Pesquisar este blog

segunda-feira, 28 de maio de 2018

No Brasil, as encomendas viraram cápsulas do tempo

1) Eu fiz duas encomendas de livro: uma em novembro do ano passado e outra em janeiro deste ano.

2) Estamos no dia 28 de maio de 2018 - e só agora a encomenda de novembro chegou.

3) Entre novembro de 2017 e maio deste ano muita coisa ocorreu: houve greve dos correios, a central de distribuição de Jacarepaguá pegou fogo e os caminhoneiros fizeram uma paralisação, bem ao estilo de uma secessio plebis romana. O país ainda está sentindo os efeitos disso e eu recebi a encomenda de novembro intacta (eu pensava que não iria receber nunca ou que viria toda queimada, chamuscada).

4) Convenhamos: um beduíno do deserto - se percorresse uma longa estrada que vai de Minden, Nevada (onde fica o armazém da Shipito, onde ficam minhas coisas quando faço compra nos EUA) até o Rio de Janeiro - faria esse percurso em bem menos tempo, ainda que no lombo de um camelo. Passaria por vários caravançarais, vários funduques, encararia a selva amazônica, um monte revolucionário pelo caminho, falsos índios cobrando pedágio, o banditismo do Brasil e aqui chegaria em bem menos tempo. Até mesmo uma tartaruga seria bem mais eficiente que o correio no quesito entrega.

5) Enfim, minha encomenda acabou virando uma cápsula do tempo. Em seis meses, tudo pode acontecer no Brasil. Afinal, a História é contada por meio de artefatos - e essa minha encomenda de fato tem muita história pra contar, se pudesse falar, é claro.

José Octavio Dettmann​

Rio de Janeiro, 28 de maio de 2018.

domingo, 27 de maio de 2018

Greve dos caminhoneiros? Uma meditação sobre isso

1) A natureza da greve, no direito do trabalho, é exceção de contrato mal cumprido.

2.1) Quem concentra os poderes de usar, gozar e dispor vai usar e abusar do poder de direção sobre aquele que está a ele subordinado por força de um contrato, já que o abuso do poder econômico leva a tratar sistematicamente os desiguais de uma maneira injusta, fazendo da economia de mercado uma economia de sujeição, por força da perversão que os liberais fizeram a respeito da liberdade, pois as pessoas agora estão conservando o que conveniente e dissociado da verdade, que é a riqueza como sinal de salvação.

2.2) Por esta razão, o direito do trabalho é o direito que rege os contratos de prestação de serviço de natureza civil em tempos de hipossuficiência, já que as partes contratantes são desiguais, a ponto de a parte que tem menos poder ser forçada a aderir aos termos de quem tem mais poder, por força da necessidade. Não é à toa que isso é a crise do instituto contratual, a ponto de a liberdade ser voltada para o nada. Não é à toa que a sindicalização e a greve são meios de defesa dos interesses dos empregados em face dos abusos de um mesmo empregador. Como a união faz a força, então juntos eles conseguem aquilo que não conseguiriam sozinhos, individualmente falando.

3.1) Autônomo, que eu saiba, não está sujeito a um contrato. Ele é particular colaborador com a iniciativa pública - por isso, é tanto um permissionário quanto um concessionário, quando está exercendo atividade economicamente organizada na forma de uma empresa.

3.2) Se o Estado é tomado como se fosse religião, em que tudo está no Estado e nada pode estar fora dele ou contra ele, então a autonomia termina sendo pervertida em emprego público - como essa perversão precariza a relação de permissão, então ele não goza dos benefícios previstos em lei que rege o emprego público, dado que não são celetistas. O próprio surgimento de um sindicato de autônomos é admitir que tudo está no Estado e nada pode estar contra ele ou fora dele. Isto é um indício do problema crônico de proletarização geral da sociedade em que nos encontramos.

4.1) Se o Estado é tomado como se fosse religião, então a exceção do pacto social mal cumprido é a via do lockout e a "greve" dos autônomos, se observarmos esta realidade jurídica torta, defeituosa. Mas essa exceção do pacto social mal cumprido só pode ser feita quando o Estado tomado como se fosse religião atenta contra aquilo que decorre da conformidade com o Todo que vem de Deus.

