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quinta-feira, 2 de abril de 2015

O conservantismo é gnóstico


1) O conceito de religião pede que nos lembremos constantemente das coisas que aconteceram no passado, de modo a estarmos em conformidade com o Todo que vem de Deus. E o Deus verdadeiro é um só.

2) Se nos religarmos a falsos deuses, tudo será falso - e isso nos levará a uma liberdade para o nada.

3) O que é a gnose senão uma conseqüência de muitos anos sob politeísmo? O que é a gnose senão conservar o conveniente, ainda que isso seja dissociado da verdade? 

4) Enfim, conservar o que é conveniente, ainda que dissociado da verdade, é um tipo de gnose. E um dos efeitos disso é tomando fatos sociais como se fossem coisa e sobre essas coisas o cientista social se abstém de fazer juízos de valor. Enfim, isso é uma pseudociência.

Tomar o fato social como coisa é promover o dualismo gnóstico


1) Se tudo têm sua própria verdade, então todas as coisas têm seu próprio Deus. E isso é politeísmo.

2) Se o bem e o mal têm sua própria verdade, então há um Deus do bem e um Deus do Mal. Se nos abstivermos de fazer juízo de valor e tomarmos estes fatos como se fosse coisa, então nós estamos a edificar uma heresia entre nós - enfim será o retorno do dualismo gnóstico, do maniqueísmo.

3) Se os indivíduos, que têm sua própria verdade morrem, então deuses morrem. E se deuses morrem, então a esperança é perdida, pois não há fé no semelhante, muito menos caridade, pois seremos incapazes de tomar o próximo como um espelho de nós mesmos, já que fomos criados à imagem e semelhança do Deus verdadeiro.

4) Eis aí porque o politeísmo é falácia. E o liberalismo leva a um retorno desse politeísmo, desse neopaganismo, pois tudo é tomado como se fosse religião, de modo a nos afastar da conformidade com o Todo que vem de Deus.

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Exemplo de caso que eu conheço: o de minha própria família


1) Quando um núcleo começa a se desgarrar e a se afastar da unidade, a tragédia chama a tragédia, gerando uma desunião sistemática. É um processo de descapitalização moral.

2)  Eu comecei a notar isso a partir da minha própria família. Na geração do meu avô, os demais membros da família começaram a desprezar esse núcleo que ele formou só porque ele foi morar no subúrbio. E o restante ficou mostrando pose e afetação, conservando por conveniência, ainda que dissociado da verdade, um certo status social, que se revelou falso, agravado ainda mais pelo fato de esses demais núcleos não buscarem estudar e cultivar a almas das futuras gerações de membros da família, dado que esses status disponível já bastava, por conta de vaidade. Enfim, esse comportamento não é conforme o Todo e colabora com o processo revolucionário.

3) Enfim, esse comportamento de pose e afetação necrosou todo um tecido social, em grande extensão - se eu tomar minha família como uma amostra, esse processo se repete pelo país inteiro e sistematicamente, ao longo das outras famílias.

4) Por volta dos anos 50, quando surgiram as modernidades, esse processo foi se agravando. De um núcleo afastado, nasceram outros núcleos afastados. E isso gera entropia, perda do conhecimento da história familiar, pois as novas gerações crescerão sem ouvir falar dos ramos necrosados e afetados pela pose e afetação, favorecendo a uma cultura de impessoalidade.

5) Eu, por exemplo, sei muito da História do Brasil e nada sobre a Historia de minha própria família, por conta dessas circunstâncias.

6) A única solução é a tomada de consciência e começar a resolver o problema a partir da geração consciente - ou seja, o núcleo que será formado por mim deverá ser formado em parceria com uma mulher com sólida formação católica, de modo a que eu tenha filhos virtuosos e que se casarão com mulheres virtuosas e me gerar netos virtuosos, pois a parte inconsciente está necrosada - e só a sincera conversão em Cristo pode devolver a vida a esse tecido social necrosado e corrompido.

7) Eis aí o drama espiritual em que me encontrava, quando comecei a meditar sobre esse problema. Nesta sociedade cada vez mais competitiva, as interconexões se tornaram cada vez mais importantes, para se fazer frente ao drama da impessoalidade - e a unidade familiar se torna crucial, pois ela te protege e te põe num rumo.

8) Enfim, hoje passei por um violento processo de maiêutica (parto da alma).

A circunstância brasileira favorece a destruição da instituição familiar


1.1) Uma vez que Deus deixa de ser a causa de conformidade com o Todo, indivíduos começam a ter relações de dominação para com o seu semelhante - e conflitos de interesse qualificados pela pretensão resistida começam a surgir sistematicamente. 

