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quarta-feira, 26 de abril de 2017

Notas sobre o problema de se recorrer ao amor próprio, quando se pede a cooperação de alguém de modo a comprar os produtos do vendedor

1) No mundo online, está surgindo agora a figura dos vendedores de porta em porta (na rede social, o mural é a porta de casa, a nossa serventia). Alguns deles batem a porta de seu mural sempre querendo te vender alguma coisa.

2) Geralmente, eles sempre recorrem ao amor próprio de modo a que você compre alguma coisa, de modo a que eu ajude a pessoa a sustentar os filhos que ela tem.

3.1) Quando digo não, por não ter interesse nos produtos, a pessoa se sente ofendida - e esta não é a minha intenção. E se a pessoa acompanha meu trabalho online, ela fica me acusando de hipócrita, de não ter Deus no coração, como já me fizeram comigo, quando bloqueei um certo alguém por estar fazendo o jogo do Reinaldo Azevedo, ao acusar a Joice Hasselmann de ser uma comunista enrustida.

3.2) Eis no que dá o problema de se recorrer ao amor próprio: no mundo online, isso acaba se tornando um jogo tão perigoso quanto a baleia azul.

3.3) Nada contra vender milkshake emagrecedor na internet, mas por que razão vem bater na minha porta? Se estivesse atenta, eu não tenho perfil de cliente para esse tipo de produto. Muito menos, os meus contatos.

4.1) Para dizer a verdade, o Brasil precisa no momento é de alta cultura e não de milkshakes emagrecedores. 

4.2) Eu posso não ganhar dinheiro na casa de milhares de reais - como esses vendedores dizem que costumam ganhar, quando cumprem as metas de venda -, mas jamais apelei para o amor próprio quando pedi doações aos meus pares, quando pedi doações aos meus amigos Roberto Smera, Vito Pascaretta ou mesmo o Daniel Gurjão. Quando não podem colaborar comigo, eu não me sinto ofendido.

5.1) Esse negócio de recorrer ao amor próprio de modo a forçar com que eu coopere com o vendedor é uma espécie de humilhação, de rebaixamento da própria dignidade.

5.2) Essas pessoas tendem a não ver o semelhante como um irmão, mas como um inimigo, se ele não comunga desse amor próprio. É por isso que não concordo com este tipo de argumento do Adam Smith, no livro A Riqueza das Nações.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 26 de abril de 2017.

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