4.2) Em tempos de país descristianizado, o que se trocará é uma tirania de Estado máximo por uma tirania de Estado mínimo, já que o mercado está sendo tomado como se fosse Deus, uma vez que a riqueza se tornou uma espécie de salvação. E o mínimo é também o máximo, já que liberdade fora verdade leva à tirania e ao agigantamento do Estado - e isso não é solução.

José Octavio Dettmann​

Rio de Janeiro, 26 de maio de 2018.

sexta-feira, 25 de maio de 2018

Exercício arbitrário das próprias razões, mesmo que o mérito seja justo e patriótico, é ato de apatria

1) Mesmo que no mérito você esteja correto, você põe tudo a perder quando você exerce arbitrariamente as próprias razões.

2) Ainda que o mérito da reivindicação dos caminhoneiros tenha caráter patriótico, os métodos apátridas, próprios dos terroristas que bloqueiam as estradas e ainda fazem todas as classes produtivas reféns de uma classe só, põem tudo a perder, pois isso leva à luta de classes e não à concórdia.

3) Joice Hasselmann falou na tal "garra patriótica" dos caminhoneiros. Neste ponto, ela está completamente errada - e está induzindo muita gente a caminhar na pista errada, a ponto de ser uma desinformante.

4) Essa ligação com o movimento globalista maçônico-sionista que ela tem comprova a tentativa de desinformação esquerdireitista.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 25 de maio de 2018.

A verdade sobre essa greve dos caminhoneiros

1.1) Uma das coisas que me chamou a atenção nessa greve de caminhoneiros foi o extremo grau de organização do movimento.

1.2) Isso denuncia ação de gente de sindicato com vastíssima experiência no setor, como bem apontou o jornal Crítica Nacional. Isso explica certamente os métodos questionáveis, como bloquear as estradas de modo a frustrar o ir e vir das pessoas, o que é ilegal, pois é ato próprio de terrorismo.

2) Um movimento espontâneo não cobriria todo o movimento território nacional - e se fosse espontâneo, não haveria bloqueio das estradas, já que o caminhoneiro estaria vendo no motorista um irmão necessitado da estrada livre.

3) O amor de si até o desprezo de Deus é próprio de quem busca o poder, pois usarão métodos terroristas para conseguirem o que querem, forçando a redução dos impostos, sem se importar com o reajuste fiscal que precisa ser feito, por conta de um rombo deixado nas contas públicas após 13 anos de PT.

4) Quando dizem que liberal é ponta de lança de comunista, isso não é à toa. Não é à toa que muitos dos que divulgavam vídeos a respeito do bloqueio das estradas eram relativos a sites como o Avança Brasil, que é maçônico, revolucionário, o que torna ainda mais evidente que esta ação não tem nada de espontânea.

5.1) Enfim, trata-se de uma verdadeira ação para se seqüestrar do povo todas as ações que devem ser feitas de modo que ele seja verdadeiramente livre.

5.2) E como foi bem apontado pelo 3 em 1, trata-se de uma extorsão mediante seqüestro. Mas seqüestro de um país inteiro de seu povo, de modo a se conseguir o que se deseja. E mesmo que paguem o resgate, eles não ficarão satisfeitos.

José Octavio Dettmann​

Rio de Janeiro, 24 de maio de 2018.

https://criticanacional.com.br/2018/05/24/o-dirigente-sindical-que-lidera-a-greve-dos-caminhoneiros/

Notas sobre o mapa da ignorância

1) O professor Olavo de Carvalho falou a respeito do mapa da ignorância.

2) Para se mapear a ignorância, é preciso duas coisas: saber o que está sendo conservado conveniente e dissociado da verdade, bem como aquilo que deveria ser percebido, mas não o é por conta do órgão da inteligência não estar desenvolvido na maioria das pessoas, por serem incapazes de ver o que não se vê, uma vez que a inteligência entre as pessoas está distribuída desigualmente.

3.1) A maior parte do que precisa ser mapeado está naquilo que se conserva conveniente e dissociado da verdade.

3.2) Conhecer a verdade oculta por trás do conservantismo é recolher uma jóia preciosa que foi engolida pelo seu cachorro. Essa jóia não será digerida pelo organismo do animal e terminará sendo expulsa por meio da excreção. Até recuperá-la, você terá de limpar camadas e camadas de cocô até recuperar o bem precioso.

