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sábado, 31 de outubro de 2015

Sobre a natureza da ação humana no plano real e virtual

1) A ação humana virtual distribui a sua presença em vários lugares ao mesmo tempo. Por isso que a lógica econômica tende a ser a da abundância. Isso é bem diferente da ação humana no plano real, em que a presença em um lugar implica a renúncia em estar em outro. Por isso que a economia no plano real depende da escassez, pois nada pode ser criado do zero - além disso, existe um limite para a quantidade, por conta das leis da física.

2) Se o Olavo nos pede que estudemos a realidade, então devemos estudar a ação humana nas duas realidades: física e virtual. Não haverá um dualismo, mas a reunião dos dois tipos de conhecimento de modo a que sirvamos aos nossos irmãos naquilo que é conforme o Todo que vem de Deus. Isso leva a um tipo de teoria de conhecimento em que possamos fazer com que essas duas realidades se completem, de modo a que o Cristo seja servido, tanto aqui quanto lá, ao mesmo tempo e sistematicamente. E ele precisa de um sim consciente, de modo a que seja bem explorado.

Debate Suplementar:

Thomas Dresch:

1) a questão da presença real é um assunto delicado, pois o espaço e o tempo são sensações de consciência.

2) Uma evidência disso foi o Padre Pio ou a Virgem Maria estarem em lugares diferentes ao mesmo tempo - não que sejam onipresentes, mas eles têm a capacidade de alastrar a própria presença. A mesma coisa acontece com o tempo - neste caso, trata-se de uma situação mais comum, porque o tempo adquire diferentes ordens de grandeza na nossa consciência, sendo, portanto, expansível.

3) Essa questão a respeito do espaço e o do tempo serem sensações de consciência, isso é coisa minha. Eu preciso desenvolver melhor o assunto - o fato é que o problema realmente existe, como ocorre num dèja vu, em que de alguma forma acabemos sabendo sobre o futuro antes mesmo de acontecer. Isso faz com que se acabe com toda a noção de mecânica, de tempo.

4) Eu convido a fazer a experiência. É só fechar os olhos - comece a meditar sobre o espaço da sua casa, do seu bairro, da sua cidade; o que ocorrerá é só um borrão, pois está misturado e fundido numa coisa só. A mesma coisa ocorre com o Tempo.

José Octavio Dettmann:

1) A onipresença leva necessariamente a uma onisciência.

2) O fato de a ação humana no âmbito virtual distribuir a minha presença em vários lugares, no momento em que ocorre esta circunstância, isso não quer dizer necessariamente que eu possa saber de tudo. Até porque isso nos foi negado por Deus.

3) Quando A me responde ao que eu falo, eu não posso necessariamente dar a mesma qualidade de atenção a B - da mesma forma como dou para A, admitindo que haja duas conversas diferentes.

4) O que eu sei é que, quando eu digo algo verdadeiro, a minha presença, mesmo distante, ela se torna real, por conta do fato de falar as coisas em conformidade com o Todo que vem de Deus. Isso não quer dizer necessariamente que eu me tornei um Deus.

5) Quando a pessoa se declara arrogantemente ser um Deus, ela escolhe algo sabidamente errado, pois sua mente e seu estado de espírito estão nas camadas mais baixas da personalidade - por isso que essas almas estão muito retardatárias, com relação à compreensão da dimensão do problema que estamos estudando, pois uma mente nobre não arroga aquilo que não é da sua competência, por força de Lei Natural

6) Pelo menos, é como venho observando. Mas estou de acordo com você - a questão é delicada e pede muita reflexão a respeito. Eu percebi essas coisas quando combinei nacionismo, distrbutivismo e o efeito da ação humana na rede social e o processo como reunimos todas essas informações dispersas pelo mundo em um único sistema - no caso, nós, como indivíduos. E foi aí que me deparei com essa questão.

Thomas Dresch:

1) Só Deus enxerga as coisas perfeitamente bem, pois ele tem onipresença, onipotência e onisciência. O que podemos fazer é expandir o borrão - e mais nada.

2) Os santos conseguiram expandir muito as coisas, além do normal - a ponto de terem visões nítidas sobre o futuro. Isso tudo é expansão da consciência - existem técnicas para isso, dentro da própria Igreja. Veja o caso de Santo Antão, ele se enfiou numa caverna e nela enxergou a Santíssima Trindade.

3) Além disso, outros povos e outras culturas também conhecem tais técnicas.

José Octavio Dettmann:

1) Se meditação é um processo de expansão da consciência, então muita coisa que escrevo, tal como isso que falei agora, deriva do processo de meditação. A impressão é que a mente, quando está em conformidade com o Todo que vem de Deus, parece querer ter vontade própria, a ponto de querer registrar tudo por escrito o que viu, pois isso que vejo por meditação decorre do fato de se estar em conformidade com o Todo que vem de Deus - e isso, num primeiro momento, parece ser muito estranho, embora não me seja perturbador. E eu só consigo escrever as coisas somente com a intercessão do Santo Espírito de Deus - e é assim que consigo descrever as coisas com precisão e clareza. E a tendência é a meditação progredir por meio de aproximações sucessivas, criando um poderosíssimo efeito de capitalização moral, em que a sabedoria chama mais sabedoria.

