Pesquisar este blog

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Fundamentos da investigação filosófica

''Eu não sou especialista na obra de Eric Voegelin. A única filosofia na qual eu sou especialista é a minha própria. Eu nunca me dediquei a ser um expositor fidedigno da filosofia de ninguém. Eu posso ter escrito uma ou outra coisa a respeito, mas eu nunca fiz uma exposição sistemática da filosofia de ninguém. Por quê? Porque não há tempo. Eu estou lidando com os meus próprios problemas para os quais não há vasta bibliografia. (…) No entanto, é claro que existem algumas filosofias que me ajudam a resolver os meus problemas. Mas eu não estou interessado na filosofia de Eric Voegelin ou de Aristóteles, mas nos problemas em si mesmos. E isso é uma sorte, porque me preserva do academicismo. Se você diz que quer estudar a filosofia de Eric Voegelin, eu te pergunto: Por quê? Qual o motivo? Por que simplesmente faz parte do currículo e por que ele é um homem importante? Ou por que ele pode te ajudar a resolver algum problema que você precisa desesperadamente resolver?

A força da investigação filosófica vem da sua raiz existencial. Até que ponto você está interessado num problema e por que você se interessa por ele? A resposta deve ser a seguinte: 'Eu preciso solucionar esse problema porque, caso contrário, eu ficarei louco! Ele é um problema sério, humano, um problema meu!' Então, se a investigação não está partindo dessa raiz existencial, ela será de segunda mão; não estará partindo de um interesse sério, mas de interesses meramente acadêmicos, como o brilho profissional e editorial. Não que escrever livros seja algo ruim. Mas buscar o conhecimento é muito mais importante do que escrever livros''. (Olavo de Carvalho – Introdução à filosofia de Eric Voegelin)

Comentários:

1) Quando decidi estudar Borneman, eu senti a mesma coisa: queria compreender por que devemos tomar o nosso país como se fosse um lar em Cristo e não como se fosse religião de Estado totalitário. O fato de ele ser considerado um autor secundário é irrelevante - o que me interessou é o subsídio que ele poderia me proporcionar de modo a resolver esse problema.

2) Compreender a razão pela qual devo tomar meu país como se fosse um lar em Cristo e não como se fosse religião de Estado desta República totalitária me levou a ser um brasileiro mais consciente e me preparou para entender que o Brasil nasceu em Ourique e não no ano de 1500. Neste dia, compreendi que o descobrimento é, na verdade, desdobramento de uma tradição muito linda, razão pela qual somos o que somos. Servir a Cristo em terras distantes é nosso destino e nossa razão de ser - qualquer coisa divorciada disso nos levará à desgraça.

3) Posso me interessar por outros problemas ao longo da vida, mas este em particular me foi mais urgente para a minha formação, enquanto homem nascido num país cada vez mais vazio de sentido. E me vejo na missão de restaurar essa consciência junto aos que me ouvem. Se isto é causa de santidade, então isto vai me levar à santidade. E trabalharei duro para isso.

4) Quando escrevo meus pensamentos, eu o faço por três motivos:

4.1) O primeiro é que tenho mais ou menos a mesma relação que os poetas portugueses têm com a palavra: uma relação quase física. Eu amo meu idioma como se amasse a minha esposa, se eu fosse casado.

4.2) Como parte da evangelização, escrever é parte do meu trabalho. Tenho necessidade de escrever da mesma forma que eu tenho as minhas necessidades fisiológicas.

4.3) Pela minha experiência, gosto de ter um registro de todas as coisas que meditei, pois as coisas vêm e vão. E escrever é como fotografar um evento. Esse evento é único e não volta nunca mais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário