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sábado, 20 de janeiro de 2018

A concentração de grandes complexos fabris em poucas mãos deu causa ao desemprego estrutural, desde que o robô foi introduzido nas indústrias

1) Fábricas são complexos industriais onde a administração é centralizada e focada na tarefa. E a tarefa tende a ser simples e repetitiva.

2) Antes dos robôs, os trabalhos eram feitos por seres humanos. Muitos sofriam de lesões decorrentes do esforço repetitivo.

3.1) Com a implementação do robô, que é muito bom para esse tipo de trabalho, isso causou desemprego estrutural. E esse desemprego estrutural foi gerado por conta de as fábricas terem se tornado a espinha dorsal da economia de uma nação inteira. 
3.2.1) Se o país é tomado como se fosse religião, então o economicismo  se torna norma, pois o amor ao dinheiro, que é tomado como se fosse Deus, se torna religião. 

3.2.3) Como a indústria transforma matéria-prima em produto de primeira ordem, feito para atender necessidades humanas, então o industrialismo se tornou sinônimo de transformação social, de progressismo inexorável, de darwinismo social, onde só os mais fortes sobrevivem. E com isso, os capitães de indústria passam a ter a impressão de que tem poderes mágicos. 

3.2.4) Isso mata todo o senso de nobreza, dado que o trabalho deixa de ser santificador, por perder a conexão de sentido fundada na conformidade com o todo que vem de Deus.  

3.2.5) Se a nobreza for corrompida por força de se amar mais o dinheiro do que a Deus, ocorre a perversão da aristocracia, a ponto de se tornar oligarquia. E quando afeta a chefia da nobreza, a realeza, então haverá tirania, dado que o rei terá o corpo temporal e espiritual da nação ao mesmo tempo, a ponto de fazer o país ser tomado como se fosse religião, em que tudo está no Estado e nada poderá estar fora dele ou contra ele - e isso é totalitarismo.

4.1) O desemprego estrutural, que deu causa a uma nova proletarização geral da sociedade, foi causado por duas coisas: a primeira se deu por força de concentrarem o poder de usar, gozar e dispor em poucas mãos, o que leva ao arbítrio. E por força do arbítrio, o ser humano é tratado como se fosse coisa e descartado.  

4.2) Isso gerou uma crise social no mundo inteiro, entre os 90 e 2000: uma crise provocada pelo abuso do poder econômico. É no arbítrio que os homens são usados e os bens são amados, o que desliga os materialistas da amizade com Deus. 

4.3) Um complexo industrial precisa ocupar grandes extensões de terra e ter uma estrutura centralizada para poder funcionar. E isso implica concentrar o poder de gozar, usar e dispor em poucas mãos, dado que só gente endinheirada terá complexos industriais de grande monta.

5.1) Se o conhecimento para fabricar robôs e todo o material necessário fosse distribuído a toda população comum realmente interessada em produzir produtos que atendessem as necessidades das pessoas sistematicamente, então qualquer casa do país poderia virar uma pequena fábrica, a tal ponto que produtos de tudo quanto é tipo seriam fabricados pelas próprias famílias e poderiam estar disponíveis nos mercados. Haveria uma grande variedade de marcas de tudo quanto é tipo - e isso seria benéfico ao consumidor, dado que ele teria mais liberdade de escolha e poderia levar um produto com qualidade caseira, ainda que feito com a ajuda de robôs, de maneira sistemática.

5.2.1) Para que isso acontecesse, as patentes e os privilégios temporários decorrentes dessas patentes precisariam ser quebrados. As grandes corporações se valem dos segredos industriais de modo a destruírem os seus oponentes. Usam até mesmo espionagem industrial para poder conseguir o que desejam.

5.2.2) As fábricas dessas grandes corporações seriam desapropriadas, por força do abuso do poder econômico, dado que o casamento da indústria com os bancos fomenta toda uma cultura revolucionária. 

5.2.3) No lugar de uma indústria gigantesca, surgiriam muitas pequenas oficinas, a serem tocadas pelas famílias, dado que o terreno seria dividido e loteado para que pessoas comuns do povo pudessem abrir seu próprio negócio e serem úteis ao país. 