1.2) O âmbito familiar foi o mais afetado com todas essas legislações decorrentes da falta da aliança entre o altar e o trono entre nós, causa da perversão das leis. Para dizer a verdade, a família, a instituição familiar, é a primeira vítima de tudo aquilo que decorre da cultura de se tomar o país como se fosse religião, onde tudo está no Estado e nada pode estar fora dele.

2) No caso brasileiro, a cultura de pose e afetação colaborou ainda mais para que se acirrasse o processo de abolição da instituição. A tal ponto que a nossa sociedade é uma das que mais sofre com o drama da impessoalidade, que despreza a formação do indivíduo e o papel que ele pode desempenhar na sociedade, através da vocação.

Sobre a falácia que é o "Novo" Direito de Família (Direito das Famílias)


1) Se o núcleo familiar tem a sua própria verdade, ele se reduz a um ídolo.

2) Se o núcleo familiar é ídolo, o amor é livre e longe da conformidade com o Todo que vem de Deus. Logo, núcleos familiares surgem a partir de conceitos desordenados, fora da conformidade com o Todo que vem de Deus. E as famílias desestruturadas começam a proliferar.

3) E isso vai sendo tomado como se fosse coisa, a ponto de haver a justificação de um "Direito das Famílias". 

4) Enfim, o "Direito das Famílias" é justificação jurídico-sociológica do projeto de abolir a família como a base da sociedade. É o Estado tomado como se fosse religião por excelência.

Tomar o fato social como coisa não é descrever, mas justificar


1) Quando se toma o fato social como se fosse coisa, você estará deixando de descrever a coisa, pois o descrever pressupõe que você diga as coisas tendo por base um ouvinte onisciente, que conhece você e sabe que você, para dizer a verdade, precisa estar em conformidade com o todo que vem de Deus. O que é a autobiografia de Santo Agostinho senão uma descrição de si mesmo perante Deus, de modo a estar conformidade o Todo? E ao você descrever a si próprio perante Deus, você confessa seus pecados, pois Jesus Cristo é o caminho, a verdade e a vida - e Ele é o ouvinte onisciente, no confessionário, pois Jesus é Deus entre nós.

2) Se esse ouvinte onisciente estiver ausente da descrição, você não estará descrevendo, mas justificando a coisa de modo a que ela seja conservada, ainda que ela esteja dissociada da verdade.

3) Enfim, a sociologia, desde o positivismo, não é descrição - ela é justificação, pois você está tomando fatos sociais como se fossem coisa - e como essas coisas têm suas próprias verdades, você não pode fazer juízo de valor sobre isso.

4) Se essas coisas têm sua própria verdade e não se pode fazer juízos de valor sobre isso, você simplesmente está a promover ídolos. E um ídolo é qualquer coisa tomada como se fosse religião, de modo a nos afastar da conformidade com o Todo que vem de Deus.

A abolição da família nasce de um falso conceito de família

1) Dizem que família é aquela que se encontra no mesmo teto - trata-se de verdade sociológica, fundada a partir do fato social tomado como se fosse coisa, como se tivesse sua própria verdade.

2) Essas verdades sociológicas não são fundadas na conformidade com o todo que vem de Deus. Pois elas negam os conceitos de nação e de comunidade - coisas ampliadas, que vão além do conceito de teto e que nos levam à noção de vizinhança e de comunidade.

3) Não se pode confundir família (todo) com núcleo familiar (parte). O núcleo familiar é composto de pai, mãe e filhos morando no mesmo teto; a família, por sua vez, também inclui tios, primos, cunhados, sobrinhos, netos, afilhados, padrinhos e madrinhas. Os bens são reciprocamente considerados, de modo a que o acessório siga a sorte do principal - tudo deve estar em conformidade com o Todo que vem de Deus, pois a Igreja que se faz dentro de casa nasce de uma comunidade doméstica que dialoga com todas as outras até formar uma vizinhança, uma comunidade, uma nação. Sem isso, não há economia fundada na vida gregária, causa do livre mercado.

4) Se eu tivesse dois filhos crescidos com núcleos familiares estabelecidos, não seriam três famílias, mas uma família com três núcleos estabelecidos, pois a árvore ancestral gerou duas novas árvores. E se novas árvores fossem geradas, nós teríamos uma floresta. 

5) Se esses núcleos familiares dialogassem, oportunidades surgiriam e um senso de comunidade se fortaleceria, dando causa a que um país fosse tomado como se fosse um lar.

6) Confundir o todo com a parte é divinizar a parte. Pois o núcleo familiar foi tomado como se fosse religião, já que Deus e o Todo que ele criou foram excluídos da ordem social.

7) Eis a tragédia dessa falsa sociologia e dessa falsa antropologia, que reduzem a nossa intelecção ante as coisas.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 01º de abril de 2015 (data da postagem original).