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sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Sobre a questão da enfiteuse e o caso de Petrópolis

1) No tempo dos patriarcas, as terras deles eram também de todo o povo. Pois o patriarca era o pater familias, o pai dos pais - o primeiro senador, se fosse lúcido. Era natural que houvesse um patrimonialismo, em que a terra do pai fosse, por herança, de todos - e que os bens dos filhos fossem também bens dos pais, pois acessório segue a sorte do principal. Era muito comum dispor sobre herança de pessoa viva - a tal ponto que o pai tinha poder de vida e de morte sobre os filhos.

2) Quando surgiu a república romana, que se baseava no ideal de que ninguém podia exercer poder de vida e de morte sobre outra pessoa do mesmo sangue, surgiu a distinção entre bens públicos - bens esses que pertencem a todo o povo romano - e bens privados, bens particulares do pater familias, que por sua vez, eram diferentes dos bens dos filhos, que passavam a ter economia própria, por conta da vida castrense, já que a atividade mercantil era considerada marginal, naqueles tempos.

3) Como o Império é a evolução da república (é a república com um poder moderador, que a protege da corrupção e dos abusos dos pretores), natural que se estabelecesse de vez a distinção entre o patrimônio do imperador e o patrimônio do Estado.

4) Como houve um tempo em que a riqueza da nação se media pela riqueza do Imperador, era natural que ele, de modo a desenvolver uma extensa área desocupada de sua propriedade, fizesse concessões a arrendatários, de modo a que as terras fossem desenvolvidas, na forma de domínios úteis - e esses domínios úteis, por sua vez, eram cedidos a outras pessoas; com o passar do tempo e da especialização econômica, ali nascia uma cidade imperial, uma província imperial. Por conta disso, o imperador recebia laudêmios nos terrenos de sua propriedade privada, verdadeiros latifúndios. A idéia se estendeu para o Estado, na forma de terrenos de marinha, pois o comércio pelo mar necessitava da proteção da marinha e do fomento à marinha mercantil. O nome desse instituto colonizador e civilizador era chamado enfiteuse.

5) O laudêmio percebido nas terras privadas do imperador era privado e não público - por essa razão, o prêmio que lhe era devido era de direito privado, um direito pessoal e real. Não era tributo, pois havia a clara distinção entre bens públicos e bens privados. Como gerações ficavam nessa terra, o laudêmio pago se tornava costumeiro, pois a relação jurídica era permanente, uma vez que a propriedade é perpétua.

6) O caso de Petrópolis se enquadra em um laudêmio que é pago por conta de uma enfiteuse antiga - a cidade se desenvolveu por conta do arrendamento que a Família Imperial fez de suas terras a colonos alemães, de modo a povoar a região, de modo a que essa parceria fosse um modelo de se fazer tomar o país como se fosse um lar. Como a Família Imperial é o modelo pelo qual se toma o país como se fosse um lar, então Petrópolis é a cidade-modelo dessa referência, pois o acessório segue a sorte do principal.

7) Com a república, essa referência se perdeu. E a cidade foi começando a sentir os efeitos da propaganda republicana, que lançava a mentira de que "a monarquia era atraso" como se fosse verdade. A tal ponto que estão confundindo laudêmio com a figura do imposto, por conta da falta de educação sistemática e proposital que os sucessivos governos republicanos foram promovendo na região, pois fomentar ignorância é fomentar poder absoluto, assim como poder de vida e de morte sobre todos.

8) Isso sem contar que o Código Civil atual aboliu o instituto da enfiteuse, das concessões privadas sistemáticas, de modo a que se fizesse abolir a noção de nacionidade gerada pelo instituto da enfiteuse - como esse Código tem a marca do governo Lula, nele está a sutil alegação, falaciosa, de que latifúndio gera subdesenvolvimento. O fim do instituto acabou gerando uma economia impessoal e fundada em relações temporárias e voltadas para o dinheiro - como isso é contrário às tendências da ordem social argentária, da especulação imobiliária, muitos advogam o fim da enfiteuse, de modo a que Petrópolis possa progredir economicamente. Eis os efeitos perversos da República. Eis o ponto onde liberais e comunistas se associam, por serem "progressistas" e revolucionários.

