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sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Notas sobre a economia servil

1) Quando você está povoando uma terra  distante e empreendendo nela nos méritos de Cristo de modo que outros possam tomar esta terra como se fosse um lar em Cristo, muitas pessoas que amam e rejeitam as mesmas coisas que você, tendo por Cristo fundamento, desejam colaborar contigo neste seu projeto, mas elas não possuem dinheiro para pagar a viagem até a terra onde você abriu uma frente de trabalho, em nome do Rei de Portugal e da Ordem de Cristo, de modo a civilizar uma região inteira.

2) Por caridade, você paga a viagem - e em troca, a pessoa serve a você por um determinado período de tempo - geralmente por 7 anos, que era o que acontecia na Terra Santa. Durante o período da servidão, o servo passa a ser parte da sua família e você deve tratá-lo como se ele fosse parte da sua família. Após esse período, a pessoa recebe um prêmio por conta do serviço prestado, como terras e dinheiro, de modo que possa abrir seu próprio negócio.

3) Quando você dá um emprego a alguém por caridade, você está chamando essa pessoa a ser parte da sua família, como um servo. Trata-se de parentesco agnatício. Por isso, você deve tratá-la como se fosse parte da família até o dia em que a servidão terminar. Nesse dia, a pessoa recebe uma recompensa pelos serviços prestados, como terras ou dinheiro - ou no caso de Jacó, o direito de casar com uma de suas filhas.

4) A rigor, a economia servil não é ruim - ela tem mais cunho personalista do que a economia fundada no amor ao dinheiro, fundada no libertarismo. Para se combater a impessoalidade, é preciso agir de maneira personalista - é preciso ser santo e servente.

5.1) A servidão é, pois, uma dação em pagamento que cria uma relação jurídica. Até porque quando eu pago por algo de uma maneira diversa que o dinheiro eu estou necessariamente me envolvendo no serviço que ele presta, pois, inicialmente, eu me torno seu servo e depois me torno seu sócio. A ordem que veda a dação em pagamento cria conflito de interesses - e no final, tudo passa a ser regulado, seja pelo judiciário, seja pelo legislativo e executivo. É a negação da fraternidade universal.

5.2) O libertarismo, por conta do amor ao dinheiro, nega a possibilidade de se pagar por um serviço prestado de uma maneira diferente que não o dinheiro, caso a pessoa não disponha de dinheiro pra pagar. Ela nega todo um universo de possibilidade acordos que podem decorrer por conta do amor.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 30 de outubro de 2015 (data da postagem original).

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