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quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Notas sobre o Laissez-faire

1) Se olharmos para a realidade, para aquilo que é conforme o Todo que vem de Deus, o laissez-faire é deixar fazer o que se deseja, desde que isto não seja ilícito aos olhos de Deus - se a pessoa toma os riscos do negócio, confessará os pecados em público, pois roupa suja também se lava em público, diante da assembléia paroquial, uma vez que você estará vendo em cada membro da comunidade a figura de Cristo, que se faz às vezes de consumidor dos seus serviços. Afinal, a verdadeira liberdade decorre da cultura de se amar a Deus sobre todas as coisas, uma vez que Cristo é a verdade em pessoa.

2) Em tempos de negação à fraternidade universal, a lei natural foi progressivamente substituída pela lei positiva, fundada em sabedoria humana dissociada da divina. E o que era ilícito, por ser ofensivo a Deus, passou a ser legalizado. Logo, quando se converte o liberalismo em libertarismo, nós temos uma ilusão de laissez-faire -  uma verdadeira perversão, a ponto de se conservar o que é conveniente e dissociado dessa verdade.

3) Como no verdadeiro laissez-faire a pessoa deve confessar seus pecados em público, já que toma a todos os clientes como irmãos e irmãs, numa ordem em que a fraternidade universal é negada surge a figura da dignidade da pessoa humana. A pessoa pode ser um verdadeiro demônio, mas tem o direito de não produzir prova contra si própria, já que está desobrigada de confessar seus pecados em público, a não ser que seja condenada a reparar o dano, a indenizar o cliente. Isso aí decorre deste fundamento da ética protestante: se você peca forte, você deve crer forte em si mesmo - e isso é realmente hipócrita. Não é à toa que puritanismo é uma hipocrisia completa. Num mundo onde o confessionário foi abolido, a neurose, a fofoca e o fingimento histérico tornam-se a ordem do dia.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro 12 de outubro de 2016.

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