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terça-feira, 29 de março de 2016

Notas sobre o tempo pascal

1) No Antigo Testamento, a páscoa representava o primeiro mês do ano do calendário hebreu. Como o calendário era lunar, então a páscoa se dava na primavera, na época do plantio.

2) A primavera é o começo da revolução, pois é o começo do ciclo produtivo, do ciclo agrícola. Se Cristo é o caminho, a verdade e a vida, então é na Páscoa que se dá a renovação de nosso ciclo espiritual. Por isso a páscoa é também renovação constante no sacrifício de Jesus, coisa que se dá todo domingo. 

3) Neste tempo pascal, nós passamos 50 dias como se fossem um grande domingo. Não um domingo no sentido polonês do termo, em que não se faz nada, mas no sentido russo do termo, pois domingo é o dia da ressurreição do Senhor, o dia do Senhor por excelência. Vivamos esses 50 dias na esperança de trabalhar duro e fazer do Brasil uma nação digna ser tomada como se fosse um lar com base no Cristo Crucificado de Ourique. Pois se Ele é a verdade, então Ele é a razão para sermos o que somos: a Terra de Santa Cruz. 

Sobre o perigo de se posicionar politicamente tomando os fatos como se fossem coisa

1) Ser de direita ou esquerda tomando estes fatos sociais que nós vemos hoje como se fossem coisa é aceitar o argumento de que o Estado tem a sua verdade e que tem o direito de não estar submetido à Lei Natural, coisa que se dá na carne até mesmo do governante eleito.

2) Como o libertarismo prepara o caminho para o totalitarismo, então não podemos, como católicos, escolher entre o conservantismo (estar à esquerda do pai de maneira moderada, ainda que muitos chamem isso de "direita" no sentido mais falso, pervertido do termo) e o extremismo revolucionário (estar à esquerda do pai de maneira radical, agindo tal qual um progressista que cava cada mais fundo a sua cova de modo a ir pro inferno de vez). A escolha entre um e outro é malminorismo e isso é uma conseqüência grave do pecado da omissão, pois não estamos ocupando o espaço.

3) Se numa democracia o governante deve respeitar as leis, então comecemos pela única que os legisladores humanos não podem perverter, por ter sido elaborada pelo próprio Deus: Os Dez Mandamentos. Estar à direita do Pai implica obedecer os Dez Mandamentos, o que nos leva a estarmos em conformidade com o Todo que vem de Deus - e esses mandamentos têm pleno cumprimento naquilo que Cristo disse: amai a Deus sobre todas as coisas e amai-vos uns aos outros como Cristo nos tem amado, base para a fraternidade universal.

4) Ser de direita sendo utilitarista e relativista é tão-somente nominalismo. Como o libertarismo se funda numa visão de mundo protestante, que não crê em fraternidade universal, então  preocupar-se em posicionar-se politicamente diante de tais circunstâncias é sabedoria humana dissociada da divina. E isso é estar a um passo da excomunhão ou da apostasia.

domingo, 27 de março de 2016

Notas sobre o Império Romano

1) No Direito Romano, o parentesco se dava por relações de culto e não por relações de sangue. O pater familias era o microcosmos do sumo pontífice - e ele é quem oferecia sacrifícios ao deus da família e aos antepassados. O animal de sacrifício mais usado era o agnus, o cordeiro.

2) Geralmente essas famílias eram a base moral de toda a pátria, pois elas nunca tiveram mácula de escravidão, fundada no pecado de não se honrar os compromissos familiares para com a civitas romana. Quem não fosse honrado era escravizado por dívidas e seu corpo era vítima de castigo corporal, a ponto de este ser retalhado em tantos pedaços quantos fossem os credores. Essa prática era animalesca e partia do pressuposto de que o corpo era uma propriedade - se na propriedade temos os poderes absolutos de usar, o gozar e dispor, então naturalmente isso implicava poder de vida e de morte. 