5.2.4) No tempo em que vivemos, muitas corporações gigantescas estão pervertendo tudo o que é sagrado, a ponto de destruírem a nossa cultura. E a desapropriação seria no sentido de punir essas empresas que estão ganhando dinheiro a qualquer preço e com isso financiar ação revolucionária no mundo todo, a ponto de nós estarmos financiando nossa própria cova. Basta ver o caso Santander, que financiou uma exposição sobre ideologia de gênero, e a Nestlé, que quer privatizar a água. Essas empresas precisam ser punidas, quer pela desapropriação de seus bens, quer pela quebra de suas patentes, pois estão ajudando a destruir o país.

5.2.5) Isso que falo, contudo, não eliminaria um nicho de mercado. Algumas famílias se especializariam no produto mais artesanal, com série limitada, de modo a atender a gostos mais exigentes ou pessoas que possiem sérios problemas de restrição alimentar. E perceberiam uma alta renda por força disso.

6.1) Na economia familiar, leva-se em conta o fato de que o trabalho enobrece - como ele é feito com excelência, a melhor matéria-prima é buscada e adquirida - e o método para se converter matéria-prima em trabalho acabado é o melhor possível.

6.2) Quando um produto familiar é muito demandado, robôs seriam usados de modo a se atender a demanda com mais eficiência. Mas isso é uma questão de escolha - algumas famílias preferirão trabalhar da forma mais artesanal e outras preferirão trabalhar de modo a atender necessidades de massa. São nichos de mercado diferentes. Com isso o progresso deixa de ser inexorável e passa ser uma questão de escolha.

6.3) Afinal, numa economia familiar não há competição, mas colaboração - e na colaboração membros da família A (que trabalha com economia artesanal) e B (que trabalha para atender necessidades de massa) podem freqüentar a mesma missa, tomar café da manhã juntas e conversar sobre coisas importantes, a ponto de trocarem conhecimentos entre si. 

6.4) Isso seria inconcebível no mundo moderno, onde o sigilo é a razão de ser todas as coisas, dado que o concorrente é um inimigo que precisa ser eliminado, uma vez que a riqueza virou salvação, num gnosticamente divididos entre eleitos e condenados.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 20 de janeiro de 2018.

Da riqueza como ponte e como muralha

1) A riqueza deve ser usada de modo a criar pontes, favorecendo assim a integração entre as pessoas. Além disso, ela deve ser usada como instrumento para incutir nelas um senso de responsabilidade, pois é preciso servir aos nossos semelhantes de modo que a ordem que ajudamos a construir também nos sirva, quando mais precisarmos.

2.1) A riqueza não pode ser usada como um muro. É dos inimigos, e não dos amigos, que aprendemos a construir muros, já que as causas de uma guerra de agressão se devem à inveja e à ganância sem limites, o que é fora da conformidade com o Todo que vem de Deus.

2.2) Num mundo dividido entre eleitos e condenados, a riqueza é vista como um sinal de salvação, um tipo de muro - e toda filantropia que fazemos é por força de ajudarmos os eleitos, uma vez que não estamos olhando a quem estamos ajudando, uma vez que o bem, fundado na liberdade, está voltado para o nada, por conta da relativização da verdade.

2.3) Na filantropia, nós fazemos uma verdadeira publicidade, criando uma falsa aparência de bondade - e não é à toa que Cristo disse que a mão esquerda (a mão que recebe) não deve saber o que a mão direita (a mão que doa) faz, dado que é por força desse mistério que vemos a presença de Deus naquela pessoa pessoa que doa.

3.1) Quando a riqueza é usada como ponte, nós reconhecemos que somos competentes e incompetentes ao mesmo tempo.

3.2) Se ajudamos a alguém que ama e rejeita as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento, então nós estamos dando liberdade para essa pessoa fazer o que precisa ser bem feito dentro dos limites da doação que fazemos; se dou a ela R$ 100,00, então estou permitindo que essa pessoa se aprimore intelectualmente e escreva artigos melhores, com base nos livros que comprou, dentro do limite de R$ 100,00.

