredas, de João Graciliano Ramos. Quando surge alguém de alma mais alegre e contagiante, isso não os contagia - a realidade foi dura demais com eles e o único conforto que tiveram foi na vida vivida em conformidade com o Todo que vem de Deus.

3) Se esse povo for alijado de sua fé, tal como costumam atestar por aí que os poloneses já não são mais católicos como era antigamente, ele não seria muito diferente dos robôs, tal como há na literatura de ficção científica. Deixariam de ser o que são. Por isso que buscar liberdade fora da liberdade de Cristo, dentro de um ambiente onde ser livre é algo muito difícil de ser, pode ser algo extremamente perigoso para aquela terra.

4) É por isso que não levo a sério as opiniões da Ilze Scamparini, que é uma verdadeira desinformante. É por essas e outras razões que compreendo os poloneses, mesmo que me tratem mal como turista - eu os perdoarei, se estes me pedirem desculpas pelas ofensas que vierem eventualmente a praticar contra mim. Na Polônia, a pessoa que não tiver um senso de cristianismo apurado tenderá a falar mal dos poloneses, pois a Polônia não é só um destino turístico, mas um destino para aquele que busca explorar o mundo com a alma, tal qual os portugueses foram consagrados em Ourique.

5) Ir à Polônia é algo mais profundo - é como ir ao deserto em busca de Cristo. Você precisa estar pronto para isso. Se a pessoa não for com a intenção de tomar aquela terra como seu lar também, não conquistará espiritualmente aquele povo tão sofrido, mesmo sendo uma pessoa expansiva, alegre.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 4 de agosto de 2016 (data da postagem original).

História que ouvi - a Lenda da Matrioska

1) Na minha consulta dentária de ontem, eu ouvi a história da matrioska - essas bonequinhas russas.

2) Havia um certo lenhador que coletava lenha no inverno. Sempre que ele encontrava uma madeira boa, ele esculpia.

3) Houve uma nevasca e ele não pôde trabalhar. No dia seguinte, por milagre, a neve havia se dissipado - e debaixo da neve dissipada ele encontrou uma madeira muito boa para se esculpir. Por um instante, ele ficou sem saber o que fazer, até o momento em que decidiu esculpir uma boneca, a qual deu-lhe o nome de "matrioska" - aquela que ouve, em russo.

4) Tal qual o Wilson no filme "Náufrago", o lenhador conversava todos os dias com a matrioska - até o dia em que ela começou a falar. Teve um dia em que a matrioska tinha vontade de ter um filho. O lenhador tirou um pouco de madeira da barriga da matrioska - e fez uma boneca igual, mas em escala menor, chamada "trioska".

5) Algum tempo depois, trioska disse que também queria ter um filho - o lenhador tirou um pouco de madeira da barriga da trioska e fez uma boneca igual à trioska, mas em escala menor, chamada "oska".

6) Algum tempo depois, a oska disse que queria ter um filho. O lenhador tirou o pouco de madeira que ainda restava da barriga da "oska" e nasceu um boneco chamado "ka".

7) O caso da matrioska explica perfeita o sentido da vida - mesmo que sejamos ou homens ou mulheres, algo de bom pode nascer a partir de nós, a partir do desdobramento da nossa carne, pois filho é uma bênção.

8) Quando o colega Italo Lorenzon define assassinato como "a interrupção injustificada da biografia de uma alma racional, ainda que esta esteja destituída das prerrogativas da razão", ele faz menção ao fato de que o assassinato implica destruir matrioskas, uma vez que esta obra de arte nos aponta para o mistério da vida, da conformidade com o Todo que vem de Deus. É um verdadeiro sacrilégio!

Notas sobre a relação entre literatura, arquivologia e jornalismo

1) Quando se é um escritor, você deve manter um registro das histórias e das coisas que sua família aprende, de modo a passar isso às futuras gerações.

2) Tudo que tiver valor deve ser registrado, desde receitas de bolo a técnicas de conserto de materiais. Até mesmo histórias que você ouve de amigos devem ser registradas, de modo a que não sejam esquecidas.

3) Eu comecei a perceber isso quando jogava Ultima Online - a cada dia que passa vejo a relação cada vez mais umbilical entre literatura e arquivologia, uma vez que nesse jogo é possível perfeitamente escrever em livros de modo a passar o que você sabe aos seus pares. Além de jogar, o jogo favorecia uma excelente cultura de debate.

4) Fico imaginando como poderia ser fantástico debater com os meus pares na forma de livros escritos, numa conversa de autor para autor - isso geraria um debate intelectual e tanto dentro do jogo. Não é à toa que o primeiro RPG em massa da História pode ser também considerada a primeira rede social que existiu ao longo da história da humanidade, 7 anos antes do surgimento do Orkut.

Resposta à colocação de um amigo

1) Mesmo em um ambiente em que predomine o amor à verdade, às vezes a própria personalidade fica refreada desse amor ao verdadeiro, coisa que leva ao belo, à conformidade com o Todo que vem de Deus - quando ela não consegue transcender ao belo, ela sofre um verdadeiro processo de apeirokalia e se torna um anjo deformado, tal qual Lúcifer. Isso meu amigo Lucas Correia me expôs muito bem - e estou de pleno acordo.