3) O pater famílias era tido como se fosse um deus vivo dentro da família, a ponto de ter poder de vida e de morte sobre os seus filhos. Esse poder de vida e de morte causava muitos conflitos sociais - a tal ponto que manter o culto doméstico dentro do sangue era difícil. Por isso, os romanos adotavam membros de outras famílias, de modo a dar continuidade ao culto doméstico, no nome do pai antecessor.

4) A cultura familiar romana, por sua própria natureza, não permitia que um homem de família tivesse poder de vida e de morte sobre outros pais de família - por isso que a república foi o regime natural dentro de um regime culturalmente totalitário. Roma se expandia constantemente em guerras, de modo a manter sua economia doméstica, fundada numa economia agrária e latifundiária - e para isso, eles precisariam tomar terras e mais terras, bem como conseguir escravos. Os filhos passaram a ser senhores de família, uma vez que o soldo lhes permitia terem bens e uma vida livre da autoridade paterna. Esses eram os bens do pecúlio castrense.

5) Como nenhum pai de família podia dominar outro pai de família, os pactos de família eram algo corriqueiro. As filhas, junto com uma importância em bens e dinheiro, eram dadas como se fossem coisa para os varões mais ilustres da família aliada, geralmente soldados destacados que serviam à causa de Roma. Os casamentos eram todos fundados no dote, uma vez que Roma era uma sociedade pagã e extremamente materialista  A família que fosse rica em filhas se tornava cliente da outra que tinha mais filhos homens. Isso criava laços de servidão, por força do casamento - e a família rica em filhas era considerada algo acessório que seguia a sorte do principal, a família rica em varões. Como envolvia um grande número de indivíduos, isso gerava um verdadeiro culto doméstico. E quanto mais esse varão servisse à causa romana, mais digno de culto doméstico ele se tornava.

6) À medida que Roma crescia, mais complexa se tornava aquela sociedade - eram povos diferentes, com religiões diferentes e costumes, que por força da conquista e da proteção imperial romana precisavam conviver uns com os outros. A república, por conta da corrupção e dos abusos, gerava o poder de um homem livre sobre outros. Isso precisava ser moderado - e o Império Romano surgiu com base nessa natureza. Pouco depois da formação do Império, Cristo nasceu. E quando o Cristianismo conquistou o Império Romano, toda a cultura republicana romana foi transformada de modo a que ficasse em conformidade com o Todo que vem de Deus.  

Notas sobre cultura, comércio e tecnologia

1) Lugares diferentes possuem ecossistemas diferentes - e cada ecossistema diferente produz recursos diferentes.

2) Seres humanos são seres técnicos - tendem a adaptar o ecossistema às suas circunstâncias de vida, ao seu modo de viver. Seres humanos habitando ecossistemas diferentes tendem a desenvolver diferentes tipos de adaptação ao meio ambiente. 

3) Ainda que duas tribos morem no mesmo ecossistema, o processo de adaptação nunca é igual, uma vez que os indivíduos são diferentes e cada um olha para o mesmo problema de uma maneira diferente - por conta disso, acabam encontrando uma solução diferente para o mesmo problema.

4) Quando tribos se encontram e fazem trocas, as individualidades são compartilhadas - não só a linguagem é desenvolvida como também as soluções são compartihadas.

5) O conceito de tecnologia só pode ser compreendido tanto dentro do conceito de cultura quanto dentro do conceito de técnica - e ele abrange também a questão da troca.

6) Quando uma tribo A adquire um arco e flecha da tribo B, esse arco será comparado com o arco e flecha que a cultura A produzia, se houver um - se ele for melhor do que o outro, aí ocorrerá a engenharia reversa desse B e esse arco B será adaptado àquilo que puder ser encontrado no lugar A, de modo a ser melhor do que o arco B ou tão efetivo quanto ele.

Continuação da reflexão sobre o parentesco agnato

1) Num conceito mais estrito, agnato é todo aquele que é parente por parte de Pai. No Direito Romano, é todo aquele que estava sujeito à autoridade de um pater familias.

