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quarta-feira, 9 de julho de 2014

Talvez mudando o esporte a consciência se restaura

1) O dia em que o futebol for tomado pelo que ele é - um mero passatempo, uma mera distração, em que os pais levam os filhos para se divertir -, eu passarei a cobrir as histórias do futebol. É neste aspecto privado da família que vemos o futebol como parte da pátria - em outras palavras, neste pequeno cosmos é que vemos o país ser tomado como se fosse um lar

2) Enquanto ele for uma paixão nacional, ele dará causa a que o País seja tomado como se fosse religião. E o futebol, pelo que o povo toma, é o instrumento perfeito para políticas de totalitárias, onde o pão e circo é um dos elementos dessa estratégia.

3) Brasileiros são formados em famílias desestruturadas. É uma constante histórica as famílias crescerem sem a referência de um pai. Isso é uma verdade patente entre os que são mestiços. Quem ler o livro Bandeirantes e Pioneiros, de Vianna Moog, saberá do que estou falando.

4) No seio de uma família desestruturada, a paixão e irracionalidade desenfreadas dão causa às neuroses. E o que mais se tem aqui é neurose sistemática. Eu já tive uma namorada que cresceu em lar desestruturado - o comportamento dela era fundado mais na emoção do que na razão. Se a razão não é trabalhada, a má consciência será sistemática e destruirá a pátria, pois é uma força endêmica disseminada entre nós, por conta dos pecados das gerações anteriores que povoaram esta terra. A má consciência da geração anterior é uma herança maldita para as gerações futuras, pois o pecado se tornou projeto de vida e isso se difundiu ao longo da sociedade.

5) Some-se a isso o fato de que o tempo do futebol, ao contrário do tempo do baseball, não permite que se dialogue. O bom do baseball é justamente isso - enquanto há contemplação, pai e filho conversam numa boa, enquanto o jovem se torna homem a partir do ensinamento do pai. Essa conversa é essencial para a própria formação da sociedade americana. É essa conversa, em que o baseball se torna circunstância secundária por alguns momentos, que forma as pessoas na consciência de que se deve conservar o que é bom e necessário, posto que se funda em Cristo Jesus. A paixão desenfreada, ao contrário, conserva o que convém, ainda que dissociado da verdade. Lidar com pessoas que agem mais com a emoção do que com a razão é lidar com barril de pólvora - estas pessoas são muito difíceis de lidar. Elas atuam como se fossem tsunames que tentam inundar e destruir de vez as poucas ilhas de consciência que se formam, assim como o projeto de Deus de continentalizar essas ilhas a longo prazo, mesmo com todas essas circunstâncias nefastas.

6) Talvez trocando a cultura do futebol pela do baseball, a partir da necessidade de se semear consciência, que talvez a gente consiga tomar melhor o país como se fosse um lar - e não como religião de Estado da república, como tem sempre havido. Digo isso por experiência própria - muito do meu trabalho intelectual nasce da contemplação no baseball, em que minha consciência conversa comigo mesmo de modo a poder servir aos meus irmãos naquilo que precisa ser ouvido. A conversa não tem prazo para acabar - ela dura enquanto durar o jogo, que se baseia em eliminações e não em 90 minutos de jogo.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 9 de julho de 2014 (data da postagem original).

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