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terça-feira, 28 de outubro de 2014

O capitalismo nasce da verticalização, da proletarização e da impessoalidade

1) O melhor indício para se tomar o ambiente de trabalho como um lar, como um exercício de modo a realizar um chamado da alma, se dá na forma da remuneração. A remuneração deve ser liberal.

2) Liberal aqui deve ser entendido no sentido medieval do termo, pois o ambiente  de trabalho é corporação de ofício. Se você contratou alguém, é porque essa pessoa tem um bom caráter e é capaz de fazer as coisas para você, já que você é um bom patrão. Se ele trabalha bem, ele merece ser bem pago - e o salário deve levar não só a perfeição técnica do trabalho desempenhado, como também as necessidades dele, enquanto pai de família.

3) Quando a remuneração do trabalho se dá de forma livre, há mais lealdade e mais horizontalidade nas relações de trabalho. Empregado e patrão tornam-se sócios e cooperam juntos, de tal modo em que capital e trabalho passam a ditar o rumo sob o qual o país será tomado como um lar, em Cristo. É da concórdia das classes, da harmonia de interesses, que nasce a liberdade no âmbito trabalhista. E isso edifica ordem pública.

4) Quando se perde a noção da pessoalidade, fundamento para a livre prestação do serviço, então o contrato deixa de ser acordado e torna-se um termo de adesão. Não se pode nem falar em contrato, pois não houve liberdade para se discutir as cláusulas. Enfim, o capitalismo é por essência crise contratual permanente, cultura da falta de lealdade.

5) O pragmatismo jurídico e o pragmatismo econômico simplificam as formas, de tal modo a que se mate a livre vontade.

5.1) Os  contratos de uma economia empresa empresarial são feitos e geridos em grande quantidade, a tal ponto que se necessita de um departamento de recursos humanos para se intermediar a obtenção de mão-de-obra. E é dentro dessa lógica de massa que são feitos os contratos, criando um efeito vertical, quase semelhante ao de uma imposição de uma lei, feita tal de modo a criar um constrangimento fora da conformidade com o todo: ou se sujeita a isso ou não terá o que comer. E o trabalhador é aviltado em sua dignidade humana e o preço do seu trabalho é reduzido de tal forma que ele tenha só o mínimo indispensável para sua sobrevivência. Enfim, o trabalho perde o seu real sentido de vocação e passa a ser um martírio e um sofrimento, análogo ao da escravidão.

6) Com o gradual processo de proletarização e do divórcio da aliança do altar com o trono, a esperança sobre os trabalhadores vai se perdendo e muitos se organizam de tal modo a se vingar da opressão. O primeiro método de reação, de revolução, é o luddismo, em que a raiva se descontava apenas nas máquinas.

7) Novas doutrinas nefastas surgiram, atentando contra o mau patrão. E o processo foi-se radicalizando até o ponto em que se tornou um exagero, em que todo e qualquer patrão é visto como um demônio, um representante do inferno na terra, que deveria ser vista como um paraíso. Do mesmo modo, o ódio se estendeu à religião do patrão e de quem professasse a religião do patrão. Enfim, o monstro foi crescendo e crescendo, até atacar de vez os valores da civilização cristã, em todo o planeta.

8) Eis o efeito pérfido que o modernismo implementou ao corromper os valores da remuneração liberal do trabalho.

8.1) Ao verticalizar a relação trabalhista, desumanizou-a, a ponto de ser regulada pelo Estado. E a ideologia da regulação deu causa a que o Estado fosse tomado como se fosse religião, causando apatria.

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