3.3) Se o trabalho dessa pessoa rende muito fruto com pouca leitura, então ela merece muito mais do que R$ 100,00 - ela precisará de mais dinheiro de modo que possa contratar tradutores e transcritores de modo que faça um melhor trabalho possível - e neste ponto, eu preciso ajudá-la a ganhar ainda mais dinheiro, pois esse trabalho intelectual organizado é nobre e santificador por si mesmo. Aqui no Brasil não temos essa consciência, mas nos EUA esse tipo de coiss existe - o professor Olavo falou muito sobre isso em uma de suas aulas.

4.1) Quando a riqueza é vista como um salvação, ela denuncia a salvação do homem de si mesmo por seus próprios méritos, uma fuga da responsabilidade. A famosa cultura do jeitinho brasileiro aponta que as pessoas vêem a riqueza como uma salvação.

4.2.1) O professor Olavo aponta que um povo é dinheirista demais quando tende a investir seu dinheiro em luxos, a ponto de se tornar uma classe ociosa.

4.2.2) Muitas pessoas aqui no Rio estão imitando o exemplo dos emergentes da Barra da Tijuca, gastando o dinheiro como futilidades e não incentivando os verdadeiros trabalhadores a servirem melhor aos seus semelhantes.

4.2.3) Isso é um indicio de que o Brasil imitou os EUA no que há de pior: na ética protestante. Se o Brasil tivesse olhado para sua rica herança portuguesa, poderia ser mais rico ainda, não só materialmente como também espiritualmente - e essas duas riquezas, quando casadas, fazem o país ser tomado como se fosse um lar em Cristo, o que nos prepara para a pátria definitiva, a qual se dá no Céu.

4.2.4) Esta é uma das razões pelas quais eu odeio esses que querem seguir o modelo anglo-saxão, conservando de maneira conveniente e dissociada da verdade essa secessão que o país fez contra Portugal e contra aquilo que foi fundado em Ourique.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 20 de janeiro de 2018.

Uma boa história começa com um boa cadeia causal entre pessoas, fatos, atos, coisas e circunstâncias

1) Um esquema narrativo pode ser criado a partir de uma cadeira causal.

Eis um exemplo:

A) A conhece B

B) B é livreiro

C) B conhece C, que tem uma coleção de livros que herdou de D.

D) C quer se desfazer da coleção herdada. Sabe que B é livreiro e oferece a este a coleção em consignação.

E) A coleção é cheia de livros de poesia, ficção e não-ficção.

F) A demanda por livros de sociologia. Como sociologia é livro de não-ficção, então B consegue vender alguns livros da coleção, que eram de sociologia.

G) Por força de todas essas circunstâncias, B conseguiu fazer a venda para C. E obteve um boa comissão por força do esforço de venda.

2) A forma como você converte esse esquema causal em palavras, diálogos e descrição dos atos dos personagens é que vai fomentar a imaginação do leitor.

3.1) Um ficcionista imaginário não cria do nada. Ele monta esquemas causais antes de criar um esquema narrativo altamente eficaz, de modo a trazer ao leitor as impressões corretas com relação àquilo que precisa ser visto e que não é. E para ver o que não se ver, então é preciso imaginar.

3.2) Se o lucro é ganho sobre a incerteza, então isso precisa ser posto em evidência. E é só por meio de literatura sensata que se combate a má sociologia e a má antropologia fundadas no materialismo histórico-dialético.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 18 de janeiro de 2018.

Notas sobre a importância de se criar uma cultura literária sistemática, onde todos os homens são capazes de fazer registros autênticos do que vêem, ouvem ou sentem

1) Eu sempre tenho por hábito escrever sobre as coisas que faço e sobre o que sei. E sempre que posso, costumo fazer análise das coisas que vejo e ouço.

2) Quando conheço uma pessoa, eu costumo manter um registro das minhas impressões sobre essa pessoa, a respeito do que ela faz ou fala. E com base nisso, vou fazendo análises dessa pessoa, analisando qual seria sua provável reação se ela estivesse numa determinada circunstância de vida. Com base no fato de que isso é possivelmente verdadeiro, um personagem pode ser criado a partir de um modelo humano real que você conheceu na sua própria convivência ou por meio de meios mediatos, como livros, filmes e até noticiário.