2) Posso, volta e meia, usar um livro ou outro como referência. Mas sinto que jamais serei capaz de fazer aquilo que o Olavo faz, que é ler 80 livros por ano. Mal dou conta de um, pois a meditação compensa e supera todo o quantitativo de páginas que deixei de ler.

Thomas Dresch: É por isso que a oração e ascese são muito importantes. Veja o caso das moradas, de Santa Teresa D'Ávila. Tudo isso é um Manual, pois Cristo quer que nos aproximemos dele e que vivamos a vida em conformidade com o Todo que vem de Deus. E este caminho está aberto a todos, pois o Evangelho exoterizou a verdade.

José Octavio Dettmann: Ao contrário do que eu faço, muitos lêem e só repetem o que foi dito, sem ter a perspectiva crítica do que lêem. E abraçam isso como se fosse uma segunda religião. Muitos abraçam o pensamento anglo-americano dessa forma, mas não percebem a nossa realidade, por conta do que houve Ourique. E isso explica porque eu tenho uma linha de conservadorismo diferente das demais, pois ela dá conta da nossa realidade melhor do que essas doutrinas importadas. Elas não percebem que o conservadorismo é mais do que uma doutrina política de moda - é algo tão sério que merece ser estudado por pessoas especiais, capazes de dizer sim àquilo que é conforme o Todo que vem de Deus. E que essas pessoas o próprio Deus escolhe, através da vocação intelectual, que é um sacerdócio complementar ao sacerdócio praticado na paróquia.

Thomas Dresch: É verdade. Esse dogmatismo dos conservantistas é mesmo insuportável. Outro dia eu tive um debate sobre o simbolismo - e o meu interlocutor era um aluno do Gugu, filho do Olavo. Ele disse que Sansão era o símbolo da força - se isso fosse verdade, esse símbolo deveria se comportar do mesmo modo, não importando qual fosse a situação, com o passar do tempo. A maior prova disso é que Sansão mostrou fraqueza, diante de Dalila. Meu interlocutor ficou puto comigo, dizendo que isso era um erro primário meu - ele dizia essas coisas porque tomou como tábula rasa tudo o que foi ensinado pelo Gugu. Ele me chamou de ignorante, só porque rejeitei a doutrina ensinada - isso mostra como os conservantistas têm uma relação muito estreita com os fariseus, com os antigos mestres da lei. Eles fazem uma leitura muito hermética do dogma, a ponto de se fecharem para a realidade - por isso que são pessoas doutrinadas e não sábias, fecundas.

José Octavio Dettmann:

1) Elas não percebem as nuances da realidade, fundadas na eternidade. Elas não percebem que a força de um símbolo está na sua constância - essa força se mantém a mesma, não importa qual seja a circunstância. Essa força é constante porque é verdadeira, pois é conforme o Todo que vem de Deus.

2) O maior exemplo disso é a doutrina da Santa Igreja de Deus. A doutrina da Igreja se mantém a mesma há mais de 2 mil anos. Ela só se expande quando algo novo surge por conta do tempo. Por isso que há o desenvolvimento do dogma, pois há um relato na própria Bíblia que fala que há coisas que, naquele tempo, não puderam ser ditas porque não estávamos prontos, de modo a viver a vida na conformidade com o Todo que vem de Deus.

Thomas Dresch: Exatamente! As únicas pessoas que podem ser tomadas como símbolos são as pessoas ideais - como a Virgem Maria, que é símbolo de mãe - e Adão e Eva, símbolos do Pecado. Essas pessoas estão tão presas ao filosofismo que acabam se tornando católicas nominais, a ponto de fazerem coisas estranhas ao catolicismo.

José Octavio Dettmann: Por isso que estão à esquerda do Pai, no seu grau mais básico - e quando digo isso, vira motivo de escândalo. Desnecessário dizer que tenho pouca gente adicionada ao meu perfil.

Thomas Dresch: eu vivo dizendo que o mundo visível é apenas um reflexo da ordem transcendental, que é a Suma Realidade. Sócrates sempre pensava as coisas em conformidade com o Todo que vem de Deus - como ele não conheceu Jesus, ele praticou um conservantismo sensato, que se tornou conservador quando o Evangelizador por excelência esteve entre nós e confirmou tudo o que foi dito antes. Mas hoje em dia, os conservantistas querem é tomar a imanência como se fosse a realidade, a ponto de negar a transcendência. É por isso que um amigo meu está se separando da Igreja, por conta de todo esse filosofismo, que se tornou uma moda.

Facebook, 31 de outubro de 2015 (data da postagem original).

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