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terça-feira, 7 de janeiro de 2014

As comunidades eclesiais de base estão sendo relançadas

Retornam as "Comunidades de Classe"?
Germán Mazuelo-Leytón (Tradução livre)

"De 7 a 11 de janeiro, em Juazeiro do Norte, Estado do Ceará, Brasil, se reunirão os delegados as Comunidades Eclesiais de Base de todas as juridições eclesiásticas do país continente. Desde a chegada à Cátedra de Pedro do novo Pontífice Francisco, , as CEBs brasileiras especialmente, encontram-se em processo de "relançamento". Os organizadores prevém a assistência de quatro mil delegados para verificar "um novo pentecostes das CEBs".

Originalmente as CEBs atuaram sob o denominativo de "Igreja do Povo". Posteriormente ao receber a aprovação de múltiplos Bispos, e até a benção de Conferências Episcopais, promovendo-as como "sua principal opção pastoral", estas foram multiplicando-se não somente no Brasil, seu país de origem, mas também em toda a América Latina e outras latitudes.

Dois esclarecedores documentos desvelaram completamente o agir das CEBs, braço operativo da Teologia da Libertação de corte marxista: "As CEBs das quais muito se fala e pouco se conhece" do Prof. Plínio Correa de Oliveira, e a também "muito oportuna publicação pelo episcopado mexicano de um excelente informe sobre a Igreja do Povo", escrito por Frei Boaventura Kloppenburg, OFM, Reitor do Instituto Pastoral do CELAM, documento que "freou a ação subversiva marxista no México", desenvolvida nas vésperas da III Conferência Geral do Episcopado Latinoamericano em Puebla.

O quê era, o quê são e o quê pretendem ser as Comunidades Eclesiais de Base?

Um de seus mais preclaros expoentes, Leonardo Boff, em "Eclesiogêneses" teorizou seu conceito de Igreja partindo da "primitiva participação do povo cristão do poder da Igreja", até chegar à III Conferência Geral do Episcopado em Medellín, tempo em "a Igreja aparecia obviamente como a ideologia religiosa legitimadora da ordem imperante" (pág. 58).

Então "tudo começou a mudar com a aparição das "comunidades de base". À partir de 1960, com efeito, apareceram as condições históricas para uma Igreja que nasça do povo. Frente à uma Igreja de cristandade, encarnada em uma classe hegemônica apareceu uma igreja popular, capaz de integrar-se na sociedade revolucionária, uma igreja libertadora cujas características são totalmente distintas e opostas à primeira".

"Nela são os leigos que tem o poder sagrado, depositado pelo Espírito Santo na comunidade primitiva" (Reflexões em torno à Teologia da Libertação, Pe. Francois Francou, SJ), logo, a "Igreja do Povo" é um repúdio à "Igreja tradicional" como instituição hierárquica e dogmática, que considera um "aburguesamento do Cristianismo". "É a divisão, a mesma divisão da luta de classes; uma é a "Igreja Popular", mas eu como cristão considero que é também a igreja verdadeira, porque a outra apóia os exploradores, trai o Evangelho" (Ernesto Cardenal).

Segundo seus ideólogos, as CEBs nunca pretenderam ser eclesiais; "elas foram batizadas com o nome de Comunidades de Base, expressão inspirada na terminologia marxista, equivalente a soviets" (Dom Miguel Balaguer, Bispo de Tacuarembó, Uruguai); "atualmente tudo é de cima para baixo. Por quê o povo não pode participar na eleição de seus párocos, dos Bispos e do Papa? Por quê o Papa tem que ser escolhido apenas por alguns Cardeais?" (Pe. Joseph Comblin, ideólogo da Teologia da Libertação e promotor das CEBs).

Como prelúdio de Puebla, circulou uma avalanche de aportes oficiais (das Conferências Episcopais), e "aportes à Puebla" não oficiais, nos que predominavam "tendências secularizantes, dessacralizantes, progressistas, modernistas, protestantes e marxistóides".

Não obstante o terremoto endereçador das teses comuno-progressistas, no discurso inaugural de João Paulo II em Puebla, o "Documento Final" de Puebla concluiu com "uma lista de nove sinais de esperança e de alegria da Igreja na América Latina", cujo primeiro lugar ocuparam as "Comunidades Eclesiais de Base em comunhão com seus Pastores". De tal forma que com Puebla, as CEBs adquiriram carta de cidadania eclesial.

Mas foi na sua recente visita ao Brasil em 1980, que João Paulo II foi diretamente enérgico com as politizadas Comunidades Eclesiais de Base:

"É particularmente insistente o risco de intromissão do político. Esta intromissão pode dar-se na própria gênese e formação das Comunidades, que se congregariam não a partir de uma visão de Igreja, mas com critérios e objetivos de ideologia política. Tal intromissão porém, pode dar-se também sob a forma de instrumentalização política de Comunidades que haviam nascido em perspectiva eclesial." (Mensagem aos líderes das CEBs do Brasil)

Em pleno auge das CEBs, a Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, na Instrução "Sobre alguns aspectos da Teologia da Libertação", em 6 de agosto de 1984, sanciona que expressões como "Igreja dos pobres", "Igreja do Povo", "Comunidades populares", chegam a significar "comunidades de classe" (cf. IX, 10).

Joseph Comblin não deixa dúvidas do leitmotiv de suas CEBs:

"No plano original, as CEBs foram concebidas para ser fermento, um fator de transformação social e econômica. Se elas contentam-se só em fazer trabalho paroquial - catecismo para crianças, preparação para a primeira comunhão, para o Batismo, etc. - perdem força. Este tipo de trabalho não cria nenhum problema, não leva à nada. Para isso não é necessário que haja CEBs, que são a expressão socializada e politizada da Igreja."

Iniciado o Terceiro Milênio, as CEBs foram um esteio para a promoção de alguns governos na América Latina. A perspectiva das CEBs na era do Papa Bergoglio, será totalmente eclesial ou sociológica?"

Tradução de Sara Rozante

Artigo original em espanhol: http://adf.ly/bmQ7j

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