3) Quando exerço uma atividade profissional que me leva a lidar com vários tipos de pessoas, eu preciso manter um registro de cada pessoa que conheço, desde seu conhecimento profissional,de suas vantagens e desvantagens personalíssimas fundadas no seu caráter, além de saber que tipos de coisa ela gosta e não gosta de fazer, se ela possui alguma coleção, se tem livros relevantes que podem me ser emprestados ou vendidos e muitos outros detalhes.

4.1) Uma função empresarial pode ser montada com base no conhecimento que você tem acerca das pessoas. 
 
4.20 E quando você conhece a alma de cada pessoa, por força da convivência, você pode fazer a ponte, a corretagem espiritual de modo que haja uma melhor integração entre as pessoas aconteça, de modo que um bom acordo seja bem feito. É por isso que economia é sempre uma relação interpessoal, uma vez que a impessoalidade nega todo esse conhecimento e toda a possibilidade de se conhecer o que decorreria do que as pessoas são ou poderiam ser.

5.1) A cultura do registro pede homens sistematicamente cultivados no domínio da língua e capazes de captar as nuances das coisas por meio dos sentidos. E isso se faz por meio do domínio da linguagem.

5.2.1) Uma relação de oferta e demanda na economia pode ser melhor entendida se você entender o perfil de cada pessoa ao seu redor, em suas circunstâncias, o que pede que você conheça a alma das pessoas sistematicamente.

5.2.2) Neste ponto, o conhecimento de psicologia é essencial para conhecer os motivos determinantes que fazem uma pessoa escolher um critério a e não b de modo a exercer uma atividade econômica organizada, uma vez que o lucro se funda num ganho sobre a incerteza, uma vez que a vida é um vale de lágrimas, uma incerteza sistemática.

5.2.3) Se houver uma cultura literária, onde as pessoas fazem registros autênticos de tudo o que vêem e sentem, então haverá um verdadeiro tesouro a ser explorado nos arquivos das famílias, cheio de experiências humanas e sociais que poderiam ser usadas para se entender um pais inteiro, de modo a ser tomado como se fosse um lar em Cristo. 
 
5.2.4) E neste ponto, o arquivo nacional só será necessário para você entender os atos administrativos e decisórios de um país, dado que essas funções são típicas de governo, uma vez que não há substituto para isso. 
 
5.2.5) Ao comparar o que ocorre no governo e o que ocorre no âmbito do que você conhece das famílias, você poderá dizer se o país se está sendo tomado como um lar em Cristo ou como se fosse religião, em que tudo está no Estado e nada poderá estar fora dele ou contra. 
 
5.2.6) E quando o Estado é tomado como se fosse religião, o que haverá é ignorância sistemática, a ponto de não haver registros de experiências relevantes para a alma humana.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 20 de janeiro de 2018.

Notas sobre distributivismo e robótica

1) Em determinadas tarefas, o homem é o melhor operário. Ele é muito bom em tarefas complexas (como análise e raciocínio, bem como criação, tal como design, arquitetura, pintura, escrita etc)

2.1) Em outras tarefas, o robô é o melhor operário, dado que ele é capaz de fazer tarefas simples e repetitivas.

2.2) Em determinas cirurgias, o robô é necessário, pois o ser humano pode ficar cansado e precisa ser substituído, após muito tempo fazendo o mesmo trabalho - e nem sempre o substituto humano é capaz de fazer o mesmo tipo de trabalho, no mesmo gênero, quantidade e qualidade. Como isso pede repetição, um robô pode fazer, tornando um trabalho humano, antes infungível, fungível. Basta que ele esteja programado a fazer o que operário humano é capaz de fazer tecnicamente, na sua melhor condição física e mental. Assim ele se torna vigário daquele operário humano, enquanto ele recupera suas forças, tecnicamente falando.

3.1) Para que uma família faça da sua casa uma pequena indústria, é crucial que haja alguém na família que seja capaz de criar robôs.

3.2) Se houver na família um artesão, basta que este crie uma peça original, um conceito - e o robô só faz o trabalho de reproduzir a peça em larga escala. Para garantir a autenticidade da peça, o artista assina a peça com uma caneta cuja tinta tem o seu DNA - e a tinta da caneta vem de um fio de cabelo desse artista.