2) Essas almas deformadas surgem aqui e acolá com o passar dos tempos. Quando tomam o poder, fazem do governo uma fábrica, pois produzem esquizofrênicos em massa - isso explica o fato de que conservar o que é conveniente ainda que dissociado da verdade constitui a base da mentalidade revolucionária - o "estar à esquerda do Pai, no seu grau mais básico", como costumo dizer em meus artigos. Aí é que está o problema. Eis aí porque devemos ser eternamente vigilantes.

Da importância da memória como uma forma de relacionar o ensino ao amor à verdade, coisa que decorre da conformidade com o Todo que vem de Deus, com a dor de Cristo

1) Quando estudava, a "decoreba" era o caminho que garantia a aprovação. Se você tivesse boa memória, sua aprovação estava garantida.

2) O problema da "decoreba" está relacionado ao fato de que o ensino se tornou uma espécie de teatro, de fingimento: o aluno finge que aprendeu e o professor finge que ensinou. Diante desse pacto não-escrito, os alunos progridem na hierarquia escolar e nada aprendem, dado que houve divórcio permanente do ensino com o amor à verdade, com o não-esquecimento das coisas, o que favorece o trabalho de doutrinação ideológica.

3) Quando se criou o ensino público, laico, divorciado do magistério da Santa Madre Igreja, a finalidade foi criar crentes na doutrina de se tomar o país como se fosse religião e não como se fosse um lar em Cristo. Como tudo é fundado no fato de se conservar o que é conveniente e dissociado da verdade, então isso gerou o relativismo moral e a insinceridade do ensino, pois acabou se tornando doutrinação.

4) Ainda que certos professores digam que o aluno deve entender as coisas ao invés de decorar, de nada adianta a pessoa compreender se ela não assimilou na carne o que é indispensável para se aprender um conteúdo novo. E de nada adianta apreender um conteúdo novo se o conteúdo estiver divorciado da verdade, fora daquilo que é conforme o Todo que vem de Deus.

5) Se o ensino deve ser fundado na verdade - pois Cristo é o caminho, a verdade, a vida -, então decorar é a forma de assimilar essa cara verdade dentro de nossa própria carne, de modo a que não esqueçamos as coisas. Para que eu pudesse melhor compreender os ensinamentos da Bíblia e da tradição apostólica, eu tenho feito um esforço de memorizar a palavra escrita na Bíblia, de modo a que pudesse melhor raciocinar acerca do que é ensinado na homilia e de modo a melhor expor o que falo nos meus textos. Se a Bíblia é um suporte ao ensino da fé católica, então ela não pode ser pregada com interpretações particulares, fundadas em sabedoria humana dissociada da divina. E o que é pregado não pode ser voltado para o nada, de modo a gerar uma odiosa hipocrisia.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 4 de agosto de 2016 (data da postagem original).

Observações realistas sobre o princípio da impessoalidade

1) Princípio da impessoalidade pressupõe dar importância às instituições criadas por conta da Constituição ou por conta do regime instaurado de modo a melhor reger o bem comum.

2) Eu não creio na impessoalidade, pelas seguintes razões:

a) A República nasceu através de um golpe, o que a torna ilegítima.

b) O que é ilegítimo praticará constantes salvacionismos de modo a conservar o que é conveniente e dissociado da verdade. É por isso que a Constituição foi mudada diversas vezes, por conta das constantes mudanças do estado de compromisso, das regras do jogo.

c) Quando a constituição é mudada, instituições são criadas, extintas ou modificadas. Com as constantes mutações, o trabalho feito por homens públicos virtuosos se perde por conta da entropia, pois as regras que nortearam esses homens não são as mesmas para as gerações seguintes. Logo, não há tradição em função de a regra ser a mesma com o passar gerações - o que há é uma tradição revolucionária, onde a regra é mudada a cada geração, o que gera um verdadeiro relativismo moral, o que força as pessoas focarem suas vidas no presentes, criando um ambiente profundamente hedonista e materialista. E é por conta disso que o horizonte das mesmas se torna reduzido, o que fomenta má consciência.

3) Além de as instituições serem frutos das mudanças abruptas por que o país passou, durante o regime republicano, há ainda um outro agravante, fundado no princípio do rec sic stantibus. Digamos que a constituição de 1988 continue vigorando por mais 60 anos, sendo emendada uma vez a cada 4 meses, da forma está sendo feita: ainda que as instituições se mantenham de pé, elas serão inócuas, ineficazes, pois os homens são fisiológicos, já que eles não possuem virtude alguma, uma vez que estão na política por carreirismo - e o populismo é uma forma de se ganhar a vida, pois a política virou profissão. Enfim, fica impossível tomar o país como se fosse um lar com bananas no poder - por isso que o Olavo os chama de homens de papelão, pois são permissivos a todo tipo de agressão que seja feita a tudo aquilo que é conforme o Todo que vem de Deus. E não opor-se ao erro é aprová-lo - é por essa razão que o termo "sob a proteção de Deus" soa uma ofensa ao Pai verdadeiro, posto que é dito de maneira vã, insincera.

4) Enfim, o professor Olavo está coberto de razão quando essa gente me vêm com esse argumento de que "precisamos preservar as instituições". Isso é repetir a história - o Brasil precisa de mudança; ele precisa voltar ao que funcionava antes, pois são 127 anos de ordem voltada para o nada. E trazer a virtude passada para a realidade implica adaptar as leis da época a uma sociedade que não conheceu o Imperador D. Pedro II, pois o ensino sério da História foi a ela negado, por conta da doutrinação ideológica, seja dos positivistas - que tomam a República como se fosse religião -, seja dos comunistas.