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sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Notas sobre o estágio estético em Kierkegaard


1) Quando o homem se encontra no estágio estético, este vive para as coisas do presente, sem pensar nas coisas que poderão advir no amanhã.

2) Ele busca sempre o prazer, acreditando que o bom é aquilo que decorre do belo e do agradável, fundado no fato de que tudo tem a sua própria verdade. Tal pessoa vive inteiramente no mundo dos sentidos e é extremamente focado na sensualidade e acorda e dorme priorizando os apetites carnais. Interessa-lhe o jogo da sedução - sua existência é uma representação exclusivamente individual, que não considera os limites éticos e as obrigações sociais. 

3) O esteta, além de não saber discernir a diferença entre liberdade e libertinagem, acaba virando joguete de seus próprios prazeres e estados de ânimo - tudo o que lhe aborrece e que não condiz com a sua concepção de moralidade é negativo. 

4) Até mesmo em situação caótica, que causa preocupação e sofrimento, este adota um comportamento de mero observador, dado que responsabilidade e esforço não são o seu forte. Ele buscará um sentido para a sua existência guiado sob a influência do sentidos. 

5) Nesta fase, o indivíduo escolhe viver de aparências - ele vive uma vida de prazeres de maneira sistemática e se transforma num hedonista, buscando o prazer a qualquer custo e a toda hora, sem limites.

6) Para o hedonista, o ser humano precisa sentir prazer imediato - ele não deve se preocupar com o futuro e nem com grandes projetos espirituais que visam à vida eterna, dado que tudo é momento, tudo é circunstância, tudo é passageiro - pois tudo se funda no momento presente. Ele simplesmente busca satisfação imediata, seja com sexo, drogas ou rock'n'roll. 

7) Acredito que a maior parte das pessoas estão estagnadas nesse estágio, pois desprezam o fato de que possuem um cérebro com capacidade para pensar e acabam por adotar um estilo de vida artificial, sem aspirações intelectuais. 

8) Esse estágio também pode ser chamado de "Felicidade Ignorante" (pois há quem diga a seguinte frase: "feliz é o ignorante") - a pessoa tem todos os prazeres, todas as verdades que quiser, mas essas satisfações de curta duração só fazem aumentar o vazio que sentem por dentro. Ao viver dessa forma, o indivíduo não encontra satisfação, pois sua existência passa a ser um círculo vicioso de busca pelo prazer seguido de uma insatisfação profunda. Sendo assim, com o tempo o indivíduo torna-se frustrado, melancólico. 

9) A melancolia é oriunda de uma personalidade focada no imediatismo e desprovida da reflexão ética. Tende a refugiar-se no passado para encontrar satisfação, mas é em vão. Insatisfeito, e sujeito a sentimentos de medo e sensações de vazio e tédio, tende a cair no desespero. É a partir do desespero que o homem pode atingir um outro estágio existencial. 

11) O desespero é algo positivo para Kierkegaard, pois é por intermédio dele que o homem reflete a possibilidade de dar o ''salto'' para um estágio superior.

Flávio Fortini

Facebook, 19 de setembro de 2014.

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