4.1) O maior problema hoje em dia é a possibilidade de as famílias criarem seus próprios robôs e poderem fabricar coisas de modo a atender às necessidades das pessoas sistematicamente, favorecendo assim uma maior integração dessas pessoas. E por força dessa integração, as pessoas se tornam mais responsáveis umas com as outras.

4.2) Fabricar robôs que façam o trabalho de repetir o que já foi feito ainda é caro e pede conhecimento especializado. E esse conhecimento ainda está protegido por sigilo industrial - e é esse sigilo que faz com que as indústrias tenham um grande poder de usar, gozar e dispor, criando um verdadeiro monopólio, criando toda uma manipulação social, através dos sucessivos lobbys no governo de modo a tornar a população refém do amor próprio dos capitães da indústria, pois estes vêem a riqueza como um sinal de salvação, o que é fora da conformidade com o Todo que vem de Deus.

4.3.1) Se o monopólio gera abuso, então seria sensato que o governo aliado à Santa Religião quebrasse o monopólio de tal maneira que qualquer um do povo fosse capaz de fabricar seus próprios robôs, uma vez que é função do governo proteger a sociedade dos abusos, principalmente daquela decorrente do poder econômico (um exemplo disso podemos ver no caso da quebra de patentes de modo a produzir remédios genéricos - é desumano ver pessoas morrerem, uma vez que as empresas amam mais o dinheiro do que a Deus, dado que a riqueza é vista como um sinal de salvação).

4.3.2) Uma medida administrativa poderia ser feita no tocante a remover o privilégio temporário das empresas, se elas começarem a promover produtos que atentem contra os valores da pátria e que fazem o país ser tomado como se fosse um lar em Cristo.

4.3.3) Se essa quebra de patentes acontecer, de modo a impedir que o poderio econômico de uma grande empresa domine uma sociedade inteira, então ocorrerá uma desconcentração da indústria a ponto de fazer a mais humilde casa do país uma pequena fábrica. E neste ponto, a revolução industrial acaba sendo afetada pelo distributivismo, dado que qualquer um pode ter sua própria fábrica, ao fabricar seu próprio robô. O que ocorrerá será uma grande restauração da propriedade, sistematicamente falando - uma contra-revolução industrial, dado que transformar matéria-prima em produto acabado sistematicamente estará ao alcance de todos.

4.3.4) Neste sentido, o distributivismo é a aplicação da virtude republicana dos romanos no campo econômico. A concentração de usar, gozar e dispor em poucas mãos faz um homem dominar outro homem, a ponto de reduzi-lo à escravidão - e foi contra essa tirania que os romanos buscaram a república.
José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 20 de janeiro de 2018.

quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

Todo católico que se vale da ética protestante no tocante à economia é um herege e cismático

1.1) Todo aquele que se diz católico da boca para fora é no mínimo incoerente, ao se dizer católico e defender uma cultura econômica que decorre do fato de a riqueza ser vista como um sinal de salvação, a ponto de a liberdade de servir ser voltada para o nada.

1.2) Afinal, não dá para ser católico nos costumes e valer-se da ética protestante na economia, uma vez que o espírito do capitalismo é o espírito da riqueza como um sinal de salvação, em que o mundo é dividido de antemão entre eleitos e condenados, em que o objetivo do forte é destruir o fraco e não fundir-se com ele - o que é fora do que a Santa Madre Igreja ensina.

2.1) Todo aquele que vive a vida em conformidade com o todo que vem de Deus deve fazer da sua atividade profissional um apostolado - e esse apostolado deve ser feito de modo que todas as coisas apontem para Deus. E isso é ser Cristão no sentido verdadeiro da palavra.

2.2) Se ele realiza atividade organizada de modo a empregar gente que colabore com ele nesse sentido, então ele deve recrutar gente que ame e rejeite as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento. E isso faz da oferta de emprego um tipo de evangelização.

2.3) Afinal, os que estão sujeitos à sua proteção e autoridade são seus amigos e, de certo modo, são como seus filhos. E isso faz da empresa um tipo de família ampliada, um segundo lar.