9) Mais do que uma guerra política, existe uma guerra cultural - e Petrópolis é o estudo de caso desse problema.

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Lições da geopolítica nacionista

1) Se, tal como foi na República Velha, governar é povoar - abrir escolas, estradas, hospitais e prestar serviços públicos essenciais -, então conquistar é libertar as pessoas de tudo aquilo que leva a que um determinado país seja tomado como se fosse religião de Estado, pois povoar implica tomar o país como se fosse um lar, em Cristo.

2) E um governo perfeito implica dizer que o trono está sempre em aliança permanente com o altar, de modo a que tudo esteja em conformidade com o Todo que vem de Deus.

Considerações sobre a geopolítica nacionista

1) Nenhuma geopolítica será válida se o componente do território, as pessoas que vão ocupá-lo, também não for pensado de modo que tudo fique em conformidade com o Todo que vem de Deus. 

2) A geopolítica, para ser ciência, precisa ser conforme o Todo que vem de Deus, e fundada no sentido de se tomar o país como se fosse um lar, de modo que a missão que Cristo nos confiou, por força de Ourique, seja facilitada. Sem o componente espiritual, da forma como São João Paulo II nos mostrou, como Papa peregrino que foi, a geopolítica será mera sabedoria humana dissociada da sabedoria divina, pois tudo estará no Estado e nada estará fora dele.

3.1) A geopolítica começa a ser pensada a partir do momento em que pessoas de um país mudam-se de um lugar para um outro, de modo a tomar a nova terra onde vão se instalar como se fosse um lar tanto quanto o seu país de origem com o intuito de criar uma relação complmentar, não de oposição. 
 
3.2.1) A imigração e a emigração de pessoas de um lugar para o outro é um termômetro crucial, pois nisso se mede se o governo é ou não conforme o Todo que vem de Deus. E um governo dessa natureza tem o direito natural de servir a todos aqueles que ocupam um outro território, principalmente quando o povo deste outro território se sente prisioneiro e pede sua ajuda, pois quem manda nele é um tirano maldito, que precisa ser deposto. E você, na qualidade de governante, tem a missão de socorrer estas pessoas nos méritos de Cristo.
 
3.2.2) Por isso, a questão da intervenção se torna uma questão de servir a verdade, tendo por Cristo fundamento, pois esse negócio de não-intervenção é uma grande balela, pois é ilusório pensar que todos são soberanos, a ponto de todos terem sua própria verdade, sem Cristo. Eis aí o porquê de pacifismo ser, na verdade, guerra total, no âmbito cultural e espiritual.
 
José Octavio Dettmann
 
Rio de Janeiro,  20 de agosto de 2015 (data da postagem original).

Como se apropriar de uma tradição importada?

1) Muitos dos brasileiros querem ser conservadores à maneira americana. E muitos deles são cães amestrados dos EUA, pois só conservam o que é conveniente, ainda que isso seja dissociado da verdade. Eles são incapazes de perceber os vícios inerentes da república americana, por conta da formação puritana. O coração deles está muito petrificado, por força da vaidade - e isso é negar a fraternidade universal, a exemplo de tudo aquilo que se funda na tradição puritana.

2) Para que nosso povo seja conservador de verdade, então o principal deve ser convertido primeiro, de modo que o acessório siga a sorte do principal. Isso significa dizer que o processo de purificação deve se dar também no centro criador, os EUA, de modo que o povo brasileiro seja conservador no sentido verdadeiro, como se deu em Ourique. E isso implica levar Ourique e os valores imperiais para os EUA.

4) E faz muito sentido fazer isso: numa época em que se podia votar em qualquer pessoa, Nosso Imperador D. Pedro II obteve 4 mil votos. Se essas regras valessem hoje, então o imperador do Brasil seria eleito, por vontade do povo americano, Presidente dos EUA - e por força disso, essa união pessoal seria estendida aos seus sucessores, por tradição, a tal ponto que seriam anexados ao Império do Brasil, por força de nacionismo.

5) Basta que sejamos um Império e que se restaure nos EUA o sentido da democracia verdadeira, como havia naqueles tempos de D. Pedro II - o direito livre e sincero de votar em alguém que nos leve a tomar o país como se fosse um lar, ainda que esse grande líder não tenha nascido nesse país.