3.3) É exatamente assim quando lidamos com conservantistas - em meio a tanto besteirol defecado pela boca ou por escrito, há algumas coisas interessantes e que apontam para a verdade. É preciso que isso seja retido e não esquecido. Enfim, é como procurar ouro no meio do lixão.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 25 de maio de 2018.

quinta-feira, 24 de maio de 2018

Se nenhum homem deve dominar outro homem, então nenhuma classe deve dominar outra classe, a ponto de inviabilizar as atividades economicamente organizadas da classe dominada

1) O ideal da República em Roma é que nenhum homem deve dominar outro homem. Da mesma forma nenhuma classe deve ter poder sobre outra classe, a ponto de inviabilizar suas atividades profissionais, tal como vemos atualmente.

2) Se os caminhoneiros param, eles forçam todas as outras classes a parar, forçando um verdadeiro conflito sistemático de interesses qualificado pela pretensão resistida de uma só classe. E caberá ao Estado ter de compor esse conflito de modo que a concórdia seja restaurada.

3.1) Altos impostos inviabilizam que muitos caminhoneiros sejam donos de seus próprios caminhões.

3.2) O banditismo força que muitos troquem o trabalho autônomo pelo trabalho subordinado - se houver uma greve patronal, lockout, eles serão forçados a obedecer.

3.3) O país não tem navegação de cabotagem, nem ferrovias, aumentando ainda mais o poder dos caminhoneiros ou das empresas transportadoras, pois passam a concentrar muito poder em poucas mãos, a ponto de terem poder de vida e de morte sobre aquilo que é feito no país.

3.4) Se você somar tudo isso à ganância, à cultura de riqueza como um sinal de salvação, o caos está feito.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 24 de maio de 2018.

Quem concentra os poderes de usar, gozar e dispor é capaz de fazer lockout: o caso da greve patronal das transportadoras

1) Como foi dito, o Estado não deve ser forte nem fraco, mas eficaz. O caminho do meio é, pois, o caminho da eficácia.

2) E um dos fundamentos da eficácia se dá em negociar com classes profissionais essenciais à economia da nação ainda quando o problema é um germe, de modo a atender suas reivindicações justas, como vemos com a classe dos caminhoneiros, reintegrando-as ao senso de tomar o país como um lar em Cristo. Durante o governo Dilma os caminhoneiros já haviam parado por conta do preço do diesel. E parece que o pessoal de Brasília ainda não aprendeu a lição - é preciso baixar os impostos de modo que muitos caminhoneiros possam comprar o seu próprio caminhão.

3.1) É sintoma de fraqueza, de anarquia, quando a riqueza se torna uma espécie de salvação de tal maneira que aqueles que concentram os poderes de usar, gozar e dispor em poucas mãos acabem determinando uma greve patronal de modo a parar toda a economia do país, como que num efeito dominó.

3.2) Muitos dos caminhoneiros não são donos dos instrumentos de trabalho - eles são empregados que seguem a ordem do patronato, das empresas de transporte.

3.3) Quem tem esse enorme poder faz do Estado fraco uma religião, pois tudo está no Estado mínimo e nada pode estar fora dele ou contra ele, o que faz do liberalismo uma versão anã do fascismo. E a república brasileira neste fundamento é essencialmente fascista, pois pratica um socialismo de nação, seja no Estado agigantado na sua versão reduzida, mínima. E isso, somado ao que falei no artigo anterior, é um verdadeiro desastre.

4.1) Se todos os caminhoneiros fossem donos dos seus próprios caminhões, jamais haveria uma greve de tamanhas proporções, pois ninguém estaria dependente dos favores do Estado totalitário ou de seu equivalente mínimo. E muito deles não adotariam táticas terroristas aprendidas de grupos como MST ou do MTST, de Guilherme Boulos, a ponto de buscarem um exercício arbitrário das próprias razões, ainda que justas, já que isso é servir liberdade com fins vazios.

5) A carga tributária é altíssima, o que faz com que tudo esteja nas mãos do Estado - e neste ponto eles têm razão. Mas fechar a estrada e impedir que a população comum não possa circular é exercício arbitrário das próprias razões: ou seja, crime. Então, os dois lados estão errados.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 24 de maio de 2018.

Sara Rozante: Essa inflação é injusta. O prof. Angueth tem um artigo falando sobre esse tipo de abuso.