3.1) Um bom patrão não demite bons empregados, da mesma forma que um pai não nega a paternidade de seus filhos, quando estes pecam miseravelmente contra ele. Na verdade, o que esse bom patrão dá a eles é a liberdade para que possam criar uma empresa afiliada a dele de modo a atuar em outros ramos de atividade, para estes que sejam ocupados. experimentados e explorados, complementando a atividade principal do patrão, uma vez que este, por não ser Deus, não pode dar conta de tudo.

3.2) Por força disso, uma guilda se compõe de empresas associadas por gente do mesmo ramo ou de ramos conexos. E o princípio dessa associação, dessa união se dá por força da amizade, por conta de se amar e rejeitar as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento sistematicamente, visto que a riqueza é essencial para se construir um bem comum de modo que o país seja tomado como um lar em Cristo, o que nos prepara para a pátria definitiva, a qual se dá no Céu.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 18 de janeiro de 2018.

Toda atividade organizada tem postos essenciais ao bom funcionamento dessa atividade e cada posto tem sua natureza e uma história, uma razão de ser

1.1) Quando se estabelece uma atividade econômica organizada, todos os postos criados de modo a fazer a empresa funcionar têm uma história.

1.2) Esses postos existem por conta de uma necessidade específica da empresa. Para se trabalhar num posto em especial, você precisa ter não só conhecimento técnico mas também ser uma pessoa confiável e útil para a empresa, para que essa organização seja tomada como uma extensão do lar por parte de quem trabalha nela, o que também prepara para a pátria definitiva a qual se dá no Céu.

2.1) Cada cargo anteriormente ocupado é uma preparação para um cargo superior.

2.2) Há os cargos no nível mais básico, desempenhados por gente que está aprendendo a trabalhar no ofício, já que estes desejam exercer sua vocação nessa área de atuação. Uma vez que essas pessoas estão preparadas para assumirem uma função mais especializada ou são capazes de exercerem uma atividade mais complexa, elas são promovidas e passam a ocupar um espaço na hierarquia superior imediata.

2.3.1) No começo, como são pessoas novas na função, ocupam o espaço de pessoas mais antigas, de modo a substituí-las em suas férias ou eventuais impedimentos.

2.3.2) Se elas se mostram tão confiáveis quanto seus antecessores, então os antecessores são convidados a assumirem outros cargos de hierarquia superior, visto que fizeram um bom trabalho e há sucessores para eles na função que antes desempenhavam. Alguns aceitam ser promovidos, mas outros, por humildade, preferem continuar na função que desempenham muito bem, visto que estão satisfeitos nessa função

2.3.3) Por força desses humildes, vagas são criadas de modo a acomodar mais gente na mesma função que o humilde, alargando ainda mais a força de trabalho desse departamento, já que este trabalho passou a ser mais essencial para a empresa, o que leva a aumentar a capacidade de produção da empresa, bem como o compromisso que o empresário terá com os trabalhadores dessa classe, de modo a pagar-lhes um salário melhor. Assim, o exemplo do humilde se distribui aos mais jovens na mesma função, sejam eles titulares ou suplentes.

3.1) Se isso ocorre num departamento, o mesmo ocorre nos demais, beneficiando a toda a corporação de ofício.

3.2) Algumas pessoas, por humildade e por senso de empreendedorismo, costumam manter laços com o antigo patrão e acabam criando filiais da empresa em outro lugar ou empresas afiliadas de modo a colaborarem com o antigo patrão em setores em que ele não consegue dar conta de suprir.

3.3.1) Assim, o distributivismo atinge o plano da desconcentração, pois várias pessoas jurídicas surgem por desdobramento da empresa principal.

3.3.2) Como essas empresas pertencem aos empregados do antigo chefe, então o antigo patrão acaba se tornando pai espiritual do empregados dos seus antigos empregados, a tal ponto que a empresa se torna uma espécie de família. 

3.3.3) Um bom patrão não demite bons empregados. Na verdade dá a eles liberdade para que possam criar uma empresa afiliada a essa de modo a complementar a atividade, uma vez que o patrão não pode dar conta de de tudo. E uma guilda se compõe de empresas associadas por gente do mesmo ramo ou de ramos conexos, por gente que ama e rejeita as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 18 de janeiro de 2018.