6) Para essa missão, precisamos formar cidadãos americanos formados na consciência de Ourique. Eis aí o sentido de formar diplomatas perfeitos.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 20 de agosto de 2015 (data da postagem original).

Notas sobre o nacionalismo idiomático

1) O português rebuscado, jurídico ou quase-jurídico - exageradamente cultista, parnasiano -, tem sua fundação no fato de que a língua deve ser tomada como se fosse religião, do mesmo modo que a nação em que vivemos.

2) Só por esse viés, eu já posso afirmar que o estilo de escrever de certos escritores é tão condenável quanto o nacionalismo - é um jeito de escrever muito fora da realidade, pois é insincero. Por vaidade, o escritor conserva o que é conveniente e dissociado a verdade - e isso é mais grave do que a mera tradução, a mera conversão de uma língua para a outra, pois o escritor foi um traidor da realidade, posto que a traduziu mal, uma vez que não a expressou em termos que pudessem ser claros e inteligíveis, de modo a que todos que amam e rejeitam as mesmas coisas pudessem compreender.

3) A norma culta de uma língua não pode ser vista como vemos a lei no Direito, pois falar errado não é crime, assim como não é pecado. A norma culta de uma língua é uma lei que se dá na carne, posto que se funda numa tradição de bons escritores que souberam manejar a língua num estilo de dizer bem as coisas, de modo a que verdade ficasse clara, insofismável, de modo a que tudo ficasse em conformidade com o Todo que vem de Deus. Por esse dizer, a norma culta é sinônimo de "o caminho das belas letras e dos bons modos".

4) O positivismo fez tão mal à educação do Brasil que o domínio da norma culta se tornou uma espécie de cassetete ou porrete, feito para se espancar todos aqueles que falam errado.

5) Eu já lidei com esse zé povinho que fica ralhando as pessoas, só porque se colocou a vírgula no lugar errado. Essa gente é tão nefasta quanto os doutores da lei do tempo em que Jesus esteve entre nós, por seu farisaísmo. Essa gente não é nem um pouco inteligente, pois a alma não é conforme o Todo que vem de Deus, pois essa gente está muito presa à gnose, seja protestante ou positivista.

Das três naturezas do discordar

1) Há muita gente que discorda de mim. No entanto, essa gente não é capaz de me expor o motivo determinante pelo qual se discorda de mim.

2) Se eles não são capazes de externar os motivos determinantes pelos quais discordam de mim, então essa gente é incapaz de amar e rejeitar as mesmas coisas tal como eu faço, pois eu faço as coisas tendo por Cristo fundamento. E o que posso sentir por essa gente é pena, pois são vítimas do sistema educacional que molda as coisas de modo a que tomemos o país como se fosse religião, fora da conformidade com o Todo que vem de Deus.

3) Há ainda a possibilidade de não quererem, de maneira conveniente e deliberada, expor as razões pelas quais discordam de mim. Neste caso, temos o que se chama conservantismo por covardia intelectual, algo que tão à esquerda do Pai, no seu grau mais básico. Neste caso, o desprezo é o melhor remédio.

4) Poucos são os casos em que sou discordado, por estar errado pela razão A, B ou C - pois A, B ou C se fundam no fato de que tudo isso é conforme o Todo que vem de Deus. A esses que me corrigem naquilo que é bom e necessário, eu vos ofereço a minha gratidão - pois tudo isso eu recebi de Deus. E escrever pra vocês é meu dízimo, pois eu dou minha melhor parte de modo a que o país seja tomado como se fosse um lar, em Cristo.

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Quem é Lula?

QUEM É LULA? "Eu me invoquei, um monte de serviço pra fazer, dia de sábado, e eu falei, sabe de uma coisa, não vou trabalhar merda nenhuma. O cara (patrão) me deu dinheiro pra eu almoçar, pra fazer hora extra, eu peguei o dinheiro, pus no bolso, disse vai tomar no cu, que eu não vou trabalhar porra nenhuma". - Lula, o metalúrgico, em depoimento ao repórter Mário Morel, em "Anatomia de uma liderança" (Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1989).