2) O conceito de parente agnato se transformou completamente a partir do cruzamento desse conceito romano com a moral cristã. Como o pai de Adão e o pai de Eva são o mesmo Deus criador, o divino Pai eterno, então nós somos parentes por força agnatícia, pois amamos e rejeitamos tudo aquilo tendo por Deus fundamento. Como Jesus veio a salvar a todos os povos, então o conceito se tornou universal, elástico, distribuído. Isso formou não só uma nobreza, como também a democratizou, de modo a imitar aquilo que decorre da excelência, fundada no mais alto dos céus.

3) Através de Nossa Senhora - que gerou um segundo Adão - e São José, seu castíssimo esposo, esse parentesco agnato se aperfeiçoou em um novo parentesco cognato, tendo por modelo à Sagrada Família Cristã, dando às mulheres um papel que antes não tinham, na vida em sociedade.  Na Idade Média, a mulher tinha uma liberdade sem precedentes - e isso se perdeu a partir do renascimento do Direito Romano e da autoridade do pater famílias, base para o neopaganismo.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 27 de maio de 2016 (data da postagem original).

Notas sobre o parentesco agnato

1) Em latim, "agnus" quer dizer "cordeiro".

2) Agnato é tudo aquilo que é próprio do cordeiro. E o cordeiro definitivo é Cristo, pois na cruz Ele pagou pelos nossos pecados.

3) Parentesco agnato é, pois, a grande família de batizados. Embora não tenhamos laços de sangue (parentesco cognato), o amor ao irmão, fundado em Cristo, gera um novo homem e uma nova mulher, a ponto de gerar uma nova família.

4) Como escravos foram batizados e puderam se casar, então estes puderam legar bens aos seus filhos.

5) Como nobres foram batizados, estes podiam se casar com gente de condição inferior (casamento morganático) sem perder aquilo que decorria do título de nobreza. Com isso, o escravo, por força do casamento, era considerado livre.

6) O conceito de abolição de família, fundado na mentalidade revolucionária, se dá por escalas. Primeiro, ocorre a abolição da família agnatícia, coisa que se deu com o protestantismo, que não crê em fraternidade universal. Como o protestantismo preparou o caminho para o libertarismo, o qual, por sua vez, preparou o caminho para o totalitarismo (comunismo), o próximo passo foi acabar com a família cognata, através do amor livre, sem compromisso. 

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 27 de março de 2016 (data da postagem original).

A indiferença é fruto do casamento entre o igualitarismo e a impessoalidade

1) Se a impessoalidade foi consagrada como princípio, então a indiferença, uma das conseqüências diretas da cultura de negação da fraternidade universal em Cristo Jesus, foi tornada a ordem do dia.

2) Se o libertarismo preparou o caminho para o totalitarismo, então o hábito de se atacar constantemente a autoridade da Igreja Católica e promover mentiras contra ela como se algo verdadeiro partiu do protestantismo e preparou o caminho para o libertarismo. E eles usaram a imprensa, recém-inventada, para isso - por conta disso, inventaram a propaganda.

3) É no protestantismo que vemos a promoção da riqueza, do amor pelo dinheiro, como sinal de predestinação, de salvação eterna. E é isto que promove o capitalismo, o amor pela acumulação de capital em si mesma - como isso promove a eficiência como se fosse uma segunda religião, então o mundo é reduzido a um verdadeiro mecanicismo, criando uma solidariedade mecânica, forçada. E isso é arbítrio, pois promove o totalitarismo.

4) Não é à toa que Calvino estabeleceu uma verdadeira ditadura na Suíça - e os príncipes protestantes praticaram um absolutismo de fato  e de direito, fundando igrejas nacionais em que o rei é o corpo temporal e místico da nação, fazendo com que o país fosse tomado como se fosse religião, coisa que promove o totalitarismo. Por isso, o anglicanismo, que é protestantismo, prepara o caminho para o totalitarismo.

5) Também é verdade sabida que quem elegeu Hitler foram os protestantes. Lutero era hostil aos judeus - ele advogava a solução final, coisa que Hitler efetivou, ao matar seis milhões deles.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 27 de março de 2016 (data da postagem original).