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terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Notas sobre o medievalismo real e o medievalismo estético (fundado pelo que edifica liberdade voltada para o nada)

1) A Idade Média foi o tempo em que os homens estiveram mais comprometidos em viver a vida fundada na conformidade com o Todo que vem de Deus - e por isso mesmo, foi o período em que uma nova civilização floresceu das Ruínas do Império Romano.

2) A vida é feudal se vivida nessa realidade espiritual. Ela não é um romantismo, pois o homem não vive só de pão, mas também de toda a palavra de Deus.

3) Uma das marcas do romantismo enquanto gênero literário é a tendência a idealizar uma Idade Média de modo a fomentar o nacionalismo fundado no fato de se tomar o país como se fosse religião, em que tudo está no Estado e nada poderá fora dele ou contra ele. É o que vemos, por exemplo, em El Cid. Esse medievalismo estético edifica liberdade para o nada.

4) No Brasil, como não houve Idade Média, o índio foi vigário de cavaleiro cristão medieval - e o medievalismo se transformou em primitivismo. E isso foi um prato cheio para os historiadores comunistas, que viram na antropologia dos povos mais primitivos a forma de idealizar um comunismo primitivo.

5) Como o índio se tornou símbolo de Brasil, de país tomado como se fosse religião, isso acabou edificando liberdade para o nada.

6) A liberdade dos modernos é muito diferente da liberdade dos antigos, da qual a Idade Média é desdobramento. É liberdade fora da liberdade em Cristo, o que significa liberdade voltada para o nada - o que é uma prisão psicológica, um atavismo. Como o idealismo do romântico leva à deturpação, à fuga da realidade e das tensões espirituais marcadas num mundo extremamente revolucionário, corruptor por natureza, então isso é tudo culpa da liberdade voltada para o nada, enquanto modelo cultural.

7) É desse modelo cultural que vem o modelo político e o modelo econômico. Por isso a economia capitalista, fundada no fato de que todo mundo tem a verdade que quiser, acaba sendo mais uma fonte de conflitos do que uma fonte de acordos, pois parte do pressuposto de que o homem é o lobo do próprio homem - um animal solitário e não um animal social e político, tal como Aristóteles disse.

8) Quando criticam a ordem econômica e social proposta pela Igreja Católica, eles acabam confundindo medievalismo estético com a própria realidade. Como já disse, o mundo é feudal - e não é isso que eles imaginam.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 7 de fevereiro de 2017.

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